Capítulo Quatro - O lado sombrio de Madeline - Hope vol1

2033 Words
Pego as rosas da mão do Senhorzinho e pago as mesmas, seguro-as com a mão direita enquanto ajeito a minha pequena mochila nas costas. Gosto de rosas brancas, elas me acalmam, acho que deveriam as colocar por toda a parte, sempre achei que as rosas ensinassem uma lição linda, sempre soube de alguma forma interpretar uma rosa seja linda e delicada por fora, mantenha sempre sua verdadeira beleza a mostra, mais não esqueça de se proteger, de afiar os teus espinhos e se proteger da maldade do mundo. Saio da floricultura caminhando até o ponto de ônibus, o sol estava no alto, estava quente, o que fazia me arrepender de ter colocado uma calça moletom, e uma blusa de frio, mais é o que eu uso a anos. Acho que já até virou parte do meu corpo, me sento no banco de concreto do pequeno ponto de ônibus enquanto esperava o meu transporte. Ainda é seis da manhã, e eu estou morta de cansaço, me arrependendo amargamente por ter ido dormir as duas da madrugada da noite passada. O movimento na rua ainda é pouco, só vejo pouquíssimas pessoas, andando de lá pra cá, uns indo pro trabalho, outros fazendo caminhadas matinais, admiro pessoas assim, eu não tenho disposição nem pra acordar ao meio dia, quem dirá acordar as seis da manhã para fazer caminhada. Vejo de longe o ônibus se aproximando, por sorte era o mesmo que eu estava esperando, e por mais sorte ainda ele está praticamente vazio. Me ponho de pé, e faço sinal para que ele pare, assim que o mesmo faz isso, subo pagando minha passagem e caminhando até uma das cadeiras altas do fundo, me posiciono no acento da janela e ajeito as flores no meu colo. Coloco os fones ligando o celular, e assim que bato o olho em minha tela de bloqueio respiro fundo vendo a data passando em negrito 25 de Maio, ao qual não tenho boas lembranças. Coloco para tocar cebolas da banda supercombo e começo a olhar a vista pela janela. Gosto de momentos assim, sozinha consigo refletir sobre várias coisas, imaginando outras também que sei que vão ser bem difíceis de se realizar. Mais que pessoa não é assim? Não pensa em um futuro melhor, ou em uma realidade completamente fora da casinha, que você queria que fosse daquela maneira mais na verdade não é, e você tem a certeza de que nunca vai ser. Por anos passei pela triste realidade de querer dormir o dia é a noite toda, simplesmente por saber que em meus sonhos e em meus pensamentos eu era feliz, mais com o passar do tempo nem nos sonhos eu era feliz mais, minhas noites começaram a ser bem agitadas passando por vários e vários pesadelos todas as noites. Somente com um pensamento na cabeça voltar no tempo e mudar completamente tudo o que aconteceu no dia 25 de maio de 2017. Dentre tudo que aconteceu na minha vida essa data é a pior de todas, não só pra mim, mais como para o resto da família também, muito dizem que não foi culpa minha, mais eu sei que foi. E sei também que no fundo todos saibam que foi culpa minha, só não querem admitir, talvez por pena não queiram deixar ainda pior as coisas, ou talvez por respeito. Mais garanto que quando se passarem alguns anos, na primeira oportunidade todos jogaram na minha cara, me apontaram o dedo e dirão: tudo isso e culpa sua! E com certeza por mais forte e dura que eu demonstre ser concerteza não irei rebater, muito menos afirmar o contrário, a culpa é minha sei disso, sempre foi. Só tento manter vista grossa por agora, pela minha irmã e pela Alissa que ao contrário de muito continuam do meu lado, por mais falha e s*******o que eu possa ser. Por mais mau humorada sem paciência, materialista, rabugenta que eu possa ser. Alissa sempre diz que