Monstro...
A puxava pelas tranças, assim não machucava, da última vez que a levei pelo braço, Marcela fazia tanta força comigo, que o braço magro dela ficou roxo por dias, parecia que eu tinha espancado minha irmã. Não que alguém tivesse alguma p***a a ver com isso, gosto que me temam pelo motivo certo, não pela fofoca errada. Pelos cabelos ela não puxa, vem andando comigo pianinha, o medo de desarrumar era grande.
— Me solta Max, não vou fugir.
Sem olhar para ela, respondo. — Me enganou duas vezes hoje, que tipo de otárioo sou eu, se permitir que me engane pela terceira vez?
— Cadê o educadinho que estava falando com a maluca vestida de crente, hein? Já voltou a ser o Monstro de sempre?
— Nunca fui o Monstro com você. — Continuo a andar e ela toda curvada para que não bagunce seu cabelo.
— Não! não sei como tem coragem de falar isso na minha cara. E o que fez ao Jovi e a família dele.
— Aí na moral! Jovinelson era um otárioo de merda que não sabia selecionar onde enfiava o p*u, o que fiz com ele e o pai foi pouco. O paraiba gostava de dizer... prendam suas cabras que meu bode tá solto, ele deu sorte de o bode dele não ter saído daqui capado. Tá ligado!
— É um hipócrita, acha que não sei que você e o imbecill do Descontrole não fazem farra com novinha, já cansei de olhar pelo buraco da janela do cafofo.
— CHEGA MARCELA! VAI ME OBEDECER, SE AQUELE MERDA DO SEU PAI NÃO CONSEGUE CUIDAR DE VOCÊ, EU VOU. VAI ESTUDAR E SER A MERDA DE ALGUÉM NA VIDA, ENQUANTO EU TIVER VIVO, NÃO VAI SER UMA MAMADA NA FAVELA.
— Você é um chato! Ela desvencilhou o cabelo da minha mão e saiu pisando forte rumo de casa.
— Boa Noite, demenor! Se eu te pegar na rua o couro come. — A advirto.
(...)
Após deixar a danada da minha irmã em casa, me dirigi até o movimento. Do alto do mirante dava para ver as bocas bombando. — Fala ai Mamão! Onde está o Micha?
— Descontrole desceu com o Bondinho, ficou bolado com nós porque tu desceu sem escolta.
— Não preciso de babá nessa p***a. Vou descer para falar com ele.
Bondinho e Micha estavam no forte, uma espécie de casa de armas. Sempre ficavam por ali, organizando e escoltando. Perder o forte paiol, seria como um tiro o coração, por isso os manos melhores, aqueles que serviram o exército sempre ficam de frente. Cheguei e, meu meio irmão por parte de pai, veio bancando a cuidadora. Por ser mais velho e o cara da segurança, ele se sente tipo um guarda do rei, que sou eu.
— c*****o mermão! Tu foi mermo no Light sem escolta? Me falaram não acreditei. Fica dando mole por aí. Tem vagabunddo Alemão loquinho para te quebrar, estourar sua bola, pro enterro ser de caixão fechado.
Esqueci de dizer, que ele banca o dramático exagerado. — Fui p***a! Fui como um cara normal. Sem escolta, sem arma e sem as peças de ouro. E curti p***a. Vai vendo! Tô cansado de baba ovo do Monstro, por uma hora fui só o Maxsuel.
— Aí, na moral! Tô entendendo esse teu papo não. — Micha discorre com a expressão desconfiada.
— Precisa entender não. O que quero é umas mulherzinhas mais elitizadas, Skank e Uísque. Quando pedir no delivery, fala que não quer mimizenta, hoje estou a fim de regaçar.
— Vou participar dessa festinha também?
— Sempre Mano, nós divide tudo, isso nunca vai mudar. — Nós batemos a mão em um cumprimento de quem fecha, ainda mais os elos.
Fui para o cafofo, precisava por em prática meus pensamentos impuros e acalmar meu monstro interior. Quis f***r aquela galega, mas ela, é pra ser fiel, o tipo de mina pra casar.
(...)
Triana Müller...
Era eu quem dirigia o carro da Rachel, ela e Alexei não tinham condição alguma de guiar um veículo. Estava confessando a eles que tinha muito preconceito com favela e que não vi nada demais, era apenas um lugar pobre, mas muito divertido.
— Calma aí Alice, as coisas não são bem assim. — Quando Alexei chamava alguém de Alice, queria dizer que a pessoa estava viajando. Fazendo referência a Alice no país das maravilhas. — Você foi em uma época eleitoreira na entrada da favela, lá para dentro o bicho pega.
— Essa encubada gostou da favela porque beijou na boca Alexei. — Rachel não perdia tempo.
— Para! Não é isso, mas claro que minha noite ficou mais gostosa com o beijaço do irmão da Marcela.
— Vestida de crente e com essa carinha de santa, que safadenha hein! Quem é o bofe que não vi mona?
Concentrada no trânsito, só ouvia os dois falarem. — Eu também não vi de frente, só de costas, o corpo parecia está em dia, e a b***a era redondinha dentro do jeans.
— Desenbucha logo Mona! Trocou telefone?.
— Não seu chato, foi só um beijo. — Respondo.
— Uma das meninas estava com ingresso de camarote com open bar da escolha de samba da escola do morro. Queria vender pela metade do preço. Não peguei porque não sei se gostam de samba. — Rachel tira um pouco o foco do assunto
— Eu amo! Sonho um dia poder lacrar como rainha de bateria. — Alexei não perde tempo.
— Que bom que peguei o número dela, vou mandar mensagem para ela segurar os ingressos pra gente. Você eu sei que não vai, para te trazer hoje já foi um baita sacrificio. — Falou direcionada a mim.
— Sem problema! — respondo, fazendo que ambos me olhem efusivamente. — Só não pode ser no dia do meu plantão.
— Olha ela querendo reencontrar o boy.
— E porquê não? — Respondi.
Com eles tinha que bancar a sincerora, senão, de certo não me deixariam em paz.
(...)
Passaram-se quatro dias desde o baile na favela, era estranho sair para farra em plena quarta feira, mas escolhas de samba e enredo são assim, pelo que entendi. Dessa vez tentei pôr uma roupa mais casual, contudo não deixei o meu estilo. De calça jeans, blusa de lese branca bordada e uma sapatilha nude. Cheguei na sala e não seria a Rachel caso não desse pitaco na minha roupa.
— Hoje está melhor, entretanto ainda vai para igreja, ao menos o culto é jovem.
— Chata! E você está linda sua chata.
Passaríamos para pegar o Alexei e depois rumo a quadra de escola de samba na favela.