Capítulo cinco - O lado sombrio de Madeline - Hope vol1

2108 Words
Me sento naquela cadeira engordurada do ditos lanches, morei aqui por quase toda a minha vida, e nunca consegui gostar desse lugar. Respiro fundo vendo o meu pai a minha frente, não me surpreende muito ele ter me trazido para cá, ele sempre gostou dos lanches daqui. A lanchonete era enorme, tinha duas atendentes, talvez os piscas piscas colados no teto e o que deixa esse lugar um pouco mais normal. Vejo uma das duas garotas se aproximar e parar de frente pra gente, ela demonstrava um sorriso gentil, enquanto segurava um bloco de notas e uma caneta azul com a tampa mordida. — Bom dia, bem vindos ao ditos, o que desejam? — Nada — Digo batendo as unhas sobre a mesa, e sinto o olhar do meu pai sobre mim, olho no meu relógio e já era nove da manhã, estou completamente atrasada. — Pode trazer duas latinhas de refrigerante e dois pedaços de torta de limão — Ele diz e a garota assente saindo de perto e eu Encaro ele. — Não sabia que também gostava de torta limão — Digo voltando a olhas para minhas unhas que batiam inquietamente na mesa. — Tem muita coisa que você não sabe sobre mim — ele pega na minha mão me fazendo parar, encaro ele que respira fundo. — Talvez, porque eu não queria saber nada sobre você — digo ainda olhando para as pessoas andando na rua. — Me desculpa Madeline — Ele enfim me encara, e eu desvio o olhar da janela do meu lado para o meu pai — Eu sei que é tarde, sei que tive dezessete anos pra isso.. — Ele respira fundo e eu continuo calada. — Eu estou.... — Aqui está seus pedidos — A mesma garçonete de antes diz colocando os pratos com a torta e a latinha de refrigerante sobre a mesa. Ela dá um sorriso gentil e se afasta. — Madeline, estou de mudança — Dou de ombros dando uma colherada na torta e levando a boca, enquanto abro a latinha, ele respira fundo visivelmente frustrado, o que me faz segurar o riso, gosto de deixar as pessoas frustradas de alguma forma isso me acalma — Espera — O Encaro levando mais uma colher de torta a boca — Isso é um ponteiro de Ouija? — Aponta para o meu cordão e eu dou de ombros — Que isso Madeline virou satânica? — Pai só porque eu tenho uma, ponteiro de Ouija pendurado no meu cordão não significa que eu virei satânica, só gosto desse lance de falar com espíritos — Dou de ombros virando a latinha de refrigerante na boca. — O que sua tia achou disso? — Ele sabe que a Alissa é bem religiosa, mais ao mesmo tempo ela é muito liberal, sempre deixou bem claro que quem escolheria nossa religião é nossa sexualidade seria a gente, mais eu não sou satânica, nunca fui, só gosto desse lado meio sombrio, acho algo interessante. — Nada, ela não achou nada — Digo concertando o ponteiro no meu pescoço, e ele respira fundo. — Preciso ter uma conversa com ela — Ele diz e eu dou um sorriso de lado, não vai adiantar de nada, minha tia tem uma magoa enorme por ele, por mais que ela não goste disso de guardar mágoa com ele e diferente, ela fala que ele magoou de mais a minha mãe, e sem falar na falta de respeito que ele teve ao se casar dias depois da morte da minha, com uma mulher que já estava grávida dele a dois meses. — Pode até tentar, mais tenho a certeza de que não vai arrumar nada — Digo outra vez e ele respira fundo, me pergunto se ele tem algum problema de respiração ou se é só irritação mesmo. — Madeline, eu sei o que você pensa de mim, você sua irmã e sua tia, mais não é bem assim, nunca foi, será que uma vez na vida a gente pode ter uma conversa séria? — Encaro ele é olho o meu relógio, vendo que já ia dá dez da manhã, e eu cada vez mais atrasada. — Okay, quando você estiver