Marina saiu da cela completamente desnorteada e assustada. Na sala de revista entregaram seu documento de identificação, quando passou por um dos guardas masculinos, sentiu o olhar de um deles fixo em seus cabelos, segurou os fios assustada.
As histórias de terror sobre presos eram muitas, mas sobre os guardas também, e não queria ficar perto nem dos presidiários, nem dos guardas, mas não poderia fazer essa escolha.
Depois de passar pelos portões altos e horríveis, ela se encostou no automóvel e acabou deixando a bolsa cair.
Se lembrou que lutou bravamente para não sucumbir aos perigos que rondam mulheres desprotegidas, e Fillippo a jogou na cova de um leão. Foi intimada a se juntar com quem não queria.
Ou se sujeitava às ordens de Augusto ou enterrava o irmão, e não deixaria isso acontecer.
Sem forças para dirigir ela se sentou no banco do seu carro.
Mas só conseguiu dirigir quase duas horas depois, todos os outros visitantes tinham ido embora, alguns a olharam com pena, viam uma mulher chorando por amor, mas ela estava era devastada, pois tinha mudado naquela uma hora dentro do presídio. Um presídio, jurou nunca pisar em um lugar como aquele. Sempre recriminava mentalmente todas as mulheres que conhecia e que faziam visitas íntimas, agora ela era mais uma na fila da visita. Parecia que a vida estava lhe cobrando o julgamento que destinou à outras mulheres, e a cobrança veio grande e amarga.
Colocou o carro para andar.
Dirigiu devagar ou se envolveria em um acidente.
Uma hora depois, entrou em casa com rosto banhado em lágrimas, vermelho e o corpo tremendo.
Filippo estava no pequeno sofá que ela comprou em um brechó.
_ Maninha…
_ Não. Nem chegue perto de mim.
Ela correu para o banheiro e vomitou, entrou no chuveiro com roupa, se esqueceu até mesmo de retirar os sapatos. Ficou ali sob a água quente. Minutos depois, o irmão ajudou a se despir.
Augusto tinha ficado com a calcinha e o sutiã dela.
Fillipo a enrolou em uma coberta, ele era o rapaz mais respeitador que conhecia, era certo que fez escolhas erradas, mas em relação ao respeito físico com ela, colocaria a mão no fogo pelo irmão.
_ Venha, maninha. Eu vou cuidar de você. Eu juro que nunca mais pego dinheiro emprestado ou algo que não é meu. Não sabia que esse seria o preço, não sabia
A deitou na cama, quando Marina começou a chorar, ele a abraçou
_ Perdão , maninha, perdão. Está machucada? Augusto machucou você?
Talvez precisasse de um remédio para dor, Filippo sabia que a irmã nunca tinha tido um namorado sério..
Mas ela se recusou a falar qualquer coisa, não sabia o que pensar ou o que dizer. Marina só sentia vontade de chorar.
Os próximos dias foram um borrão. E ela que era uma pessoa ativa, que estava sempre sorrindo, dançando, cuidando da casa, passou a se achar quase uma inútil, e parecia que vivia em uma fase de luto por algo que perdeu, porque foi relapsa e não se protegeu como deveria.
____
Por fim, Marina passou uma semana na cama chorando, perdeu o “trabalho” que fazia, porque não fez um projeto de eletricidade no prazo correto e a sua carteira não era assinada. E só acordou para a realidade quando a companhia de energia elétrica parou de fornecer energia por falta de pagamento.. O irmão aspirava o quarto quando ficaram no escuro.
Felippo reclamou:
_ Drog@!Eu vou sair e dar um jeito nisso.
_ Não. Pelo amor de Deus, não. Se eu tiver que me deixar tocar por mais alguém por sua causa, nunca vou te perdoar, não vai pegar dinheiro de ninguém. E Augusto deixou claro que se eu olhar para o lado você morre Não pode me vender mais Filippo, não pode.
_ Não foi assim… Marina. Eu nunca a venderia.. Só fiz besteira, sinto muito.
_ Eu sei, mas estou magoada e terrivelmente assustada com Augusto.
O celular dela começou a tocar..
O número era estranho, ela atendeu e a voz do outro peguntou:
_ O que houve?
_ Quem é?
_ O seu homem, Marina. Augusto.
_ Por favor! Não agora, eu não estou pronta.Ainda não me recuperei e não chegou o domingo.
Ele fez que não escutou
_ O que aconteceu?
_ Nada.
_ Não minta. Um dos meus homens disse que você tem problemas,
_ Eu…faltei ao emprego, por esse motivo não recebi vale e a minha luz foi cortada. Me mandaram embora do emprego também..
_ Por que faltou toda essa semana? Está doente?
_ Não.
_ O que aconteceu?
Ela fez sinal para o irmão ir para fora, queria conversar com Augusto sem o irmão por perto.
Respirou fundo para responder para o homem horrível do outro lado.
_ Estou nostálgica, e a cadeia me deixou assustada. E o contato íntimo com você me assustou.
_ Me passe o número novo do seu irmão.
_ Não. Prometeu..
_ Eu vou organizar com ele a mudança, aluguei uma casa maior, dois homens meus vão ajudar. Eu só quero bater um papo de homem para homem com ele.
Filippo só tinha dezessete anos, tinha acabado o ensino médio, e começou a pegar dinheiro emprestado para comprar o que ela não podia dar, até que roubou uma loja de Augusto assim que começou a trabalhar para ele. Augusto não mandava quem o roubava para cadeia, a não ser que quisesse ele mesmo fazer o serviço de “finalizar” a pessoa, como já tinha feito nesses dois anos de pena.
_ O seu irmão. Ele precisa crescer ou vai ser morto. Acredite, existem pessoas piores do que eu aí fora.
Ela colocou o celular no viva voz e passou o número.
_ Eu vou pagar as despesas da casa, se mude e comece preparar nosso quarto. Espero você na visita íntima.
Augusto desligou.
Nem sabia pelo que o homem estava preso, e preferia não perguntar, tinha medo de se apavorar ainda mais.
Mas, Augusto estava onde precisava estar, sua estadia de dois anos tinha lhe rendido quinhentos mil dólares por cada seis meses preso, cabeças tinham rolado e ele se transformado em um milionário, recebia em dólar e no Brasil o dólar era valorizado. Augusto era o executor brasileiro da máfia americana. Estava sob as ordens de Hernandez Xavier E Pedro Laurence, mas decidiu que Marina não precisava saber disso, que ele era m£mbro da máfia, pelo menos não antes dele estar em liberdade