P.V. Príncipe Lien
Eu assistia às brincadeiras com um sorriso no rosto. Era bom, pelo menos por um momento, esquecer tudo o que havia acontecido durante aquele dia. Agora, ali, com Kiara ao meu lado, nada mais importava. Poder vê-la sorrir, observar como os seus olhos brilhavam... Eu poderia fazer isso o dia inteiro. Ela era meu tudo, meu ar, quem iluminava as minhas noites escuras. Em pouco tempo, já não conseguia mais me imaginar sem ela. O ataque de hoje me fez perceber o quanto eu a amava.
— Agora é sua vez, Solomon — disse Kiara. Ela olhou para mim e piscou. — Hora da vingança — murmurou baixinho. Dei risada. Era hora de ver Solomon em apuros.
Vi Solomon jogar a moeda, que caiu em "desafio". Kiara deu um sorriso travesso. Ele estava lascado.
— Desafio, amigo, e quem escolhe sou eu.
— Vê se pega leve.
— Mas é claro.
— Tenho a sensação de que isso não é verdade — disse Elisa, sorrindo.
— Como sou uma boa amiga, vou te dar duas opções: a primeira é você atravessar a represa a nado.
— Você tá louca? Hoje tá frio, a água deve estar gelada. Você não pensa em mim? — Era divertido ver Solomon fazer drama, mas Kiara não cairia facilmente nesse jogo.
— Então aceite o segundo desafio — disse ela, sorrindo.
— Qual é?
— Beber duas jarras de vinho.
Vi os olhos de Solomon se arregalarem.
— Você é c***l, sabia? Eu sou fraco para bebida.
— Não adianta reclamar, te dei duas opções. Escolhe logo.
Vejo Solomon coçar a cabeça. Era engraçado, só Kiara mesmo para aprontar com ele.
— Tudo bem, eu vou beber — disse ele, por fim.
— Ótimo, porque isso vai ser divertido — respondeu Kiara, rindo. Ela se levantou, pegou o vinho que estava na cesta e entregou a Solomon.
— Quem vai me levar para casa depois? — perguntou ele, desconfiado.
— Eu te levo — disse Rolf. — Moramos na mesma ala.
— Anda! Para de enrolar — disse Kiara, cutucando-o.
— Me lembra de nunca mais te chatear — resmungou Solomon, abrindo o primeiro jarro de vinho.
— Infelizmente, você não conhece essa palavra, amigo.
Rimos da careta que ele fez. Relutante, ele virou o jarro e começou a beber. Quando terminou o primeiro, Kiara passou o segundo para ele.
— Deixa eu respirar primeiro — disse ele.
— Respira enquanto bebe — retrucou ela.
Vimos Solomon esvaziar o segundo jarro rapidamente. O seu rosto começou a ficar corado, e os seus olhos ficaram meio perdidos. O vinho fez efeito rápido. Um sorriso surgiu no rosto dele, enquanto olhava para Sofia.
— Soso, você tá tão linda hoje — disse ele, colocando a mão no rosto de Sofia. — Me dá um beijo — falou, inclinando-se sobre ela.
— Nossa! Você não aguenta beber mesmo, Solomon — respondeu ela, empurrando o seu peito.
— Só um beijo, Sofia. Prometo que não conto pra ninguém — disse, com a voz arrastada.
— Nem pensar, Solomon — retrucou ela, esquivando-se. Ele caiu no chão.
— Você é muito c***l — lamentou ele, começando a chorar. — Vim de tão longe pra ficar com você, e você não me dá um beijo.
Nesse momento, não aguentamos e caímos na risada. Sofia estava sentada, com a cabeça de Solomon no colo, enquanto ele chorava.
— Dá logo um beijo nele, Sofia, não seja c***l — provocou Kiara, rindo.
— Isso é culpa sua, Kiara — respondeu Sofia.
— SOFIA, EU TE AMO! — gritou Solomon. — CASA COMIGO!
Era visível que Sofia corava com as palavras de Solomon.
— Aceita, senhorita Sofia, assim ele para de gritar — disse Rolf, sorrindo discretamente.
— Até você? — retrucou Sofia, indignada.
— Solomon, ela disse que não vai casar com você — disse Kiara, cutucando-o. Vimos ele começar a chorar novamente.
— Por quê???? — lamentou ele. — Fica comigo, Sofia.
— Ele tá lascado amanhã. Nunca vou deixar ele esquecer disso — comentou Kiara, sorrindo.
Como Solomon já estava embriagado, paramos de jogar. Aproveitamos a comida que Nana havia preparado e conversamos.
— Vou levar Solomon pra casa — disse Rolf, levantando-se e ajudando Solomon.
— Vou junto — disse Elisa.
— Eu também — completou Sofia, levantando-se. — Vocês vêm?
— Vamos ficar mais um pouquinho — respondi a ela. — Se não tiver problema. — Completei, olhando para Kiara.
— Claro — disse ela, sorrindo.
— Aproveitem, crianças — disse Sofia, afastando-se.
Ficamos apenas nós dois ali, é claro, acompanhados por um monte de soldados.
Puxei Kiara para os meus braços, e ficamos ali parados, observando o céu estrelado.
— Hoje o céu está tão lindo — comentou Kiara, sonhadora.
— Verdade — respondi, olhando para ela.
— Por que está me olhando assim? — perguntou ela, me encarando.
— Gosto de olhar para você — respondi, aproximando-me do seu rosto. — Você é linda. — Coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. — Um pouco teimosa, mas incrível.
Inclinei-a nos meus braços e encostei levemente os meus lábios nos dela. Por mais simples que fosse o contato, o efeito no meu corpo foi devastador. Senti todo o meu ser aquecer, e o meu coração disparou. Ah, Kiara, o que você está fazendo comigo?
Separei o meu rosto do dela e observei o sorriso que crescia nos seus lábios.
— Não tem medo do rei, meu príncipe? — perguntou ela com um sorriso no rosto.
— Acho que sua majestade não se importaria — respondi, acariciando o seu rosto.
— Que homem confiante.
— Casa comigo? — perguntei, vendo a sua expressão mudar.
— Essa decisão não pode ser tomada assim — respondeu ela, séria.
— Por que não? Eu te amo, e tenho certeza de que você também me ama. É simples.
Acenei para ela e me levantei, puxando-a comigo.
— Vamos entrar, está ficando frio aqui fora — comentei. Ela apenas assentiu e me seguiu em silêncio. Acompanhei-a até o seu quarto, para ter certeza de que ficaria bem.
— Obrigada por me acompanhar.
Não respondi. Apenas abri a porta do quarto, puxei-a para dentro e tranquei-a. Vi a surpresa surgir no seu rosto.
— Mas o que... — Suas palavras foram interrompidas quando a minha boca se chocou com a dela.
Prendi o seu corpo contra a parede, as minhas mãos rodeando a sua cintura. Invadi a sua boca com um beijo possessivo, chupando o seu lábio inferior. Ela deixou escapar um gemido satisfeito, a suas mãos puxando os meus cabelos. A minha língua explorava a dela, buscando mais. Quando nos faltou ar, separei-me dela, encostando a minha testa na sua.
— Casa comigo?
— Lien, já disse... — Novamente, tomei a sua boca em um beijo apaixonado.