P. V. Princesa Kiara
— Vamos pescar? — pergunto a ele.
— Claro!
— Ótimo, porque vai ser o jantar — digo, rindo. Vou até os fundos do chalé e encontro as varas de pesca do meu pai. Arrancamos algumas minhocas na beirada do rio e começamos a pescar.
— Faz muito tempo que não faço isso — diz Lien.
— Eu também. Tomara que peguemos alguma coisa.
— Vai dar certo. Apesar de não fazer isso há bastante tempo, as minhas habilidades na pesca são lendárias — diz ele, dando-me uma piscadela. Eu dou risada. Aqui, nós dois parecíamos duas crianças brincando.
— Peguei! — digo, puxando o peixe com tanta força que ele cai com um baque fora da água.
— Acho que as escamas dele saíram na pancada — diz Lien, rachando de tanto rir.
— Pelo menos ele não vai sofrer.
— Com certeza. Ele morreu com a pancada — ele ria tanto que era até difícil entendê-lo.
— Sinto uma pontada de ciúmes?
— Não mesmo. Espere e veja — diz ele, convencido. E eu realmente vi. Um atrás do outro, ele retirava os peixes da água.
— Acho que já deu. É só nós dois — digo-lhe. Ele concorda e me ajuda a limpar os peixes.
— Vou acender o fogo — diz ele, e eu aproveito para tomar o meu banho. A água da lagoa estava boa e muito limpa.
Quando volto, Lien havia montado um fogão ao ar livre. Ao entrar no chalé, encontro a lareira acesa. Guardo as minhas coisas, começo a temperar os peixes para assar, espeto-os e os levo para o fogo. Volto, corto alguns legumes que havia trazido e, junto com carne de sol, preparo um ensopado. Quando ele retorna, a comida já estava no fogo.
— Hum, o cheiro está muito bom.
— Não é para me gabar, mas eu sou ótima na cozinha — digo, e ele se senta ao meu lado.
— É bom saber que a minha futura esposa tem tantos talentos — diz ele, aproximando-se e beijando a minha bochecha.
— E quem disse que eu concordei?
— Quanto tempo você vai me fazer esperar? — pergunta ele, segurando uma das minhas mãos.
— Ainda não sei — digo, percebendo que os seus olhos perdem um pouco do brilho de antes. — Por que isso é tão importante para você?
— Tudo que desejo é passar o resto dos meus dias com você. Poder acordar ao seu lado, te fazer feliz e, nos momentos tristes, enxugar as suas lágrimas. Desejo compartilhar tudo com você — as suas palavras me encantam. Vejo os seus olhos me olhando com tanta adoração, como se eu realmente fosse a coisa mais preciosa da sua vida.
— Tudo bem! Eu caso — respondo.
Vejo a surpresa em seu rosto; os seus olhos se arregalam.
— Está falando sério?
— Sim, estou falando sério — confirmo. Um sorriso enorme se forma no seu rosto. Então, ele me abraça e me gira no ar. Eu solto um grito de surpresa.
— Você está me fazendo o homem mais feliz do mundo — diz ele, acariciando o meu rosto. Então, com os olhos fixos nos meus, ele me beija. Os seus lábios macios se movem lentamente nos meus, como uma carícia. Um frio percorre a minha espinha. Eu ansiava por esse contato: sentir o calor do seu corpo, a doçura dos seus lábios e a maciez da sua língua enquanto explorava cada canto da minha boca. Os seus braços envolvem a minha cintura, puxando-me mais para si. Envolvo os meus braços no seu pescoço.
O seu calor era inebriante, os seus lábios tornavam-se exigentes nos meus, mordiscando-os e chupando-os. Um calor intenso envolve o meu ventre, e, por mais que estivéssemos grudados, sentia a necessidade de me pressionar ainda mais contra ele. Tiro a minha mão do seu pescoço e a deslizo sobre o seu peito; com a outra, por baixo da sua camisa, sinto o seu peito rijo contra a minha mão. Percebo que ele treme ao meu toque. Deslizo minha mão por suas costas largas, percorrendo os seus músculos firmes. A sua pele se arrepia ao meu toque, e um sentimento de prazer me invade.
Antes que eu faça outro movimento, ele se afasta, segurando a minha cintura.
— É melhor pararmos — diz ele, ofegante. Os seus olhos estavam mais escuros do que antes. Não era preciso ser um gênio para saber que ele estava e******o. Eu também estava, e era doloroso negar algo que o meu corpo ansiava tanto.
Abraço-o bem apertado, inalando o seu cheiro maravilhoso.
— Então, meu noivo, cadê o meu anel? — pergunto, vendo o seu rosto corar.
— Eu não estou com ele aqui, mas já escolhi um e espero que goste.
— Agora fiquei curiosa.
— Minha mãe me ajudou. Espero que goste — diz ele, enquanto nos sentamos em volta da pequena fogueira onde o nosso jantar cozinhava.
— Me conte um pouco sobre ela? — pergunto. Ele sorri enquanto contempla a noite estrelada. Vejo que seus pensamentos vagam para longe.
— Minha mãe se chama Esmeralda. Ela conheceu o meu pai em uma viagem ao reino. Ela era filha de um duque muito importante. Naquela época, era ingênua e delicada. Acho que foi isso que encantou o meu pai. Um dia, ele saiu para caçar e acabou se machucando; um javali o atacou. Como ela conhecia um pouco de ervas medicinais, cuidou dele até o curandeiro real chegar. Depois disso, ele se apaixonou por ela.
— Ela deve ser um amor.
— Sim, ela é muito carinhosa, sempre pronta para ajudar. Nas épocas de guerra, ela muitas vezes ia cuidar dos doentes, mesmo o meu pai não concordando por ser perigoso. Mas ela consegue qualquer coisa dele.
— Então ela o tem na palma da mão.
— Acho que sim. Não há nada que ele não faça por ela. Admiro muito isso. O amor deles é tão puro e bonito. Mesmo com o passar dos anos, se manteve como no dia em que se viram pela primeira vez.
— Acho que isso é o mais importante: saber conservar os sentimentos um pelo outro, não importa o obstáculo.
— É o que eu espero para nós — diz ele, virando-se para mim. — Que o nosso amor dure eternamente. Quantas vidas eu tiver, vou me esforçar cada dia mais para fazê-la feliz.
— Eu não esperava encontrar em alguém um sentimento tão forte de proteção e carinho como tenho por você. Se mil vidas eu tivesse, mil vidas te daria.
Vejo os seus olhos brilharem com a intensidade das minhas palavras. Ele me puxa para o seu peito, e ficamos assim por um longo tempo.