Lembre-se da nossa promessa!

1980 Palavras
Ela gargalhou e retrucou desdenhando: - Como se merecesse! Você lamentará como todos, TODOS, TODOS! ESPERA..., NÃO, NÃOOOOOOO! Uma luz estranha cintilante rasgou o céu, feito sol durante um tempo nublado quando consegue escapar da nuvem. Ela brilhava ainda mais quanto mais passava o tempo, até chegar em um ponto que não pude enxergar mais nada além dela. Senti aquilo me tocar carinhosamente, parecia uma massagem quando chegava aquele momento que pressionavam um ponto que você exatamente queria, senti estar flutuando e um calor envolvendo-me por completo e destruindo todo aquele sentimento de vazio e desespero. Brilhava..., brilhava..., brilhava... Estava no mesmo quarto de antes, mas sem dor na cabeça – dessa vez faria sentido sentir. Não escutei nada, a casa parecia estar vazia. Olhei do lado e Caio não estava comigo dessa vez. Levantei-me e tive uma leve sensação de desequilíbrio, mas continuei caminhando até para fora. Reconheci desde quando acordei no quarto, que estava na casa da Cecília, mas tive certeza quando saí. O único cômodo iluminado era a sala, não ousei abrir a porta do seu quarto, fui direto para sala para sentar-me de novo e contemplar cada canto. Quando cheguei, vi Cecília arrumando alguma coisa na janela impaciente. Ela estava nervosa e deixava cair um pingente com algum selo, andei mais um pouco e com calma para sentar-me no sofá e relaxar, mas Cecília revirou-se instantaneamente e correu em minha direção, antes que eu me sentasse, para me abraçar. Aquele abraço que já descrevi tantas vezes, com tanto carinho, por estar de fato em casa e destruir o pior de mim. Quero morar nele, quero estar e apagar tudo que estivesse fora dele. Escutei seu choro abafado, senti seu abraço apertar-me mais, como se tivesse medo de me perder ou experenciado algo próximo disso. Isso fez com que eu questionasse: quantas pessoas Cecília conhece, além de mim e Caio e essas pessoas estranhas? Quero dizer, quem ela pode confiar a ponto de ter medo de perder? Talvez ela não tenha esse sentimento desde quando perdeu seus pais naquela vez. Retribui subitamente seu abraço, sem questionar nada, apenas me deleitei daquele momento doce. Cecília olhou ainda com suas lagrimas passeando pelo seu rosto lindo e tão bem esculpido, agraciou-me com sua voz doce e disse, aos choros: - Quase quebrou sua promessa! Isso não seria justo comigo! Morreria como um mentiroso, sabe como me senti quando esperei, esperei e esperei? Nunca ensinaram que é f**o deixar alguém esperando? - Opa, opa, terá que explicar! Porque não lembro de quase nada, até porque eu estava desacordado. Terá que ser mais específica. - Ok – Cecília enxugou suas lágrimas e se sentou ao meu lado – você demorou muito e já achei estranho, eu e o Sombra, na verdade. Saímos por muito pouco mesmo! Sentimos a vibração de tudo. Acho que isso chamou atenção até de quem estava ao redor, mas ainda esperamos você, só que... – Cecília fez uma expressão triste e disse um pouco titubeante, como se estivesse assombrada ao relembrar – você não apareceu, Sombra disse que sentia você sumir, foi então que ele deu uma grande solução! - Espero que não tenha envolvido vocês... - Mais ou menos, ele só sentiu com as bolinhas de baoding sua presença por perto. Aquilo foi um grande acaso, parece que o destino não estava pronto para deixar você ir. Quando trouxe você até nós, estava desacordado e sangrando, estava quase morto, mas trouxemos você a tempo para cá. - Espera, espera! Ele não estava ferido? - Está, mas conseguiu carregar você antes que chamássemos atenção de alguém. Explicar tudo aquilo seria complicado, sabe? - Onde está bolsa? Quase morri por ela... – disse para descontrair. - Está em cima da mesa, graças a você, estamos abastecidos o suficiente para atacar, mas não para ir até lá uma 2ª vez. Então..., nossos planos ainda deve ser um daqueles. - Droga..., me desculpa... – fiquei