**Capítulo 7**
**Jamille**
Após me despedir do Dr. Max, minhas amigas e eu entramos no prédio. Karine não hesitou em comentar:
— Amiga, que homem encantador é aquele com quem você saiu do carro?
— Ele é meu chefe, amiga. Sou assistente dele.
— Uau, que homem charmoso! Você realmente é sortuda — exclamou Karine, bem animada.
— E nem nos apresentou, né? Você é esperta — Bruna interveio — aliás, percebi que ele não desgrudou os olhos de você.
Elas riram, e eu senti um leve rubor em meu rosto.
Quando chegamos ao meu andar, elas entraram no meu apartamento. Sentamos no sofá e Bruna disse:
— Compartilhe tudo conosco, amiga. Ele nunca tentou algo com você?
— Você acha que está tão evidente assim, meninas? — perguntei, envergonhada.
— Com certeza! — responderam em uníssono, rindo.
Eu ri junto e revelei:
— Tivemos um beijo intenso na semana passada, meninas. — Elas começaram a aplaudir e gritar, efusivas.
— E o que mais aconteceu, amiga? — perguntou Marcela.
— Nada mais, amiga. Ele me chamou para sair, mas eu não aceitei — respondi, e elas fizeram uma expressão de decepção.
— Por quê, amiga? Ele é comprometido? Nós sabemos que você não é — Bruna questionou.
— Não, meninas, que eu saiba ele não está comprometido. Mas não desejo me envolver com ninguém neste momento.
— Amiga, você nos contou recentemente que sofreu um relacionamento abusivo com seu ex. É por isso que você não quer se envolver com seu chefe? — Marcela perguntou, e me encolhi no sofá.
— Vou compartilhar a vocês, mas não se assustem. Se eu começar a chorar, meninas, é porque meu relacionamento com meu ex-namorado foi muito traumático e, se não fosse pela Dra. Rafaela, acredito que eu poderia ter tomado uma decisão drástica.
Elas me encararam espantadas, mas tomei coragem e comecei a relatar minha história dolorosa com Júlio. Durante o relato, precisei pausar várias vezes para enxugar as lágrimas. Recordar de tudo, das humilhações e agressões que enfrentei, ainda era insuportável. Bruna não conseguiu conter a emoção e começou a chorar também; nesse momento, Marcela e Karine se aproximaram, e juntas nos abraçamos. Recebi tanto carinho e conforto das minhas amigas que meu choro se transformou em um sentimento de gratidão por Deus ter colocado as três em meu caminho.
— Agora chega de tristeza, amiga! Você é livre para aproveitar sua vida e nós vamos te ajudar, certo, meninas? — Bruna afirmou, e as outras concordaram.
— Aposto que você nunca foi a uma boate, né, amiga? — Marcela perguntou.
— Nunca fui, amiga. A cidade de onde venho é muito pequena e não tinha boates. Mesmo que tivesse, eu tinha certeza de que Júlio não me levaria — respondi.
— Então está mais do que na hora de você conhecer uma balada, amiga. Recentemente abriu uma boate no Asa Sul. Nós estávamos planejando ir lá no sábado. Quer se juntar a nós?
— Sério, meninas? Mas eu nem tenho roupa de balada — comentei, e elas riram.
— A gente te empresta, amiga. Na verdade, vamos te ajudar a se produzir. Não é, meninas? — Bruna disse animada.
Marcela e Karine bateram palmas em concordância com Bruna. O clima se tornou muito mais leve.
— Vamos arrasar na boate, meninas! Vou convidar o Iago para nos acompanhar — Bruna disse, levantando-se do sofá e me puxando para cima. — Agora, amiga, chega de tristeza! Você vai se divertir conosco!
— Obrigada, meninas, vocês são incríveis! Quero muito aproveitar minha juventude; essa foi uma das razões que me fez sair da minha cidade — respondi.
— Nós somos um pouco malucas, amiga, mas sempre estaremos juntas nas tristezas e alegrias — comentou Karine. — Você agora faz parte do clube das Maluquetes. Nosso lema é trabalhar, malhar, comer e pegar — ela brincou, rindo.
— Pegar, amiga? Como assim? — perguntei, e elas caíram na gargalhada.
— Ai, amiga, você é tão ingênua! — Karine respondeu, ainda rindo. — pegar com os caras, amiga! — comecei a rir também da minha inocência.
— Falando em pegar, você deveria ter uma aventura com seu chefe charmoso, amiga — comentou Marcela, de forma despreocupada.