Kátia Pietra
Nossa, essa semana foi tão agitada. Fui forçada pelos meus agentes a fazer um desfile, entrevista pra duas resvistas pop, e um Top show de culinária, vale me Deus! Logo eu que detesto cozinhar e dos seus derivados, do tipo lavar e secar a louça. Teve até uma cena em que os participantes tacavam farinha uns nos outros, que vexame.
Agora estou terminando de me arrumar para o meu gato, hoje é um grande dia pra ele, não quero decepcionar. Optei por um vestido vermelho com decote canoa, o tecido de linho se grudava ao corpo naturalmente, sem a necessidade de ser apertada para tal efeito, até porque o meu biotipo era encorpado, sem muitos exageros, quer dizer... Meu namorado Ruan Carlos achava os meus s***s volumosos, mas na minha opinião eles eram pequenos. Quem sabe um dia, quando colocar silicone, vou por um tamanho considerável ao meu gosto.
Pisco para a minha imagem no espelho, admirando os meus olhos, ainda mais com esse super delineador que ganhei, uma marca estrangeira.
Passo o batom em gloss rosa purpurina. Esfregando os lábios para uma melhor fixação da cor, ao ajeitar o cabelo, dando um último retoque, jogo beijo pegando a bolsa a tira colo. Confiro se os sapatos estão combinando com o look indo atender a porta, já esperando ser o meu moreninho, quando abro dou de cara com um entregador que não perdeu tempo em me dar uma conferida.
_ Bateu na porta errada ou acha que sou novela pra ficar assistindo?
_ Hã! Ahhh... _ Coçou o pescoço evergonhado. _ Isto é para a senhorita.
Me entrega uma cesta de flores, eram simples margaridas... No meu íntimo detestava elas e tinha uma razão bastante hilária pra isso.
Ao pegar ele ainda ficou lá parado.
_ Precisa de mais alguma coisa? Há, só um instante. _ Corri para buscar a gorjeta. _ Tome, isso é pelo seu serviço.
_ Obrigado. _ Diz ao colocar a grana no bolso meio sem jeito. _ Mas...
_ O quê você quer?
Cheiro as flores e rapidamente afasto do meu nariz e começo a espirrar, todavia controlo a alergia coçando a pele recém irritada.
_ Gostaria de um autógrafo. Minha noiva é apaixonada na marca do seu biquíni, além de lhe admirar tanto ao ponto de não acreditar que não aceitou o papel daquele seriado, a do suspense policial.
O olhei intrigada.
_ Está por dentro dos meus passos, garoto.
Ele riu.
_ Sabia que no fundo me arrependi de não ter aceitando?
_ Deveria ter interpretado a Manuela, esse papel era perfeito para a senhorita, tanto que não haverá próxima temporada. _ Comentou ele desapontado.
_ Sério? Não sabia disso, os meus dois agentes não me informaram e são pagos pra isso.
_ Pois é... _ Ele se aproximou, estranhando dei dois passos para trás. _ ... Calma, só queria lhe informar... Sei que pode soar presunção minha, mas devo dizer assim mesmo, permita-me?
_ Fiquei curiosa, prossiga. _ Incentivo.
_ Eu e a Carlinha somos estudantes de publicidade, estamos nos especializando em cuidar de artistas em geral e temos até uns contatos no... _ Sorriu ele. _ ... estúdio, onde será exibida a última gravação da série.
Abriu um largo sorriso.
_ Estou impressionada, como dois ninfetos no mundo artístico poderia alavancar a minha carreira?
A alegria dele se dissipou.
_ Perdão, só quis ajudar. Não está mais aqui quem falou.
Quando decidiu dar meia volta, senti o peso das minhas palavras sobre aquele rapaz ingênuo.
_ Ei! _ Ele se virou. _ Volte aqui, deixe o seu cartão.
Retornou alegremente me entregando em mãos, ao ler "Agentes Brum" dei um sorriso.
_ Esse é um sobrenome inventado?
_ Não, é o meu. Por que? Achou r**m? Pega ruizão para os negócios?
_ Acalme-se... Achei interessante. _ Mirei o cartão e depois nele. _ Promissor. _ Afirmo fazendo-o ficar nitidamente aliviado.
_ Que bom. Caso seus agentes não fizerem o trabalho deles, garantimos um ótimo futuro, e nem precisa nos pagar, vamos considerar um estágio, um aprendizado.
Pensei na fortuna que sou forçadamente a pagar pra àqueles dois debi loides, pensando que se conseguisse economizar daria até para comprar o meu preciosíssimo jatinho particular. Poderia me ver viajando tranquilamente, sem precisar encostar nas pessoas... Que maravilha.