abatido, esperava que tivesse pelo menos o suficiente para uma 3ª investida, mas só alimentei um conflito que queria evitar o máximo. Cecília segurou minhas mãos, com seus olhos brilhantes e esperançosos e disse: - Não precisa por hipótese alguma pedir desculpa. Você fez mais que o suficiente quando se arriscou e quase morreu. Isso foi incrível..., e..., não há palavras que caibam para descrever o que fez, mas garantiu que nossas vidas sejam salvas. Só não quebre sua promessa... Sorri um pouco desconcertado, mas grato por ser reconhecido e ser tratado com tanta importância, mas ser enxergado como nobre por alguém que você admira mais que tudo, é impagável. Fiquei em silêncio com um sorriso bobo ainda, tocando várias vezes, como uma fita, aquela música que ela cuspiu em mim. Ela fitou-me novamente e chacoalhou minha mão para que eu voltasse minha visão para ela e disse: - É sério! Não quebre sua promessa, relembrarei você sempre que possível. Precisamos estar juntos quando for a hora. Não desista..., prometa que ficará comigo até o fim, mesmo que os caminhos acabem se embaraçando dentre os fios que prescreve nossas vidas e nos leve pro mais tortos dos destinos, o mais distante um do outro, tente me encontrar, porque também tentarei. Fiquei estonteado com suas palavras, apenas mergulhei no vislumbre de seus olhos, mas dei a resposta sobre a promessa: - Eu prometo, estarei com você até quando tudo estiver distante. Cecília sorriu, pressionou ainda mais minhas mãos, parando sua massagem, depois soltou e abraçou-me de novo aliviada, depositando toda sua fé na nossa promessa nova. Estava determinado a cumprir a primeira, mas essa era além de nossas vitalidades, e valeria mais que tudo agora. Ela olhou novamente para meus olhos, sorriu e disse: - Lembre-se, Marcos..., essa é nossa promessa! Sorri abobalhado por ela ressaltar a relevância da nossa promessa e colocá-la em um patamar acima de tudo aquilo, e se tinha alguma coisa do que eu preciso, ou do que precisamos; é de uma luz que brilhe mesma diante da morte, isso é reconfortante. E não falo de um vislumbre, mas sim de algo a repiscar que cintile eternamente, como uma gravura que nunca se desgaste, uma estrela que nunca morre e nos leve sempre para onde queremos estar. Por toda aquela sensação de segurança, doce de tão reconfortante, ainda sentia um ar de mistério, apenas sentia, mas não era nada específico, mas queria saber mais de Victor e o que toda aquela vasta de ideia dos mundos realmente era, além de suas simples descrições. Ainda não sabia por que éramos tão importantes pra ele, enquanto eu estava aprisionado naquele buraco rodeado de tapetes e cortinas, tive a certeza do quanto valíamos quando ele arriscou nos buscar em pleno dia, fazendo muito barulho para restringir nossos movimentos. Não foi suicida, mas foi..., arriscado? Se expor daquela forma atraindo atenção do que não devia, esse era o risco. Mas tenho certeza de que ele não sentaria e conversaria conosco a essa altura, ele não fez isso da última vez e escolheu levar João e Stefanny, ao invés de mim. Repassando todas essas lembranças enquanto apreciava aquele momento delicioso, tive de fato a noção e a certeza pelo que lutar, mesmo com algumas dúvidas. Olhei para janela de relance, voltei meus olhos para Cecília e questionei o motivo de estar inquieta e nervosa: - O que houve com sua janela? - Ah..., – Cecília se levantou rapidamente e foi até a janela, depois apontou para eu pegar um fio – pega isso, por favor? E respondendo sua pergunta, um dos selos estava fora daqui. Fiquei em silencio atônito, mudando repentinamente minha expressão. Aquilo..., não! Realmente inconcebível que Victor fosse idiotar a ponto de invadir uma casa que seria capaz de aprisioná-lo. Ultraje enganar-me do mais provável das causas de isso ter acontecido, e não caiu; Cecília obviamente procuraria e teria encontrado, se o selo perdido estivesse em casa. Permeei todas