P. V. Príncipe Lien
Depois de uma noite de descanso, seguimos viagem. Já estávamos perto do reino do rei Elrick, então avançamos a passos confortáveis. Foi uma viagem divertida, sempre havia alguém fazendo alguma brincadeira, e assim, quando percebemos, havíamos chegado ao nosso destino. O sol já se escondia no horizonte, as tochas do castelo estavam acesas e, ao longe, víamos a figura do rei Elrick e da rainha Ismênia nos aguardando.
Assim que descemos, a rainha correu na nossa direção, pegando Kiara em um abraço apertado.
— Você quase me matou do coração — disse ela, chorando e abraçando-a. — Nunca mais me faça isso.
— Foi só uma queda, mãe. Estou bem.
— Poderia ter sido pior, Kiara — disse ela, soltando-a.
— Muito obrigada, príncipe Dylan. Sempre terei uma dívida de gratidão com você — disse a rainha, dando-lhe um rápido abraço.
— Não precisa agradecer, majestade. Sabe que sempre farei tudo o que puder por ela.
— Minha esposa está certa, príncipe Dylan. Se precisar de algo, por favor, não hesite em nos pedir.
— Saber que ela está bem já é recompensa suficiente.
— E você, minha filha — disse o rei, voltando-se para Kiara —, vamos ter uma séria conversa mais tarde.
— Também te amo, papai — respondeu ela, indo abraçá-lo.
— Me desculpe, príncipe Lien, por não recebê-lo direito, mas essa menina quase nos mata do coração.
— Não precisam se desculpar, majestade. Eu também fiquei preocupado quando descobri.
— Vamos entrar — disse o rei, virando-se para os outros. — Hoje teremos um banquete para recebê-los, e todos estão convidados, sem exceção.
Os soldados comemoraram as palavras do rei. Quando chegamos à sala, ele parou e se virou para nós.
— Eu preciso conversar com alguns de vocês — disse ele, e concordamos em esperar as suas ordens. — Kiara, Sofia, Elisa, Solomon e o príncipe Dylan, me acompanhem até a biblioteca, por favor.
Vi o grupo seguir o rei até a biblioteca. Provavelmente, ele queria saber como Kiara se machucou. O rei Elrick era um bom pai.
— Alteza, por favor, me acompanhe. Vou levá-lo até o seu quarto — disse Vitor. Segui-o e, quando cheguei, a tina já estava preparada para um banho. Tomei o meu banho lentamente, retirando toda a sujeira do corpo.
Depois de me arrumar, desci. Vitor, o mordomo, levou-me até outro salão, repleto de mesas bem abastecidas. A maioria dos soldados que nos acompanhavam já havia chegado. Ele me conduziu até a mesa onde estavam os nossos amigos.
Após algum tempo, o rei chegou acompanhado da rainha e de Kiara. Todos ocuparam os seus lugares, e o rei ergueu a sua taça de vinho, levantando a mão para pedir silêncio.
— Hoje é um dia muito feliz para mim. A minha querida filha voltou em segurança, e isso não seria possível sem a ajuda dos valorosos soldados que estão aqui — ouviram-se vários gritos e palmas pelo salão. — Agradeço a cada um de vocês por seus esforços. Agradeço também ao príncipe Dylan, que fez questão de acompanhar a minha filha. Você tem a minha gratidão, príncipe — disse o rei, levantando a sua taça em direção a Dylan. — E não podemos nos esquecer do príncipe Lien, que, acredito, em breve fará parte deste reino. Obrigado por seu cuidado.
O salão explodiu em palmas e assovios. Levantei-me, ergui a minha taça e falei:
— Obrigado por sua hospitalidade, majestade. Agradeço a todos que se esforçaram para trazer a princesa em segurança. Mas também gostaria de agradecer àqueles que não estão mais aqui — o salão ficou em silêncio. — Sei que perderam amigos queridos, que deram a vida para me proteger, e sempre terei uma dívida de gratidão com eles. Lamento não ter podido participar das suas despedidas, mas pretendo visitar as suas famílias e expressar a minha gratidão — declarei, levantando a minha taça. — Aos que se foram!
Os soldados seguiram o brinde, erguendo as suas taças.
Havia música, vinho e muita comida. Os soldados aproveitavam o banquete. Kiara e as outras, em certo momento, foram dançar ao som da música.
A noite estava muito agradável, e a conversa fluía naturalmente na nossa mesa. Tudo estava tranquilo até que ouvimos gritos vindos do corredor. A música parou, e Nana entrou desesperada no salão. Corremos até ela e a sentamos em uma cadeira.
— Se acalme, Nana. Me diga o que aconteceu — pedi. Ela respirava com dificuldade.
— Uma tragédia — disse ela, com a mão no peito. — Na sala do trono...
Não esperamos mais nada. Corremos até a sala do trono. Quando chegamos, vimos o irmão de Elisa morto, com uma espada cravada no peito, sentado no trono do rei. Aproximando-nos, percebemos que havia uma mensagem nas suas mãos. Ouvimos um grito e vimos Elisa correndo em direção ao corpo do irmão. Ela se jogou sobre ele, chorando descontroladamente. Rolf foi até ela e tentou afastá-la, mas ela não saía. Com esforço, Rolf entregou a mensagem ao rei, e esperamos ansiosos.
— Temos que fazer algo! — disse ele.
— O que diz, pai? — perguntou Kiara.
— "Isso é só o começo" — leu o rei, sério.
— Eu não entendo. Por que fazer isso com o Alder? — perguntou Kiara.
— Foi um aviso. Acredito que seja porque Elisa está sempre perto de nós — afirmei.
— Faz sentido — acrescentou Dylan.
— Vou levar Elisa para o meu quarto. Depois conversamos — disse Kiara.
Com muito esforço, Kiara e Sofia conseguiram tirar Elisa de cima do corpo de Alder. A situação estava ficando insustentável. Seria nosso fim se não descobríssemos quem estava por trás disso. O rei começou a dar ordens. O que era para ser uma festa virou um alvoroço. Soldados retiraram o corpo de Alder do trono. Após alguns minutos, o general Rock se juntou a nós. A segurança foi reforçada, e seguimos para a biblioteca para uma reunião.
— Acredito que isso esteja ligado ao príncipe Lien. Os outros atentados também foram contra ele — disse o general Rock.
— Também acho. Sem contar que tudo estava tranquilo, mas agora que você voltou, atacaram novamente — concordou Rolf.
— Precisamos descobrir o porquê dessa perseguição ao príncipe — disse Solomon.
— Você não se lembra de nada que possa nos ajudar, príncipe Lien? — perguntou o rei.
— Infelizmente não. Nos outros ataques, eles vieram direto para mim, sem hesitar. Essa é a primeira vez que usam alguém para me atingir — respondi, pensativo.
— Só não entendo o motivo de, entre tantas pessoas, terem escolhido a Elisa — disse Dylan. — Estamos deixando passar algo.