pronto pra essa conversa a gente tem ela — Me levanto pegando minhas coisas e a latinha de refrigerante que eu ainda não tinha acabado de tomar. Ele deixa o dinheiro em cima da mesa e me alcança antes de chegar a porta. — Quero que você é a Ana vá morar comigo — Perco a respiração, todo o ar que estava em meu corpo se esvai e eu o encaro com raiva. — Isso nunca vai acontecer — Digo entre dentes com um ódio enorme, acho que demonstro isso muito bem, pois ele se afasta me encara, me aproximo mais dele — Você nunca foi um bom pai, não vai ser agora que isso vai acontecer — Digo saindo daquela maldita lanchonete e caminhando até o ponto de ônibus mais próximo. Mais o carrão preto que eu não faço a mínima ideia de que marca seja me para no meio do caminho. — Entra aí Madeline, eu te levo no hospital — Para e viro nas pontas do pés pro carro e o encarando através da janela, como ele sabia que eu iria pra lá? — Entra por favor — Ele enfim me encara e ele estava abatido. Entro no carro só por saber que a iria ter que esperar mais meia hora até o próximo ônibus já que o último saiu a uma hora atrás, e concerteza a essa hora todos estariam lotados. — Eu sempre te acompanho Madeline, sempre, desde que tudo aquilo aconteceu, sempre — Seguro o choro, e olho para a estrada através da janela — Esses dias eu fui na casa da sua tia, e adivinha, estava a venda, aonde vocês estão morando Madeline? — fico quieta mais uma vez. Minha tia do nada se mudou para Hawthorne, foi uma coisa bem aleatória e do nada, só no primeiro dia de aula que eu fui saber o porque ou melhor por quem. Marcelo professor de Eletiva, eu gostei dele, parece ser um cara legal e faz bastante tempo que eu não a vejo daquela forma, então eu só o aceitei na família, mais claro antes mostrei a minha bela fama de Madeline Petsch para ele. O cara ficou traumatizado, mais mesmo assim continuou do lado da minha tia, essa foi a prova que eu precisava. Claro que, ela ficou furiosa comigo depois daquilo, mais ali ela teve a certeza de que ele era perfeito pra ela, e eu também. — Debaixo da ponte — Respondo com ironia e o escuto respirar fundo. — Madeline.... — Hawthorne e não pretendo sair de lá tão cedo, acho que essa tua ideia de levar eu e Ana para morar contigo não vai dar certo, não vai mesmo — Respiro fundo tirando o cinto — Pode parar ali eu vou a pé — Ele me encara sério. — Madeline, para — Ele encosta o carro no acostamento e tranca as portas para que eu não saia. — Essa ideia de vocês virem morar comigo eu ainda estava pensando, mais agora eu tenho mais que certeza, e vocês vão — Ele me encara nos olhos com fúria e passa as mãos no rosto — nem que pra isso eu tenha que colocar a sua tia na justiça — Fico quieta, e o encaro, sempre senti tanta raiva dele, mais agora eu está com fúria, o ódio que eu tinha por esse cara a minha frente era enorme, ele liga o carro — Coloca o sinto, também estou indo visitar o meu filho — Dou uma gargalhada alta, só pode ser brincadeira — Seu filho? — Já chega Madeline, eu sabia que você tinha um gênio difícil, mais isso está passando dos limites, por favor cale a boca — Reviro os olhos encostando a cabeça sobre o vidro e coloco meus fones e começo a ouvir 6balas do K a m a i t a c h i no puro ódio, queria desviar as seis balas da música na cabeça do cara ao meu lado. [...] Adentro a sala com o meu pai ao meu lado, e reviro os olhos por ele não ter deixado eu entrar sozinha. Todos os anos, no dia 24 de Março eu apareço por aqui, virou meio que um costume, e sempre assim, passo primeiro no cemitério e deixo flores no túmulo da mamãe e corro pra cá para passar o resto da tarde com ele. Graham sempre