A festa de casamento foi em um enorme salão com espaço para mil convidados ou mais.Todos alegres e felizes conversando, comendo, bebendo... Menos eu e o Visconde. Estamos sentados de frente para uma mesa imensa, quadrada e comprida. A ornamentação é toda em branco e dourado. Ficamos ali sendo servidos, quer dizer... tentando me servi, pois primeiro o serviçal oferece primeiramente o Visconde, mas ele sempre dizia... primeiro as damas. Todavia, não aceitava nada e ele também não aceita. Não consigo, fico matutando o tempo todo o que irei fazer, não consigo evitar, só tenho pensamentos homicidas com o meu marido Visconde.
Minha mãe toda hora pedindo com gestos para que eu botasse um sorriso amistoso no rosto. Sem sucesso e fico mais carrancuda, com os braços cruzados, mostrando minha insatisfação por essa presepada toda.
— Agora os noivos vão fazer a primeira dança juntos. — Fala meu pai muitíssimo feliz.
Esteban se levanta em seguida pede em silêncio a minha mão, sem ter como fugir desse circo todo, depósito ela na sua. Ele me leva para o meio do salão, ficamos frente a frente, a valsa começa a ser tocada. Uma linda melodia de violino e violoncelo. Amo esses instrumentos musicais.
Faço uma breve reverência para o Visconde, em seguida também o faz para mim como Viscondessa.
Sua mão toca na minha cintura, puxando-me para ele, sua outra mão segura na minha com firmeza. Sem ter o que fazer coloco minha mão livre no seu ombro. Começamos a dançar sem fazer a mínima questão de olha-lo.
— Pelo menos podia olhar-me Juliette? Afinal não sou o vilão dessa história, muito menos um monstro.
— Pronto. Estou a olhar, satisfeito?
— Muitíssimo minha Viscondessa Sanches. Gosto que olhes para mim, seu olhar sempre afeta-me.
— E mesmo Visconde. — Falo em tom debochado. — Não posso dizer o mesmo de ti!
Deu-me uma risadinha irritante.
— Estou a realizar um sonho, a de dançar uma valsa com você, e sabia que só poderia acontecer se fosse minha.
— Ai que se enganas, nunca serei tua... Acha que ganhou uma mulher submissa, vai ser arrepender da escolha que tomastes. — Ameacei furiosa, demonstrando meu escárnio.
— Hum... estás ameaçando-me. Dama rebelde! Assim eu gamo mais em ti, é isso que tú queres?
Mordeu o lábio inferior, ganhando minha total atenção, seus olhos azuis estão em chamas. Agora eu o temi.
A música acaba nesse exato momento, mas ficamos um tempo ali parados nos encarando, sem saber o que se passava realmente na mente um do outro. Se pudéssemos ler mentes... O que esse Visconde estaria pensando agora?
Ele se afastou quando meu pai pigarreou do lado dele para dançar comigo.
Outra música lenta começa a tocar e todos começam a dançar em vota de nós.
— Meu pai... sentirei sua falta...
Sinto um pesar.
— Querida, não vai para muito longe, pode até vim de cavalo nos visitar, continua sendo sua casa. Sempre seremos sua família, sempre será minha princesa. Filha, eu te amo. Estarei sempre contigo.
— Há... Papai.
Choro silenciosamente enquanto passo os dedos na cicatriz do seu rosto. Mesmo com essa cicatriz do lado esquerdo na sua face ele nunca deixou de ser tão belo... tão príncipe. Mamãe corajosa se apaixonou pela fera, porém despertou um príncipe de dentro dele, a história de amor deles daria até um conto de fadas.
Enquanto rodopio com o papai vejo o Visconde me comendo com os olhos, nem pisca, seu olhar é predatório, confiante e mostra todo seu desejo. Visconde quer um conselho? Se contenha e tome um banho bem gelado.
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Estou na carruagem enfrentando o meu destino, angustiada. Sinto seu olhar sobre mim, sem ao menos precisar olha-lo, há.... resmungo em pensamento, por que encara-me tanto? Será que pensa que pode intimidar-me? Com esses incríveis olhos azuis, hum... na certa várias tolinhas caíram e mergulharam nessa fonte azul, mas eu não vou cair na sua beleza exuberante.
Seus pais também estão na carruagem nos acompanhado. Fui apresentada a eles logo após ao velório... quero dizer ao casamento, Senhor Heitor e Valentina Sanches. Engraçado, então Gutierrez é mesmo um segundo nome de Esteban e não um sobrenome da sua mãe, que parece que perdeu depois que se casou com um Sanches. Diferente dos meus pais, minha mãe só acrescentou o Queiroz e agora foi acrescentado o Sanches no meu nome. O Visconde não deixou eu perder os sobrenomes dos meus pais, isso é muito importante para mim.
Dou uma breve mirada para ele, mas logo volto a olhar a paisagem lá fora pela janelinha.
— Agora serei sua mãe.
Sua mãe, minha sogra, fala do meu lado na carruagem que balança sem parar. Quebrando o silêncio.
— Já tenho mãe! — Minha voz saiu ríspida demais.
— Sim, mas eu nunca tive uma filha... então queria que minha nora fosse como uma filha para mim.
— Argh....
O transporte para na hora que iria dizer umas verdades para essa senhora.
Os serviçais abrem as portas da carruagem, saio em seguida, esperando por eles em frente a uma enorme mansão que por coincidência também é de dois andares, toda branca, contudo a arquitetura era mais moderna do que a nossa.
Sou guiada pelos meus sogros para dentro do meu novo lar, o Visconde vem logo atrás, e eles me apresentam a minha criada pessoal. Alici, e a outros empregados da mansão. Todos me dão boas vindas e felicidades. Não Demonstro felicidade alguma, porém aperto as mãos de cada um, esse gesto desperta a atenção dos meus sogros, deixando os empregados encabulados, principalmente Alice, que queria até fazer uma simples reverência para uma Viscondessa. Não permiti que nenhum deles fizesse, não sinto-me a vontade com esse título de nobreza. Infelizmente ganhei mais uma vez a sua atenção, seu olhar de admiração cada vez maior. O que posso fazer para perder o interesse? Se tudo que faço ou digo o estiga mais!
Peço licença para me retirar, sua mãe pede para Alici me acompanhar ao meu quarto dizendo que depois irá me ver e que antes precisava conversar com seu filho.
A criada me ajuda com o vestido, vindo atrás de mim. Subo os degraus da escada cheio de raiva e medo, não dele, e sim de mim mesma. Sei do que sou capaz... Por fora sou uma perfeita dama da sociedade, mas em meu interior habita a mente e a habilidade de um homem, ou seja, sei ler, montar, caçar... atirar... e outras coisinhas mais.