_ Obrigada, caro senhor agente B. Entrarei em contato.
Nos despedimos formalmente. Cada um tendo o seu sonho realizado. Ele exercendo uma função de qualidade para uma top model de linha enquanto eu ficaria mais e mais rica. E quem sabe chegar às passarelas de Ibiza. Top, super top.
Entro para o apartamento pegando o bilhete da cesta.
" Minha Kátita, precisei me ausentar o dia inteiro. Por favor, não fique chateada com o seu moreno. Enviei um táxi, sabendo das condições do seu carro, ele está te aguardando, farei de tudo para chegar em casa antes de você.
Assinado o amor da sua vida, Ruan Carlos.
Rapidamente larguei a cesta e os cartões num canto e corri para sair do apartamento.
Uma namorada qualquer ficaria braba com esse contratempo, menos eu. Sou bastante resolvida para me deixar ser levada por meros lances da vida.
Lá fora o táxicista perguntou o meu nome, ao confirmar, entrei no seu veículo.
Depois de uma hora cheguei num bairro tranquilo, harmonioso.
O táxi parou de frente para uma casa típica de subúrbio, sem cercas ao redor.
Com tudo acertado, saio do veículo agradecendo ao gentil senhor.
Ando no chão de ladrilhos ajeitando o vestido.
Ameaço bater na porta até que encontro a campanhia. No primeiro toque uma mulher de incríveis cabelos negros, olhos acinzentados e um sorriso sensual, abriu a porta.
_ Olá, sou a Beti madrinha e tia do Ruan. Entre, os homens da casa estão se periquitando, parecem noivos... _ Gesticulou ela.
Como fiquei um tanto sem ação, pela primeira vez em tempos, a mulher me puxou com cuidado até estarmos as duas na sala.
_ Se sinta a vontade. _ Fecha a porta.
Reparo na modesta casa, embora simples tinha um cheiro de...lar.
_ Nossa, você é modelo? É uma mulher muito alta, além de linda, diga-se de passagem.
_ Tiaaa... Deixa a minha namorada.
Surge o meu gostoso e corro para abraça-lo, beija-lo, senti-lo.
_ Oi amor... _ Seu abraço me enlaça. _ Vejo que não está zangada. _ Diz roçando na minha boca.
_ Sou o motivo, ele foi me buscar no aeroporto. O chatonildo do meu irmão mais velho, não quis ir, então o sobrinho lindo da titia se prontificou.
_ Quem é chato?!
Uma voz grossa e arrepiante adentrou no recinto, quando Ruan me virou ainda me abraçando, agora de lado, dei de cara com um homem bruto, de aparência áspera e que me olhava... como se fosse pego de surpresa.
_ Kátia Pietra esse é o meu paizão.
Ao nos apresentar, o homem casca grossa se aproximou me dando um simples "Olá" e passando direto por nós, deixando seu perfume forte no ar.
_ Desculpe os modos do Carlão...
_ As vezes ele é um ogro, mas é boa gente, pelo menos nós que somos da família achamos isso. _ Completa sua tia de forma sarcástica.
_ Parem de falar como se eu não estivesse presente. Filho cadê sua mãe?
Pergunta de costas indo se sentar no sofá.
_ Disse que está chegando, se tivesse ido buscá-la de moto já estaria entre nós.
Carlão olhou com desdenho.
_ O namoradinho dela vai trazê-la.
O cara robusto pega uns amendoins sobre a mesa, ao nos ver ali, oferece... olhando diretamente pra mim.
_ Não, obrigada, sou alérgica.
Vira a cara amarrada pro lado como se houvesse alguém com ele.
_ Fresca...
_ Como é?! _ Resalto.
_ E lá vamos nós... _ Fala a Beti.
_ Pai!
_ Tá bom... desculpa, sente-se. _ Seu olhar duro buscou pelo meu. _ Vamos dialogar como uma família.
Engoli em seco pela força da sua expressão.
_ Assim que se fala mano. Vou arrumar a mesa, minha ex cunhada deve estar chegando, eu sinto.
A mulher de cabeleira n***a se afasta, enquanto meu moreno me põe para sentar quase colada ao seu pai, sorte que ele educadamente se distanciou. Ruan sentou na outra ponta, nos observando.
_ E então... O que faz da vida? Kátia Pietra. _ Despeja um sorriso irônico. _ Deixa eu ver.... Modelo? Eu presumo.
Ergo uma sobrancelha, desafiando sua postura contrária.
_ Sou bem mais do que aparento ser... Carlão.
Ainda sustentando o risinho irritante prosseguiu.
_ Nota-se.
Cruzo as pernas e seus olhos acompanham o movimento.
Isso será interessante. Pensei.