foi um irmão mais velho muito protetor, daquele que estava do seu lado pra tudo, eu amava passar as tardes com ele, era sempre muito especial pra mim. Graham morava com meu pai, mais passava a maior parte do tempo lá em casa comigo e com a Ana. E cá entre nós era as melhores tardes da minha vida, a noite tomávamos banho e deitava-nos sobre o tapete felpudo do quarto de Ana e observava-mos a quantidade de estrelas que haviam no teto da mesma, que nos mesmo tínhamos colocado. Ana sempre foi muito delicada, seja na forma de agir ou em coisas superficiais, sempre se importou com os mínimos detalhes, talvez seja por isso que o meu aniversário de quatorze anos foi perfeito, porque foi planejado por ela. Mais aí aos quinze eu tive a brilhante ideia de aprender a dirigir, pedi a Graham para me ensinar, e ele demonstrando ser o melhor irmão do mundo aceitou de primeira. Me sentei sobre o banco do motorista, e ele sobre o banco do carona, meu sorriso era largo de uma orelha a outra, estava tão animada que isso fazia com que Graham desse um sorriso de volta pra mim. — Seu sorriso é lindo Mel — Ele sempre me falava isso, somente ele é Ana me chamavam de Mel, dizendo ele que começou a me chamar assim quando era um bebê. Quando eu e a Ana nascemos ele tinha apenas dois anos de idade, sabia falar poucas coisas e meu nome era um pouco difícil pra ele, também quem coloca o nome de Madeline na filha? Isso mesmo meu pai, não foi nem minha mãe, foi meu pai. E foi através dessa dificuldade dele que o apelido Mel surgiu. Depois de uns anos ele disse que aquele apelido combinava comigo, ou costumava combinar. Naquele dia eu estava tão animada que pela primeira vez iria dirigir um carro que apenas seguia tudo o que ele falava, até deixar o carro morrer em um cruzamento, sim fiz essa terrível besteira, e Graham ao invés de me ajudar começou a rir da minha cara o que me deixou com raiva. Depois disso foi tudo tão rápido, só me lembro de ter acordado no hospital uma semana depois. Uma van de jornalistas estava em alta velocidade, e acabou batendo na gente, e foi aí que tudo começou. Sai do hospital totalmente devastada por saber que meu irmão estava em coma, por minha culpa. Pintei o cabelo de preto, e cortei ele deixando a altura dos ombros, prometi a mim mesma que só deixaria o meu cabelo voltar ao normal quando ele acordasse, e daí pra frente só desandou. Me sento ao lado da cama passando minhas mãos sobres os cabelos negros dele, pelo menos um de nós puxou alguma coisa da mamãe. Seu rosto continuava sereno, ele parecia tão feliz, olho pro meu pai que encarava cada movimento meu e a porta se abre revelando o Dr. Cavinsque ou melhor Alan, faz tanto anos que eu venho aqui que já criamos um laço forte, ele acompanha o caso do meu irmão desde o início e sabe de toda a história. — Madeline — Ele diz sorridente é adentra a sala — Nathan? — Ele parece surpreso ao ver meu pai, e eu fico surpresa por ele saber o primeiro nome do mesmo — Pensei que só viria amanhã — Faço uma careta encarando meu pai que dá de ombros, ignoro aquilo tudo e volto a encarar meu irmão. — É Aí Alan, algo de diferente? — Ele respira fundo se aproximando e mexendo em algumas máquinas do meu irmão. — Bom, ele tem tido alguns movimentos cerebrais, bem mais do que nós últimos anos, quase cai para trás quando peguei os resultados dele na semana passada — Ele me encara pegando a prancheta da cama, onde ele colocou para poder mexer nos fios da máquina lá — mais ainda não podemos comemorar, vamos esperar mais um pouquinho tá bom? — Assinto ainda passando as mãos sobre o cabelo do Graham.
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