Capítulo 4

1111 Words
Naquela noite dormir foi difícil, eu tinha finalmente reencontrado o Cadu, mas a sensação não foi tão boa quanto eu imaginava. _Quer jantar?_ minha mãe aparece na porta do quarto _O quê?_ olho pra ela distraída _Perguntei se vai jantar_ ela me olha desconfiada _Não, estou meio sem fome. _ Você está bem filha? _ Claro, é só cansaço_ dou um sorriso _Melhor dormir então. _Boa noite mãe. Até pensei em contar pra minha mãe sobre ter visto o Cadu, mas ela com certeza me diria a mesma coisa que me disse a anos atrás, que nós éramos de mundos diferentes demais pra sermos qualquer coisa. Cadu Eu tinha acabado de voltar para o Brasil e jamais imaginei que meu reencontro com a Ana seria daquele jeito. Eu queria falar com ela, saber como estava a vida e tudo mais, afinal nós éramos amigos. _O que achou da comida?_ Débora me pergunta enquanto eu viajava em meus pensamentos _Sim?_ pergunto olhando pra ela _A comida , o que achou?_ ela ri _Uma delícia_ falo sorrindo_ não foi você quem fez não é. _Claro que não _ ela joga o guardanapo em mim_ mas poderia. _Não mesmo_ falo irônico A minha relação com a Débora era boa, nós tinhamos os mesmos gostos a mesma opinião sobre as coisas e nossos pais se davam bem, era um relacionamento tranqüilo. Conheci a Débora na Europa, mas exatamente em Portugal, e ao contrário do que se espera nosso encontro não foi nada romântico , foi aquele típico encontro de balada. Ela diz ter me visto de longe sentado no bar e sem nenhuma cerimônia se aproximou de mim e me ofereceu uma bebida, eu achei engraçado era a primeira vez que uma mulher se oferecia pra pagar uma bebida pra mim, no normal elas sorriam e me olhavam, esperando que eu fosse até elas. _Não acho que eu precise de outra bebida_ falo sorrindo _Então me diz como te levar pra minha casa sem te embebedar? Sim, foi dessa forma que começamos a sair e quando percebi, estávamos noivos. _Como assim você não vai dormir aqui?_ ela segura meu braço _Amanhã cedo tenho que estar na empresa, e nós sabemos que não chego cedo lá se eu dormir aqui_ sorri Dei um beijo nela e desci até a garagem pra pegar meu carro. Entrei no carro e me vi pensando na Ana, me lembrei da pulseira que dei pra ela como presente de despedida, não acreditava que ela ainda tinha. Ana Na manhã seguinte me levantei atrasada e como não tinha mais tempo fiz um coque meio embolado, vesti a primeira calça que vi pela frente, joguei uma blusa preta por cima e sai correndo. Morar em comunidade tinha um lado bom, eu tinha condução rápida pra todo lado e nesse dia o moto táxi me adiantou muito. _Bom dia_ falo sem graça_ desculpa o atraso _ Tudo bem Ana_ ela sorri simpática _ eu acordei agora. Olhei pra ela e parecia ter tido uma ótima noite, me perguntei se o Cadu ainda estaria dormindo, ou se foi embora. _Bem... eu vou arrumar as coisas_ falo Comecei a arrumar as coisas e ouvi telefone tocar, olhei pra cima da cama e era o celular dela.. _ Seu celular está tocando_ grito enquanto Débora tomava banho _ Quem é?_ perguntou _ Eu não sei_ respondo evitando olhar a tela do celular com medo do que veria _Ana atende pra mim por favor_ gritou_ diz que eu ligo assim que sair. Peguei o celular e olhei no visor, era a foto dela com o Cadu , os dois pareciam felizes.. _Celular da Débora_ falo _Quem é?_ Cadu pergunta Eu me sentia i****a por pensar nele, um cara que era apenas um amigo, e que tinha uma noiva agora. _Ana_ falo completamente constrangida _Ah!_ ele pareceu surpreso_ como você está? Ele estava mesmo perguntando aquilo? Era uma situação estranha , eu estava com o celular da noiva dele, e a qualquer hora ela ia sair do banheiro, não era a conversa mais apropriada. _Eu... _Quem é?_ ela aparece _Seu noivo_ entrego o celular pra ela é saio. Vou até a cozinha e minhas mãos ainda tremiam, parecia ter sido pega fazendo algo errado. Eu sabia que não tinha feito nada, e que ela não tinha percebido o meu nervosismo mas mesmo assim, achei melhor terminar meu trabalho o mais rápido possível. _Eu já vou dona Débora_ falo pegando minha bolsa _Obrigada Ana, até amanhã_ ela sorri Andei pelo corredor distraída, pensando na minha vida e no que eu faria pra arrumar outro emprego. A porta abriu e eu entrei no elevador distraída mexendo no celular e respondendo as mensagens da Alana. Alana: Shopping hoje? Ana: To saindo do trabalho agora. Alana: To te esperando na porta do prédio. Ri por que Alana achava que shopping resolvia tudo, e se tinha um lugar que ela gostava de ir era shopping. Sai do elevador e vi Alana sentada no banquinho de frente pra Praia do outro lado da rua, eu estava prestes a gritar por ela quando alguém esbarrou em mim.. _Desculpa_ falo _Tudo bem_ Cadu sorri_ eu estava mesmo querendo falar com você Era algum tipo de perseguição? Não fazia muito tempo que falei com ele no telefone e ele já estava ali de novo. Claro que ele tinha marcado de sair com a Débora e por isso ela demorou tanto pra se arrumar, mesmo assim eu queria evitar ele. _Comigo? _Bem... não achei que fosse ficar tão surpresa_ ele sorri sem graça_ nós... éramos amigos então... Achei que podíamos beber um café juntos qualquer hora Eu sabia que o Cadu era um cara legal e que talvez também quisesse saber sobre mim, tanto quanto eu queria saber sobre ele, mas eu não sabia se era uma boa idéia. Mesmo assim tentei manter minha pose de durona... _É, nós podemos marcar_ falo sorrindo _Que tal amanhã? Ok, eu não esperava que ele fosse tão rápido, eu achava que era algo do tipo que ficaria pra se marcar e nunca aconteceria. _Hum... claro_ falo meio nervosa _Você saí as cinco certo? _Sim.. mas.. _Te espero no café aqui perto , o do lado da padaria._ me interrompeu _Ok. _ falo sem muita certeza Ele entra no elevador e eu olho pro outro lado da rua e Alana sorri com os braços cruzados. _Parece que alguém arrumou um boy no trabalho_ sorriu enquanto me aproximo _É o Cadu!_ a encaro ainda perplexa com o que tinha acabado de acontecer _Quê? Como minha melhor amiga Alana sabia tudo o que tinha acontecido, ela só não sabia o que eu estava sentindo , e por mim não saberia, ninguém saberia. Eu não erraria dessa vez, não cometeria o mesmo erro, agora as consequências poderiam ser bem piores. ***
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