03 - Anthony

1005 Words
Anthony Narrando Eu sou Anthony de Castro, tenho 26 anos, Sou loiro de Olhos azuis, não tenho tatuagens e não Marcaria o meu corpo, sou filho do delegado Silvio de Castro. Desde que me lembro, sempre fui pressionado a seguir os passos do meu pai. Quando eu era moleque, enquanto meus amigos brincavam de polícia e ladrão, pra mim, aquilo era um ensaio para a vida real. Não sei dizer se foi o orgulho ou o medo de decepcioná-lo que me fez seguir esse caminho, mas aqui estou eu, recém-formado em Direito e com uma carreira na polícia civil. Mas ser policial civil não é o bastante. Eu quero mais. Eu quero estar na linha de frente, onde as coisas realmente acontecem. Quero ser capitão do BOPE, liderar operações, fazer a diferença de verdade. O sonho de comandar o BOPE não surgiu do nada. Sempre admirei o trabalho dos caras, o sangue frio, a coragem. Eles não só enfrentam o inimigo; eles fazem isso de frente, sem piscar. E é esse tipo de desafio que me motiva. Meu pai, claro, acha que é loucura, mas ao mesmo tempo, sei que ele sente um certo orgulho. Ele nunca vai admitir, mas dá pra ver nos olhos dele. Por enquanto, estou aqui na civil, lidando com casos que vão do trivial ao absurdo, mas sempre de olho no que realmente quero. E então, veio a missão. Não era exatamente o que eu esperava, mas, considerando que foi meu pai quem sugeriu meu nome, eu sabia que era coisa grande. O velho me deu uma missão quase 007: me infiltrar no Morro do Rodo e seguir de perto o Índio, o chefe do tráfico por lá. E não é só ele; a filha do cara, Serena, está assumindo cada vez mais o comando. Dizem que ela é ainda mais esperta e perigosa que o pai. Meu trabalho? Me infiltrar, ganhar a confiança deles, levantar todas as informações possíveis e ajudar a montar a operação que vai derrubar o esquema. Soa simples, né? No papel, talvez. Mas na prática, isso é um campo minado. Se eu fizer a coisa errada, levantar suspeitas, tô morto. E eles não são do tipo que fazem perguntas antes de apertar o gatilho. Mas é o tipo de risco que eu tô disposto a correr. Essa missão não é só um trabalho. É uma prova. Se eu conseguir isso, é um passo mais perto de me tornar o que eu realmente quero ser. O plano inicial era me infiltrar como um "nada", alguém que passou despercebido por toda a vida e decidiu se enfiar no crime por falta de opções. Não é difícil encontrar gente assim no Rio. Meu perfil encaixa perfeitamente: jovem, sem muitos antecedentes, mas também sem muito a perder. A primeira parte do trabalho foi me preparar psicologicamente. Tive que construir uma identidade falsa, um passado que fosse convincente. Passei semanas decorando histórias, hábitos, jeitos de falar que fariam sentido. Afinal, os caras do Rodo são espertos. Eles cheiram medo a quilômetros de distância. Quando cheguei no morro, a primeira impressão foi de caos. Aquele lugar é um campo de batalha permanente. Crianças brincando na rua enquanto, do outro lado, caras armados até os dentes vigiam cada movimento. O Índio não é apenas um chefe. Ele é um rei no meio daquele território. Todo mundo conhece o nome dele, e quem se mete a b***a acaba desaparecendo. Já a Serena... Bom, ouvi falar que ela tem um jeito de comandar que faz os homens tremerem nas bases. Minha primeira tarefa foi encontrar alguém que pudesse me apresentar ao Índio. Isso foi fácil; sempre tem um ou outro que adora ser o "intermediário" e ganhar uns trocados ou favores. Consegui me aproximar de um dos soldados de confiança do Índio, um tal de Zeca. Me fiz de coitado, um cara que só queria ganhar a vida, que tinha fugido da favela onde cresceu porque a situação tava insustentável. Falei o que ele queria ouvir, me fiz de útil, ofereci meus serviços sem parecer desesperado. E deu certo. O Zeca me levou até o Índio. Entrar no barraco do Índio, onde funciona a boca principal, foi uma experiência surreal. Ele tava sentado numa cadeira de plástico, mas a postura dele fazia parecer que tava num trono. Serena tava do lado dele, mexendo no celular, como se aquela reunião fosse uma coisa trivial. Eu senti o peso do olhar dela, um misto de curiosidade e desconfiança. Ela não disse uma palavra, só observou. O Índio me perguntou sobre minha vida, sobre o que eu queria, por que eu tava ali. Eu fui direto ao ponto: trabalho, dinheiro, proteção. Ele não parecia impressionado, mas aceitou me deixar ficar e "trabalhar" pra ele. Os primeiros dias foram uma mistura de tédio e tensão. Não acontecia muita coisa, mas a qualquer momento, eu podia sentir os olhares, as suspeitas. O Zeca me colocou pra fazer trabalhos pequenos: vigiar bocas de fumo, cuidar de estoque de armas, essas coisas. Coisas que qualquer moleque de recados faria. Mas, cada vez mais, eu sentia que Serena tava me observando. Não sei se era desconfiança ou outra coisa, mas ela sempre parecia estar por perto, observando cada movimento. Com o tempo, fui ganhando espaço. Comecei a ter acesso a informações mais importantes, a ver como o esquema realmente funcionava. Era uma máquina bem oleada, e a Serena parecia ter o controle sobre todos os detalhes. Ela é a mente por trás da expansão do tráfico pra outras áreas, enquanto o Índio cuidava do "respeito" no morro. Comecei a perceber que, se tinha alguém que realmente precisava ser tirado de cena, era ela. O Índio, por mais perigoso que seja, estava ficando velho, previsível. Serena, por outro lado, era imprevisível, uma verdadeira serpente pronta para atacar. Teve um baile e uma grande festa, Serena assumiu o controle, junto com seu primo e seu irmão. Vou tentar me aproximar dela e pegar a pessoa certa, o coração do tráfico no Morro do Rodo.
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