Maxsuel, vulgo Monstro...
Para aquela noite ficar melhor, só faltava meu samba entrar para os três finalistas. O sorriso que a mina me deu, ficou fácil para eu sacar que ela estava na mesma vibe que eu. Nem sei onde foi parar a danada da minha irmã. Na verdade não sabia se tinha mais alguém naquele lugar que ela e eu. — Oi Galega! Queria mesmo te ver, não te esperava por aqui.
— Porque não! É proibido loira no samba?
— Não. — Acho graça. — É só olhar para sua volta que tá cheio de loira aí na quadra. Loira do pentelho preto, mas ainda sim, loira.
Ela estava com um copo na mão, o liquido dentro parecia água. Foi golar justamente quando abri minha boca para descrever as loiras de fármacia na quadra. Não acostumada com meu jeito de falar, a Galega engasgou. Só me restou dar uns tapas nas costas dela, enquanto o liquido que ela bebia saia por tudo quanto é buraco, principalmente o nariz. — Você tá bem?!
— Óbvio que não. — Ela responde prendendo o riso. — Não dar para ouvir o que disse sem reagir. Vou ter de ir ao banheiro, minha maquiagem deve estar toda borrada.
A segurei pelo braço, impedido que ela saísse da minha frente naquele instante. — Você está gata, mó gostosa. — A vi engolir em seco.
— Já volto. — Ela saiu e foi em direção ao banheiro feminino que ficava nos fundos da quadra.
(...)
A Galega não demorou muito no banheiro, para minha sorte. Tinha outra mina com ela, meio patricinha, mas era maneira. Chato era a gazela que estava junto a elas, me encarando a todo momento, pode ser nóia da minha cabeça, mas acho que ele sacou a minha condição. Não que fosse um segredo ela saber que eu sou o dono dessa merda toda, o problema é que gostei dessa mina, quero que ela goste do Maxsuel e não que se torne mais uma mamada atrás do poder do Monstro.
Devo está feito um babaca, Marcela também me olhava de um jeito curioso. Minha irmazinha de certo estava estranhando a maneira que ando me comportando. Talvez esse aqui seja eu, muito mais verdadeiro do que o cara que foi feito dentro da condição que cresci. Na verdade eu deveria esquecer todas essas porras, e viver a merda do momento que me estava sendo proporcionado, ainda mais agora que irão dizer os três sambas finalistas.
(...)
Triana Müller...
Não sei se por preconceito, mas se envolver com um carinha da favela, era algo complicado e fora de cogitação para mim. Imagina, sem querer, me amarrar em um bandido? Fiquei aliviada em saber que o Deus do ébano a minha frente, é um sambista, um compositor. Se meu pai tivesse vivo e minha mãe aqui no Rio, diriam que é um vagabundo.
Mas o que isso importa?
Só irei curtir um carinha, não me casar com ele. Mesmo assim, era um medo real que eu tinha. Rachel estava toda amorosinha, me dava cada piscadela que me deixava com vergonha.
— Hoje você não volta para casa. Vai tirar o atraso. — Ela cochicha no meu ouvido.
— Deixa de ser doida, acabei de conhecer o cara. Acha mesmo que irei sair dando para ele? — A tiro dos seus delírios libidinosos.
— Porquê é trouxa. — Ela responde com cara de sem vergonha, dando uma extensa golada no energético de sabor coco com açai que trazia na mão. — Eu comeria esse brownie inteirinho hoje.
Rachel estava no seu normal, quem estava diferente era Alexei, quando a bateria tocava ele dançava no modo rainha de bateria, contudo, quando parava a orquestra de batuque, ele tinha um olhar inquisidor para cima do Max. Perguntei várias vezes se havia algum problema, a resposta era sempre a mesma, que não era nada.
Aquele não era o momento de pensar em Alexei, era o momento de curtir. Na hora da apresentação do samba o de Max foi o mais ovacionado, não que eu seja expert no assunto, mas achei justo a pompa encima dele, na minha humilde opinião o samba de Max era o melhor, e será muito merecido se for para final.
Enquanto o samba era apresentado, ele bailava como um mestre sala e me rodopiava segurando com somente um braço na minha cintura, foi o momento mais animado da noite. Depois de sua apresentação, Max me levou para área externa da quadra e me presentou sua boca de beijos calorosos, tão flamejantes capaz de me fazer pulsar, e quem sabe dar a louca como me sugeriu Rachel.
— Espera! — Pedi com a boca dele sufocando a minha.Tentei freiar um pouco a onda libidinosa daquele momento, ele passeava suas mãos grandes pelo meu corpo, me deixando vulnerável e totalmente receptiva a ele. — Vamos nos acalmar, senão desse jeito...
— Desse jeito o quê? — Sou interrompida por sua forma brusca de falar. — Está com medo de sair do modo mocinha de família e virar uma mamada da favela? — Ele tinha o nariz dentro dos meus fios, respirando o perfume do meu cabelo e sua voz grave acima da minha orelha, eriçava os pelos do meu corpo.
Conversávamos em meio aos beijos calorosos e ofegos. Max não me dava tempo para pensar, ele me fazia perder o controle — Não sei bem o que é mamada, mas deve de ser algo r**m.
— Não necessariamente é r**m, entre quatro paredes toda mulher tem que ser uma putta mamada. E você não me engana com esse jeitinho de mocinha recatada.
Não me dava tempo de responder suas falas um tanto machistas. Escorada ao amontoado de concreto, na parte exterior da quadra ele tinha mão grande massageando meu seiio por cima da blusa, enquanto sua boca carnuda se dividia entre beijar meus lábios e meu pescoço.
Fui salva pelo anuncio na quadra, senão era bem capaz de me tornar a tal mamada ali mesmo. Tamanho desejo que Max provocava em mim, que me fazia perder o juízo. — Hora de saber se meu samba está nos três mais.
— Vai estar, tenho certeza. — Max me deu mais um chupão na boca e me arrastou pela mão, para dentro da quadra novamente.
O que todos imaginávamos aconteceu, o samba de Max foi para final. Ele ficou radiante, suas expectativas foram cumpridas. Tentou que eu fosse com ele para um lugar que ele chama de cafofo, mas não aceitei.
Não era o momento.
Dessa vez trocamos telefones, não dava para negar a química que estava rolando entre a gente, então porque não manter o contato, se era isso que queria.