P.V. Príncipe Lien
Virei-me, encostando as costas na parede, com os meus lábios ainda nos dela. A suas mãos puxavam levemente os meus cabelos enquanto outra acariciava as minhas costas.
— Mudou de ideia? — perguntei, sorrindo.
— Para com isso. Você está dificultando os meus pensamentos — respondeu ela, ofegante.
Comecei a beijar o seu pescoço e vi a sua pele se arrepiar. O perfume dela era delicioso: doce e cálido, com um toque floral. Quando ela se apoiou em mim, soube que a minha estratégia havia dado certo.
— Do que você tem medo? Posso espantar todos eles.
— Para! Não consigo me concentrar desse jeito — disse ela, com a respiração pesada. Mordisquei a sua orelha e vi-a suspirar, tentando segurar um gemido. Um sorriso estampou o meu rosto.
— Apenas aceite, Kiara. Eu jamais permitirei que alguém além de mim a segure assim, como estou agora. Demorei muito para encontrá-la, e não quero ficar longe de você.
— Me dê algum tempo para pensar — respondeu ela, por fim.
— Dou dois dias.
Ela se afastou de mim, quebrando o nosso contato.
— Por quê?
— Preciso retornar ao meu reino. Não queria fazer isso, mas é necessário. — Vi o seu rosto entristecer. — Não se preocupe. Vou conversar com o rei antes. Com o ataque recente, preciso ter certeza de que é seguro partir agora.
Ela se aproximou e me abraçou, encostando a cabeça no meu peito. Acariciei os seus cabelos, tentando passar conforto.
— Acho que você não deveria voltar agora. Vou ficar morrendo de preocupação.
— Já estou aqui há muito tempo. Preciso verificar se tudo está em ordem.
— Eu sei, mas ainda não quero que você vá — disse ela, afastando-se e olhando nos meus olhos.
Acariciei a sua bochecha, sorrindo.
— Sua tola, vou ficar bem — disse, soltando-a. — Preciso ir. Não seria bom alguém me encontrar no seu quarto.
Vi Kiara dar um passo para trás, cruzando os braços com as sobrancelhas arqueadas.
— Acho que você se esqueceu dos guardas do lado de fora — disse ela, sorrindo.
Eu realmente havia esquecido, e após pensar nisso percebo que não estava sendo tão furtivo quanto pensava.
— Bem, então podemos nos casar. Assim, ninguém vai falar nada sobre você. — Sorri de forma travessa.
Ela se aproximou e me deu um tapa no braço.
— Vai logo. Conversamos amanhã — disse, abrindo a porta e empurrando-me para fora.
Ela nem esperou que eu me despedisse antes de bater a porta na minha cara. Os guardas do lado de fora exibiam pequenos sorrisos. Caminhei até o meu quarto, onde também havia guardas e Rolf, que já me esperava.
— Alteza — disse ele, fazendo uma reverência.
— Hoje você vai fazer a segurança por dentro. Também preciso conversar com você — falei, abrindo a porta e esperando que ele entrasse.
Assim que entrou, fechei a porta.
— Do que precisa, Alteza?
— Quero que organize tudo para partirmos em dois dias.
Vi a surpresa cruzar o rosto de Rolf.
— Aconteceu algum imprevisto?
— Não, mas o ataque me deixou preocupado. Se algo estiver acontecendo lá, demoraria para saber. É melhor eu voltar por um tempo.
— Como desejar. Amanhã começarei a preparar o pessoal.
— Ótimo. Vou pedir uma escolta ao rei. É bom reforçarmos o nosso grupo.
— Prudência é sempre bem-vinda. Afinal, não sabemos quem organizou o ataque.
— Isso que não entendo. Não consigo imaginar o que pode ter provocado isso. Nada me vem à memória.
— Vamos encontrá-lo. Ele não poderá se esconder para sempre.
— Espero que sim.
Depois de conversar com Rolf, tomei um banho e fui dormir. O dia seguinte seria cheio.
***
Desconhecido
— Infelizmente o meu ataque fracassou, mas serei mais cuidadoso da próxima vez. Esse príncipe vai me pagar caro por pegar algo que me pertence. A minha vingança está apenas começando. Vou ensiná-lo o que realmente é sofrimento.
A pessoa sorria de forma macabra enquanto planejava sua vingança. O capuz cobria o seu rosto, deixando apenas os lábios visíveis à luz da lua. Os seus pensamentos eram diabólicos, e sua aura refletia o m*l que habitava dentro de si.
***
Na manhã seguinte, antes que eu pudesse procurar o rei, fui chamado à sua presença. Sabia que o ocorrido o incomodava, ainda mais por ter acontecido no seu reino. Bati na porta da biblioteca e entrei. Ele aguardava com uma xícara de chá.
— Servido? — perguntou, oferecendo-me uma xícara.
— Claro! — disse, pegando a xícara das suas mãos. — Obrigado.
— Sente-se. Precisamos discutir algumas coisas.
Sentei-me, aguardando que ele falasse.
— Enviei um mensageiro para informar ao seu pai sobre o ocorrido.
— Entendo. Também preciso lhe dizer algo.
— Fale. Se puder ajudar, farei.
— Vou retornar ao meu reino em dois dias.
Esperei a sua reação, mas ele não parecia surpreso, como imaginei que estaria.
— Imaginei que faria isso. Contudo, acredito que não seria seguro partir agora.
— Sei disso, mas não posso esperar mais. Gostaria de saber se poderia me ceder uma escolta.
O rei me observou sem expressão. Naquele momento, ele não parecia em nada com o pai amoroso de sempre. Era, de fato, um rei.
— Nunca pensei em mandá-lo de volta sem proteção. Já separei alguns bons soldados para acompanhá-lo.
— Obrigado, majestade.
— Não precisa me agradecer. Jamais permitiria que partisse sem escolta. Vou enviar Solomon com você. Ele tem bastante experiência em batalha e será de grande ajuda.
— Sim, ele tem um bom treinamento.
O rei hesitou por um instante antes de continuar.
— Posso lhe fazer uma pergunta?
— Claro. Fique à vontade.
— Você e Kiara chegaram a um acordo sobre o casamento?
— Ela ficou de me dar uma resposta em dois dias, majestade.
O rosto do rei se iluminou.
— Fico feliz em ouvir isso.
— Gostaria de retornar com uma boa notícia para meus pais. Assim, na próxima visita, já poderíamos realizar a cerimônia.
— É uma ótima ideia. Espero que tudo dê certo.
— Eu também. Nada me fará mais feliz do que ver vocês bem.
Depois da conversa, fui procurar Kiara. Encontrei-a na cozinha, conversando com Nana. Ela sorria com algo que Nana havia dito.
— O que é tão engraçado? — perguntei, sussurrando no seu ouvido. Vi-a dar um pulo de susto.
— Como um homem tão grande pode andar tão quieto? — disse Nana, cruzando os braços.
— Vocês é que estavam distraídas — retruquei, sorrindo.
— Quase me matou do coração! — disse Kiara, com a mão no peito.
— Não era minha intenção — respondi, aproximando-me dela, fixando os meus olhos nos seus.
Vi o seu rosto corar. Cheguei ainda mais perto, fazendo os nossos corpos se tocarem.
— Preciso do seu coração batendo forte para o que tenho em mente — completei, sorrindo.