as entrelinhas que fizesse eu negar esse fato, por respeito, pelo resquício de amor que ainda tinha pelo meu melhor amigo, meu irmão. Apenas fiquei em silencio mantendo minha expressão de negação, assustado e frustrado tentando negar que ele fosse capaz disso. Cecília estava concentrada em colocar o selo, mas antes que olhasse para meu rosto abatido com a informação que soltou, virei as costas para evitar sua pergunta. Eu estava constrangido, e não, não podia esconder isso para sempre, uma hora meu dever de falar isso viria, isso se ela não estiver achando estranho e o veredito dela for... - Acho que seu amigo nos deve uma explicação, não é? – Cecília foi rápida e deferiu seu golpe depressa com suas palavras diretas. Fiquei desconcertado, busquei formas de falar aquilo sem titubear, mas... - Ah..., eu...! - Senti o ressentimento e o arrependimento dele sobre alguma coisa, isso não posso saber, então só cabe interpretações. Ele nos deve uma explicação. Me senti culpa por não a alertar disso, mas também questionei comigo o motivo de ela não falar comigo sobre o que sentiu, talvez fosse respeito ou medo de como eu reagiria, mas ainda devia falar mesmo que não fizesse diferença agora: - É..., ele é culpado, devia ter falado antes, mas fiquei com medo de isso afetar nossa jornada. - Se afetasse, não teria ido, mas mesmo sentido o que sentir e sem saber o que ele faria (o que é pior), fomos ainda, e agimos. Suas palavras pesaram em minha consciência porque fizeram reconhecer que evitar falar sobre aquilo era desnecessário, mas não é tão simples relembrar que tem alguém que sente vibrações ou suas emoções. Retruquei diante suas informações: - Ele disse que deveríamos te vender em troca das nossas vidas de volta, nossa paz. – Me distanciei dela e fiquei andando de um lado pro outro, um pouco nervoso e gesticulando – eu recusei imediatamente porque era uma atitude covarde, porque você confiou em nós e está nos ajudando. Ele ficou constrangido... - Ou ficou magoado por incluir uma estranha assim do nada? – rebateu Cecília com os braços cruzados. Calado e quieto, e foi só com essa pergunta que parecia exigir minha resposta que apagou minha inquietude e tudo que eu pretendia falar porque não sabia responder. Não reconheço mais quem esteve comigo durante muito tempo, quem tive uma amizade franca e quem esteve comigo em tantas situações. Devo me sentir culpa assim? Por não reconhecer mais um amigo inestimável, alguém que parece ser tão valioso? Devia sentir culpa por não sentir..., que ele..., devia mais fazer parte de mim e seguir em frente? Mesmo que por momento, parecia mais conformado e disposto a abandoná-lo do que o entender de fato, escutar seus anseios do que dar uma chance. Enquanto me perdia em meus silêncios, Cecília apenas me fitava aguardando minha resposta. Tão grande foi o desconforto entre ambos que decidi mudar de assunto, e ela consentiu sem titubear. Quis falar sobre qual seria nosso passo agora: - Bom, o que faremos agora? Temos o suficiente para ir com tudo, não é? - É..., mas temos um grande problema agora. – Cecília disse isso com tanto pesar de decepção enquanto dirija até a mesa para se sentar: Caio está com você sabe quem..., ele deve... Cecília ficou em silêncio, e subitamente, como a chuva que desce rasgando o céu e transborda todo chão, sua mente foi transbordada e rasgada com uma expressão de espanto inusitada. Depois correu até seu quarto, como se lembrasse de algo importantíssimo. Fiquei aguardando seu retorno, que não foi tão demorado, e nem tão agradável. Ela estava furiosa, indignada e com seu olhar perdido. Batendo em todos os ângulos da sala, antes de encontrar meus olhos e desaguar aquele mar revolto em mim e meu olhos. Ela disse, embora calma, com sua expressão de medo e fúria: - Ele roubou minhas anotações. - O que tinha lá? - Tudo que precisaríamos para agir e sair daqui.
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