**P. V. Princesa Kiara**
Quando chego, converso rapidamente com Lien e retornamos ao castelo. Todos já estavam lá nos esperando. Papai conversa com Lien e se volta para mim, agradecendo por eu não estar lá. Quando digo que estava fazendo um parto, vejo Elisa olhar-me intrigada. Droga! Não posso esquecer que Elisa ainda é suspeita, preciso esclarecer isso com ela depois.
Quando acertamos tudo, vamos para a cozinha e o meu pai vai à biblioteca conversar com os outros.
— Que bagunça, graças a Deus o menino está bem? — diz Nana, erguendo as mãos aos céus.
— Sim, também fico aliviada, Nana — digo a ela.
— Esses bandidos estragaram a nossa tarde — diz Sofia, sentada com as mãos nas bochechas.
— Eu estava ansiosa para conhecer a cachoeira — diz Elisa.
— Vamos voltar outro dia, você vai gostar de lá.
— Vai demorar para voltarmos lá, agora estamos com toque de recolher, lembra? — diz Sofia.
— Eu ia sugerir uma escapada, mas sei que vocês não vão topar — digo, cruzando os braços.
— Lamento, Princesa, mas não vou ser responsável se alguém fizer algo com o seu traseiro real — diz Sofia de forma sarcástica. Eu reviro os meus olhos com o seu comentário.
— Ela tem razão, Alteza, o rei nos esfolaria se algo acontecesse a você — diz Elisa.
— Sossega, Kiara, daqui a alguns dias isso se resolve.
— Escuta a Sofia, menina, e não tenta dificultar as coisas — diz Nana.
— Vou me comportar, só estava brincando.
— Eu nunca vi alguém tratar a gente como o rei fez — diz Elisa.
— Ele se preocupa com todos, Elisa, e ele tem razão. A gente vive perto do Lien, pode ser que acabe sobrando para nós essa história.
— Mesmo assim, se fosse outro, não faria isso.
— Nosso rei é muito generoso, menina Elisa, sempre faz muito por todos, como um rei deve fazer — diz Nana.
— Me sinto m*l por não poder comer as coisas que a Nana fez — diz Sofia. Caímos na risada com a sua cara triste.
— Na verdade, ainda podem — diz Lien da porta, nos assustando. Vejo Elisa e Sofia correrem para fazer uma reverência para ele.
— O que você está aprontando? — pergunto com um sorriso.
— Vamos fazer um piquenique tardio no jardim, o que acha?
— Acho que é uma ótima ideia — digo, indo até ele.
— Não se preocupem que teremos escolta — diz Lien, rindo.
— Imagino — digo, pegando a mão que ele estendia para mim.
— Aproveitem, não deixem que tudo o que aconteceu hoje estrague a diversão de vocês, crianças — diz Nana.
— Pode deixar, Nana — diz Sofia, dando um beijo nela e saindo com Elisa.
Caminhamos em direção ao jardim, que agora estava todo iluminado e com guardas por todo o lado.
— É, o príncipe não exagerou quando disse que teríamos escolta — diz Elisa, surpresa.
Chegamos à margem do lago. Solomon e Rolf já estavam lá. Eles haviam colocado várias toalhas e almofadas e arrumado as comidas que estavam na cesta. Sento-me ao lado de Lien, enquanto Sofia praticamente se joga nos braços de Solomon, que a segura com um sorriso. Vejo Elisa timidamente cumprimentar o general Rolf e se sentar ao seu lado.
— Vamos fazer um jogo? — diz Sofia de repente.
— O que você tem em mente? — pergunto.
— Verdade ou desafio.
— Só você mesmo, Sofia — digo, sacudindo a cabeça.
— A culpa é de vocês, deram muita corda para ela — diz Solomon. Vejo Sofia se virar e dar um tapa no seu braço.
— Ai! Não faz isso, Sofia — diz ele, alisando o braço. Damos risada dos dois.
— Se comporta — diz ela.
— Por mim, tudo bem — diz Lien.
— Príncipe esperto — diz Sofia.
— Quem tem uma moeda? — pergunta ela.
— Aqui — diz Rolf, estendendo uma para ela. — Você não acha que somos um pouco velhos para essa brincadeira? — pergunta ele.
— General, a idade é só um estado de espírito — diz ela.
— Desiste, você não vai ganhar dela — digo a ele, e ele sorri.
— Vamos começar com a Elisa — diz Sofia, e vejo ela ficar vermelha.
— Eu não sei jogar — diz timidamente.
— É simples. Você joga a moeda, se cair com a cara do rei para cima, é verdade. Se for o oposto, é desafio. — Ela acena com a cabeça, pega a moeda, joga e cai em verdade.
— Beleza, quem estiver à sua direita pergunta, ou seja, eu — diz ela com um sorriso. — Elisa, você já namorou alguém? — Vejo Elisa ficar vermelha como um pimentão.
— Não — responde ela de cabeça baixa.
— Sua vez, general — diz Sofia, entregando a moeda para ele. Ele joga e cai em desafio. — Escolha um desafio para ele, Elisa.
— Te desafio a tomar duas taças de vinho — diz Elisa, sorrindo. Ele vai até a cesta, pega o vinho, serve na taça e bebe duas vezes.
— Minha vez — digo, pegando a moeda e jogando. Cai em verdade.
— Verdade, pode perguntar, general — diz Sofia.
— Quantos pretendentes Vossa Alteza já teve? — pergunta ele, mas vejo o seu olhar em Lien. Solomon tenta segurar o riso, olhando para nós.
— Acredito que quase vinte — digo, e vejo o espanto de todos, menos de Solomon, que agora cai para trás de tanto rir.
— Qual é a graça? — pergunto, séria.
— Só tô imaginando tudo o que você deve ter aprontado com esses pobres coitados — diz ele, ainda rindo.
— Chato — digo, mostrando a língua para ele.
— Você teve muita sorte, meu amigo — diz ele para Lien.
— Pode parar — digo, pegando a moeda e passando para Lien. — Sua vez. — Ele pega, joga e cai em verdade.
— Pergunta, Kiara — diz Sofia.
— Quantas pretendentes você já teve? — pergunto, rindo. Vejo um sorriso sem graça no seu rosto. Quando olho para os outros, eles aguardam ansiosos sua resposta, menos Rolf, que está virado tentando esconder o sorriso.
— Acho que umas trinta — diz Lien, passando a mão nos cabelos. A próxima coisa que ouço é o som das risadas de Solomon. Se antes ele havia caído, agora ele rolava de tanto rir.
— Vocês com certeza foram feitos um para o outro — diz ele em meio aos risos. — A tampa e a panela.
Vejo os outros caírem na risada com Solomon.
— Achamos o rei de gelo para a rainha do gelo — diz Sofia, rindo.
— Sem graça — digo, séria.
— Não, amiga, com certeza tem muita graça — diz ela, e outra rodada de risos começa.