P. V. Príncipe Lien
— Não se preocupe, alteza. Para mim, Kiara é como se fosse minha irmãzinha. Só queria ver a sua reação — diz ele, rindo.
— A Sofia está aí? — pergunta Solomon, se aproximando.
— Sim — diz Kiara. — Vem, Sofia.
— Por que paramos? — pergunta Sofia, descendo da carruagem.
— Oi, amor — diz Solomon, abraçando-a.
— Sol! Estava com saudades.
— Vem andar comigo a cavalo, assim podemos conversar — ela assente e vai com ele.
— Viu como ela me abandonou fácil? — diz Kiara, fazendo bico.
— O nome disso é saudade — comenta Elisa, saindo da carruagem. — É bom revê-lo, alteza — diz ela, fazendo uma reverência para mim.
— Tem alguém que está com saudades de você também — digo, vendo a suas bochechas corarem.
— Rolf! — chamo, e vejo o general se aproximar. — O que acha de acompanhar um pouco a senhorita Elisa?
— Se ela se sentir confortável com a minha presença — responde ele, sério. Gostavamos de o provocar com Elisa, mas Rolf sempre se mantinha firme diante dela.
— Está tudo bem — diz ela, olhando para mim. — Espero que aproveite a companhia da princesa — completa, afastando-se com Rolf.
— Eu é que não vou ficar de vela — diz Dylan, pegando o meu cavalo e se afastando. Ajudo Kiara a entrar na carruagem e seguimos viagem.
— Estava com saudades — digo, puxando-a para o meu colo. Vejo o seu rosto corar com a nossa proximidade. — Você está ainda mais linda do que antes.
— Você está muito galante.
— Não se preocupe, os meus galanteios são apenas seus — digo. Os olhos de Kiara eram a coisa mais linda que já vi. Eles sempre me encantavam, mas, naquele momento, depois de tantos dias separados, só queria beijá-la até perder o fôlego. E foi o que fiz.
Olhando nos seus olhos, aproximo-me até encostar os meus lábios nos seus, beijando-a com carinho, lentamente, para que ela sentisse toda a saudade que eu estava dela. A suas mãos envolveram o meu pescoço, puxando-me mais para si. Mordi o seu lábio e ouvi um gemido suave escapar. A minha língua contornou a sua boca, chupando levemente o seu lábio inferior. Uma da suas mãos apertava a minha cintura, enquanto a outra dava leves puxões nos meus cabelos, aumentando a minha excitação.
O nosso beijo foi ficando mais urgente. Ela abriu a boca, permitindo que a minha língua acariciasse o seu interior macio e quente. Puxei-a mais para perto de mim, apertando-a contra o meu peito. Então, ouvi o seu gemido, mas era de dor, não de prazer. Rapidamente, afastei-me dela. O seu rosto estava pálido, e os seus olhos fechados.
— O que foi? Te machuquei?
— Meu ferimento — disse ela entre dentes.
— Deixe-me dar uma olhada — pedi. Ela abriu os olhos, me olhando espantada.
— É claro que não! Eu teria que tirar ou erguer o meu vestido para isso.
— Tudo bem, vou chamar a Sofia — quando ia sair, ela segura a minha mão me detendo.
— Não precisa, estou bem.
— Tem certeza?
— Tenho — respondeu, sorrindo. — Quase que a sua saudade me mata.
Olhei para ela e dei risada, pegando-a novamente nos meus braços, com cuidado para não machucá-la.
— Vou pedir para o seu pai te trancar pelo resto da vida — brinquei, beijando os seus cabelos.
— Pode tentar, mas nenhum de vocês é páreo para mim.
Parecia que tudo estava perfeito. A mulher que eu amava estava nos meus braços, tínhamos um lindo futuro pela frente. Mas algo ainda me incomodava. Por mais que tudo estivesse calmo, eu sabia que ainda havia uma ameaça nos rondando, e faria de tudo para mantê-la segura.
Aquele dia, acampamos na floresta. Como os dois grupos eram grandes, não tínhamos pressa para chegar. Haviam feito uma fogueira e estavam assando um veado que um dos soldados havia abatido. O clima entre todos estava agradável. Aproximei-me e sentei atrás de Kiara, envolvendo-a com os braços.
— Pode parar, vocês dois — diz o príncipe Dylan. — Não aguento mais ver demonstrações de afeto.
— Você diz isso porque não sabe o quanto é bom estar perto de quem gostamos — diz Kiara, sorrindo.
— Você ainda não conversou com ela? — pergunta Solomon, deixando Dylan vermelho.
— Ele tentou — diz Kiara, rindo —, mas ela saiu correndo, assustada. — Ela cai na risada.
— Você precisa de umas dicas? — pergunto.
— Vão rindo. Ela vai me aceitar, sei disso.
— Você foi muito direto com ela. Deveria ter sido gentil, chamado-a para passear ou dividido uma refeição — diz Sofia. — Provavelmente, ela pensou que você queria se aproveitar dela.
— Será? — pergunta Dylan.
— Também acho. Ela gosta de você. Pude perceber nos dias que fiquei lá — diz Kiara.
— Já contou ao seu pai? — pergunta Solomon.
— Já. Ele não é contra. Depois que, supostamente, a Kiara me deu um fora — diz ele, sorrindo para Kiara —, eu caí no conceito das outras princesas.
— Não reclama. Eu ganhei o título de rainha do gelo, e você não se casou. Todos saíram ganhando.
— Imagino o que elas não dizem de você pelas costas — comenta Solomon, rindo.
— Não gosto nem de pensar — diz Dylan, encolhendo-se.
— Quando voltar, seja sincero com ela. Convide-a para dar um passeio e conversem — sugere Rolf.
— Acho que a minha visita deve tê-la confundido. E, depois da queda, acabei ficando no seu quarto. Ela deve estar pensando um monte de bobagens — fecho a cara.
— Como assim você ficou no quarto dele?
— Ela não só ficou no meu quarto, como dividimos os lençóis — brinca Dylan, rindo. Kiara pega uma pedra e joga nele.
— Não se preocupe, alteza. O príncipe Dylan se preocupa muito com a princesa. Ele ficou preocupado, então ela dormiu no quarto dele, apenas isso — explica Elisa.
— Não puxe o saco dele, Elisa — digo, vendo-a corar.
— Puxa sim, Elisa! Eu fui um bom anfitrião — diz Dylan, sorrindo.
— Você sabe que é bem mais que isso, Dylan. Você é meu irmão, e eu te amo muito — diz Kiara, sorrindo.
Era visível o carinho de Kiara por ele, e eu sempre seria grato a Dylan por sua ajuda. Era bom saber que tínhamos um bom relacionamento. Afinal, seríamos futuros líderes dos nossos reinos. Ficamos bastante tempo conversando. Estávamos entre amigos. Aqui não havia separação entre pessoas, havia apenas amigos compartilhando uma boa conversa.