é bom ter uma pessoa igual a mim por perto, ela sempre diz que pessoas desse meu jeito sempre tem o pé no chão e de alguma forma e sua âncora, pessoas sonhadoras demais sempre tem pessoas como eu ao lado. E eu tenho certeza que ela disse isso se referindo a Ana. Porque toda vez que ela passa dos limites eu tô ali ao lado, pra puxar ela de volta e fazê-la encarar a realidade e ver o que aquilo vai trazer pra ela, e na maioria das vezes, tá bom! Em todas as vezes os resultados são horríveis. Mais ao mesmo tempo que sou boa para Alissa e para a Ana Maria não consigo ser da mesma forma pra mim mesma, nunca consegui, talvez pelo sentimento de culpa, ou por esse ser o meu jeito mesmo. Vivo pegando no pé da Ana quando o assunto é bebidas ou drogas ilícitas, mais ao mesmo tempo uso todas elas, alguns podem falar que é hipocrisia, mais não é, sei das consequências e por mais r**m que seja já me acostumei com elas, e concerteza não quero a minha irmã passando por elas. Muito menos se acostumando com elas. Me permitir amar uma vez, me lembro como se fosse ontem do Alex, bom eu tinha quatorze anos, era nova, e aquilo foi o único amor que eu senti, e bom eu acho que aquilo foi amor né? Não tenho nada para igualar. Mais como faço parte do g***o de pessoas que concerteza carrega com si a lei de Murphy eu perdi ele também, assim como eu costumo perder tudo mundo. Outra coisa que eu não devia ter me acostumando, mais acabei acostumando, não me orgulho disso, mais a vida me ensinou a ser assim, e depois de um tempo aprendi a levar a sério os ensinamentos da vida, assim como os conselhos que ela dá. Não sou satânica, sei que muitos pensam isso de mim, mais acredito que a fé não vale de nada pra mente preguiçosa, e com o tempo descobri que não tenho mais mente para ter fé nas coisas, sempre dão errado, não importa o que eu faça. [...] Desço do ônibus e olho meu pequeno relógio de prata no pulso, já são exatamente oito da manhã, uma hora de viajem de Hawthorne até aqui. Atravesso a rua parando de frente para o cemitério, respiro fundo tentando controlar as lágrimas, e atravesso aquele portão de ferro totalmente enferrujado. Começo a caminhar sobre aqueles diversos túmulos, tem poucas pessoas aqui hoje, só consigo ver um casal em um canto a direita. E um garoto em um túmulo bem perto da entrada principal. Caminho mais um pouco chegando até o túmulo de concreto, e lá estavam as rosas brancas murchas que eu trouxe no ano passando. Admiro que a Rosa nunca acabe apenas seque e fique dessa forma, talvez isso me chame atenção na flor, a sua resistência. Me aproximo do túmulo tirando as flores velhas de lá e colocando as no chão, e no lugar colocando as que eu havia comprado essa manhã. Me sento sobre a beirada do mesmo, e passo a mão sobre a lápide onde estava escrito Maria Marta petsch 1983-2004, "A grande mulher é melhor esposa que alguém poderia ter". Dou uma risada da frase que colocaram arrancando alguns olhares curiosos, meu pai nunca gostou da minha mãe de verdade, disso todos tinham certeza. Ele sempre foi rígido com ela, nunca há tratou de forma respeitosa, ouvi dizer que depois de uma semana que minha mãe havia morrido ele se casou novamente, com a Victoria, mulher ao qual está casado até hoje com dois filhos, o mais novo eu ainda não conheci. Hoje minha mãe teria exatamente 38 anos, mais infelizmente n******e estar aqui com a gente. Respiro fundo olhando mais alguns minutos para aquela pedra de concreto e me levanto passando a mão mais uma vez sobre a mesma, e dando um sorriso de lado. — Tenho certeza que teria adorado te conhecer — Digo baixo quase em um sussurro saindo dali. Minha mãe morreu no parto meu e de Ana, e