Capítulo 17

1159 Words
**P.V. Príncipe Lien** A minha alegria era tanta que eu não cabia em mim. O sorriso estampado no meu rosto provava isso, e sempre que me lembrava do meu beijo com Kiara, o meu coração disparava. Queria criar o momento perfeito para o nosso primeiro beijo, mas acabou por ser mágico. Quantas vezes imaginei-me a beijar aquela boca travessa, quantas vezes desejei segurá-la nos meus braços, como hoje, e finalmente aconteceu. Só a mera lembrança dos seus lábios nos meus é suficiente para fazer o meu coração acelerar e os pelos do meu corpo arrepiarem-se. Caminho em direção ao alojamento do meu general, sem sono. Uma boa conversa seria bem-vinda. Vejo ao longe ele sentado num banco, a conversar com Solomon. — Alteza — diz, levantando-se e fazendo uma reverência. — Precisa de algo? — Não, só estou sem sono. — Se eu estivesse no seu lugar, também estaria — diz Solomon, com um meio sorriso. Não pude evitar retribuir. Eu mesmo não parava de sorrir. — Bem, somos três homens apaixonados e só um está satisfeito — diz Solomon. — Três? — pergunto, até que vejo Solomon a olhar para Rolf. — Deixa disso — diz Rolf, emburrado. — Não tem problema em gostar dela, Rolf. Ela é linda e parece ter passado por muita coisa — digo, com sinceridade. — Verdade. E já tem algumas pessoas querendo uma oportunidade para se aproximar dela. — Quem? — Rolf pergunta, irritado, com a mão no cabo da espada. — Esta vendo? Admita que está apaixonado por ela — brinca Solomon, fazendo-me rir. — Ele te pegou nessa — digo. — Isso foi um golpe baixo — responde Rolf, olhando para Solomon. — Só tem que admitir e investir nela, é simples — digo, dando-lhe um tapinha no ombro. — Não sei se devo — responde, de cabeça baixa. — Se não fizer, outro fará. Não estava brincando quando disse que tem gente de olho nela. — Não custa tentar, meu amigo. O máximo que ela pode dizer é não — digo, vendo-o a pensar no assunto. — E como foi a tua noite com a Sofia? — pergunto, curioso. — Vou ter muito trabalho com aquela espevitada — eu e Rolf rimos ao ver a sua expressão desolada. — Pelo que ouvi, você ficou fora muito tempo. Agora, vai ter de compensá-la — comenta Rolf. — Verdade, acho que está na hora de ser criativo — digo a eles. — Qual é a tua ideia? — pergunta Solomon. — Aqui perto há uma pequena cascata, com bastante relva em volta. Que tal convidá-las para um piquenique? — Vejo como ficam entusiasmados com a ideia. — Verdade, já nem me lembrava da cascata, mas pode funcionar — diz Solomon, sorrindo. — Fica perto do palácio, podemos ir a cavalo amanhã à tarde — acrescento. — Eu topo. Preciso encontrar uma maneira de amansar a fera — rimos do jeito como Solomon se refere a Sofia. — E você, Rolf? — pergunto. — Tudo bem, também vou. — É isso mesmo, temos de nos unir se quisermos conquistar essas belas damas — diz Solomon, sorrindo. Conversámos durante um bom tempo. Assim, conheci melhor Solomon e descobri que ele era uma excelente pessoa e um general incrível no reino onde vivia. Percebi também que o seu amor por Sofia era forte e verdadeiro, a ponto de ele ter desistido de uma vida de riqueza por ela. Estávamos todos no mesmo barco: apaixonados e a tentar cativar as nossas donzelas. Assim nasceu a amizade entre nós. Quando já era bem tarde, fomos dormir. Voltei para o meu quarto a pensar no sabor da minha princesa, que ainda sentia nos meus lábios. Ela confiara em mim o seu primeiro beijo, e eu garantiria que seria o primeiro e o último homem a beijá-la nesta vida. Com a perspetiva de uma tarde agradável com Kiara, adormeci profundamente. No dia seguinte, acordei renovado. Desci, tomei o pequeno-almoço e fui ao encontro do rei na biblioteca. Bati à porta e esperei que me convidasse a entrar. — Entre, Lien. — Bom dia, majestade — disse, fazendo uma reverência. — Sente-se. Já tomou o café da manhã? — Sim, majestade. — Ótimo. Chegou uma carta do seu pai — disse, passando-me um envelope. — Obrigado — respondi, pegando na carta. Abri-a e li com cuidado. O meu pai perguntava quando voltaria e se estava tudo bem. Como sempre, ele era muito gentil. — Ele está perguntando quando vou voltar. — E já decidiu? — Se não houver problema, gostaria de ficar mais um pouco — disse, receoso da resposta do rei. — Pelo que vejo, a Kiara tem reagido bem a você — respondeu, com um sorriso. — Sim, estamos nos dando bem. Ela é incrível. — Verdade, a Kiara é um espírito livre, sempre envolvida em algo. — Acho que estamos quase a chegar a uma decisão sobre o casamento — disse, e vi o rei olhar-me surpreendido, antes de um sorriso iluminar o seu rosto. — Isso é uma notícia maravilhosa. Tenho o teu pai em grande estima, seria benéfico unirmos as nossas casas. — Sim, o meu pai já me contou algumas histórias de quando eram mais jovens. — Melhor notícia que me podias dar, rapaz. Com a união dos nossos reinos, nada mais será capaz de nos ameaçar. E o mais importante é o sentimento que tenho a certeza que vocês nutrem um pelo outro. — Eu realmente amo a sua filha, majestade. E o senhor sabe que, se ela não tivesse sentimentos por mim, já teria dado um jeito de se livrar de mim. O rei irrompeu numa gargalhada com as minhas palavras. — Isso é verdade, ninguém conhece a minha filha melhor do que eu. Conversámos mais um pouco, trocámos conselhos e depois fui para o campo de treino. Quem sabe, hoje tivesse sorte e encontrasse aquele soldado da última vez. Quando cheguei ao campo de treino, Solomon e Rolf já treinavam com os soldados. Procurei entre eles aquele soldado que me intrigava, mas ele não estava no grupo que estavam a treinar. Ainda descobriria quem ele era, era só uma questão de tempo. Vi o general Rolf a aproximar-se. — Bom dia, alteza — disse, fazendo uma reverência. — Perdoe-me por não o ter esperado, mas pensei que gostaria de descansar mais um pouco. — Não tem problema, Rolf. Tive uma audiência com o rei, de qualquer forma, não poderia estar aqui tão cedo. — Fico feliz que tenha corrido tudo bem. — O meu pai enviou uma mensagem, quer saber quando vou voltar. — Vossa alteza já tem uma data em mente? — Assim que resolver o assunto do meu casamento com a princesa, retornarei. Apesar de tudo estar calmo, não é bom ficar afastado tanto tempo. — Concordo, alteza. Há sempre conflitos entre os reinos menores, será bom tomarmos precauções. — Está decidido. Assim que falar com ela, retornaremos.
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