02 - Serena

1124 Words
Serena Narrando Me chamo Serena Araruna Bocaiúva, a Chefe do tráfico do Morro do Rodo. Assumi o comando no dia em que completei dezoito anos, sou Morena, Cabelos Cacheados e tenho 1,68 de altura, só tenho duas tatuagens bem sutis.Uma no braço e uma no pescoço. A minha preparação começou muito antes disso. Desde os meus oitos anos, meu pai me treinou para esse momento, para estar à frente de tudo e todos. Não sou só uma líder, sou uma guerreira que carrega nas veias o sangue do meu povo. Minha avó, uma mulher sábia e forte, sempre me ensinou a respeitar nossa cultura indígena. Eu sigo fielmente esses ensinamentos, guiada pelo deus da Força, o mesmo deus que minha avó diz que é o guia do meu pai. Ela sempre me chamou de filha do trovão, e eu acredito nisso cegamente. Eu sou o trovão que ecoa nesse morro, trazendo a força que vem das minhas origens. Foi aos 15 anos que fui batizada no comando. Meu pai me levou para a minha primeira missão, e eu sabia que não podia falhar. Desde pequena, eu já entendia a importância de seguir as ordens dele à risca, sem questionar, sem hesitar. Naquela noite, fiz exatamente o que ele me orientou. Não me restava escolha, e na verdade, eu não queria outra escolha. Foi ali que eu deixei de ser apenas a Serena e passei a ser o que meu pai esperava de mim. Ele me disse que eu tinha que escolher um nome de guerra, algo que impusesse respeito, mas eu nunca quis. Prefiro continuar sendo chamada de Serena, só Serena. Fria? Talvez. Mas ser fria é o que me mantém viva, o que faz com que o Morro do Rodo esteja sob o meu controle, e não deixo ninguém esquecer isso. Aqui, eu sou Serena, filha do trovão, e ninguém se atreve a questionar o meu poder. Quem vive aqui no Morro do Rodo conhece bem o meu jeito. Sou cautelosa, metódica e sempre avalio cada passo antes de agir. A precaução é o que garante que eu mantenha o controle desse lugar sem deixar espaço para erros. No entanto, minha paciência tem limites, e quando ela é colocada à prova, eu mostro do que sou capaz. Não sou apenas uma líder por título; sou alguém que faz valer sua autoridade com firmeza e, se necessário, com força. Divido o comando do morro com meu primo Marcos, MC, que é meu braço direito. Ele tem um talento especial para manter as operações funcionando suavemente e garantir que todos sigam as regras. Marcos entende a importância de cada detalhe e é uma extensão de minha visão e de meu controle. Juntos, nós formamos um time imbatível. A harmonia entre nós dois é essencial para a estabilidade do morro e para garantir que os negócios prosperem sem falhas. O gerente da boca é meu irmão, Avaré, o Guerreiro e ele desempenha um papel importante. Desde que eu assumi o comando, ele está lá, gerenciando as vendas e mantendo a ordem na linha de frente. A responsabilidade dele é grande, mas eu confio plenamente nele. A nossa relação é uma mistura de laços de sangue e respeito mútuo, e isso torna o trabalho ainda mais eficiente. Nós sabemos o que está em jogo e o quanto é vital que tudo funcione sem contratempos. A justiça é uma parte fundamental do meu código. Não sou piedosa, mas sou justa. O que significa que, se alguém quebra as regras ou age de maneira que prejudica o morro, há consequências. A justiça aqui não é sobre misericórdia; é sobre garantir que o equilíbrio seja mantido. Eu lido com cada situação de forma objetiva e imparcial, sem deixar que emoções interfiram no meu julgamento. Se a lealdade e o respeito forem mantidos, as coisas correm bem. Caso contrário, a severidade das minhas ações faz com que a ordem seja restabelecida rapidamente. Sem piedade. A vida no morro é um jogo de estratégia e poder, e eu aprendi a dominar ambas as áreas com habilidade. Sei quando ser cautelosa e quando mostrar meu verdadeiro eu. E, acredite, quando é necessário, eu posso ser implacável. O respeito que todos têm por mim não vem apenas da minha posição, mas também da minha capacidade de agir com precisão e decisão. Mas, se tem alguém que me fez ser quem eu sou de verdade, essa pessoa é minha mãe, Lua. Ela é a mulher mais importante do mundo para mim. Uma mulher forte, decidida, que carrega o mundo nas costas sem reclamar. É incrível como ela consegue puxar as rédeas do meu pai, que não é nada fácil de lidar. Ele é um homem determinado, impiedoso até, mas com minha mãe, as coisas são diferentes. Ela tem um jeito de dobrá-lo, de trazer à tona o melhor dele, ou o que ele tem de mais humano. Eu a admiro profundamente. Sabe, não é só pela força que ela demonstra em um mundo onde fraqueza não é permitida. É pelo carinho que ela ainda consegue mostrar, mesmo em meio ao caos, pelas palavras certeiras que ela usa quando tudo parece desmoronar. Eu quero ser como ela, não só forte e destemida, mas também com a capacidade de ver além do que está na frente dos olhos, de sentir o que os outros sentem, de cuidar das pessoas como ela cuida de mim, do meu irmão e do meu pai, e de todos ao nosso redor. Minha mãe é o alicerce da nossa família, e por mais que meu pai tenha me ensinado a ser firme e a lutar, é dela que vem o amor que mantém tudo de pé. E é esse amor que me guia, que me dá forças pra enfrentar o que vier, o que não cabe a força, porque se eu tiver metade da coragem e do coração que ela tem, sei que posso enfrentar qualquer coisa. Sabe, eu nunca fui dessas que se preocupam com romance ou com as coisas que vêm junto com isso. Nunca beijei ninguém, nunca me apaixonei, e, pra ser sincera, nem sinto falta. Na escola, enquanto todo mundo vivia falando de quem tava gostando de quem, eu só queria saber da aula acabar logo e eu ir para o QG com o meu pai. Nunca me importei muito com o que os outros pensavam sobre isso. Pra mim, isso nunca foi uma prioridade. Eu gosto de me sentir livre, sem essas preocupações que parecem complicar tanto a vida dos outros. E, honestamente, tô bem assim. Se um dia aparecer alguém que faça meu coração bater mais forte, ok, talvez eu me jogue. Mas, por enquanto, tô tranquila, vivendo minha vida do meu jeito, sem pressa nenhuma.
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