logo de cara foi um choque para toda a família, e ali mesmo a Alissa assumiu a nossa guarda, já que meu pai não estava nem aí para as filhas, ou pela sua esposa acabará de morrer. Assim que me afasto um pouco esbarro em um cara alto, me afasto e o Encaro respirando fundo e tento desviar do mesmo mais ele segura o meu braço me encarando. — Tenho coisas melhores pra fazer do que olhar pra sua cara — limpo o meu rosto tentando esconder qualquer vestígio de choro que eu possa ter, odeio me demonstrar fraca, principalmente na frente dele, que não merece demonstração de nenhum outro sentimento meu, a não ser pena. — Madeline — Ele fica em silêncio, mais logo volta a pose de durão que ele sempre teve, e fecha a cara, me pergunto se depois de anos ela não ficou assim naturalmente, porque toda vez que nos encontramos ele está assim, de cara fechada — Me respeite ainda sou seu pai — Começo a gargalhar alto, dessa vez tendo a certeza de que chamei a atenção de todos presentes ali. Balanço a cabeça em negação, e me afasto dele, minha v*****e era de falar tudo o que tá entalado a anos na garganta, mais ele tinha razão, de qualquer forma ele continuava sendo o meu pai, e preciso ter respeito, por mais que minha v*****e agora seja fazer a caveira dele, aqui no meio do cemitério. — Okay paizinho lindo, preciso ir — Digo com ironia e tento me afastar mais uma vez, mais ele me puxa para perto do túmulo da mãe, paramos de frente ao mesmo e ele me encara. Vejo ele passar os dedos sobre as letras e uma lágrima cair dos seus olhos, me impressiono e claro, ele sempre foi rígido comigo e com a Ana, principalmente comigo, talvez esse meu jeito seja na maior parte culpa dele. Mais de alguma forma ele nunca chorou na minha frente, acho que na de ninguém, me perguntava as vezes quando era criança se ele tinha coração, se ele tem, porque as vezes eu tenho a certeza que não. — Madeline — Presto atenção em cada movimento do seu corpo, na forma que seus cabelos se movimentam, e em como ele gosta de deixar um pouco longos, seus cabelos são claros, e lisos, meu pai é o verdadeiro bonequinho perfeito que a sociedade tanto fala — Vamos conversar? — O que você tá fazendo aqui? — Pergunto ignorando a pergunta dele que concerta a coluna ficando totalmente ereto — Você não devia estar aqui — Digo e ele abaixa a cabeça passando as mãos sobre os cabelos com certa brutalidade. Essa mania h******l dele que a Ana herdou, e só questão de tempo até você entender o jeito das pessoas, no caso dele é da Ana, sempre quando mentem, estão incomodados com algo, ou nervosos, passam a mão sobre os cabelos com uma certa brutalidade. Ele se aproxima e eu continuo parada no mesmo lugar observando seus passos e seus movimentos atentamente. — Filha.... — Madeline — corto a fala do mesmo, e o vejo abaixar a cabeça e levar as mãos ao rosto. — Madeline, me desculpa — Ele começa a chorar e eu me controlo o máximo, para não chorar também, ele nunca percebeu, que meu problema nunca foi pensão, NUNCA, mais sim o abraço que ele nunca veio me dar. Mais eu aprendi a me virar, aprendi sozinha e na marra, e hoje tô aqui, de frente pra ele que não para de chorar e falar a palavra "Desculpas" me pergunto se ele usou algum tipo de d***a ou tomou algumas coisa. Porque pra ele vir aqui falar comigo assim e muito estranho, estranho de mais. — Só vamos conversar Madeline, eu só te peço isso — Respiro fundo olhando o horário no meu relógio de pulso, sabendo que teria que ir em outro lugar antes de passar em casa, mais também tenho a certeza de que ele não vai me deixar em paz. Respiro fundo e balanço a cabeça. — beleza então.
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