Capítulo 5

1352 Words
**P. V. Príncipe Lien** — Você vai ao Reino do Norte conhecer a princesa Kiara, filho — disse o meu pai, olhando-me fixamente. — Ela é uma jovem adorável e filha de um amigo meu. Será uma rainha perfeita para você. — Papai, lutei em batalhas incontáveis, fiz várias alianças e evitei muitas guerras. Acredito que já dei razões suficientes para provar que serei um bom governante — digo, sentando-me à sua frente. Todas as vezes que o meu pai procurava uma companheira para mim, não terminava bem. As últimas tentativas foram uma completa perda de tempo. — Nós já tivemos essa conversa antes, Lien. Não se trata da sua capacidade, mas sim do fato de não querermos que você fique sozinho. Não vamos estar aqui para sempre, filho, e quando esse momento chegar, espero que você tenha alguém em quem se apoiar. — Papai, não sei se se lembra, mas as últimas pretendentes foram um desastre — digo, fazendo careta, e ele sorri. — Tudo bem, tenho que admitir — diz, ainda rindo. — Foram mesmo, mas desta vez será diferente. — Olha, papai... — ele me interrompe antes que eu termine. — Façamos um trato, filho — diz ele, sério. — Você vai conhecer a princesa. Se não gostar dela, eu não vou mais arrumar pretendentes para você e te deixarei em paz. — Tem certeza? — pergunto. — Dou a minha palavra que não insistirei neste assunto. — Aceite, filho. Você sabe que não vai conseguir uma proposta melhor — diz a minha mãe, dando-me um beijo e sentando-se ao meu lado. — Está bem, papai, mas esta é a última. — Tem minha palavra, filho. Mesmo pensando que não daria certo, aceitei a proposta do meu pai. Afinal, se ele não insistisse nesse assunto, seria um alívio para mim, mas é claro que nada me prepararia para a surpresa que eu teria. Chego ao Reino do Norte após quatro exaustivos dias de viagem. Viajamos num grupo pequeno para que pudéssemos chegar mais rápido. Nada me tirava da cabeça que seria outra cilada, mas eu havia dado a minha palavra ao meu pai e honraria com ela. Chegamos ao portão do castelo, anunciamos a nossa chegada e somos conduzidos à presença do rei. Entro lentamente, de cabeça baixa, preparando-me para mais uma decepção. Ouço anunciar o meu nome, levanto a cabeça e saúdo o rei. — É um prazer conhecê-los, vossa majestade — digo, olhando fixamente para o rei. Em seguida, ele me apresenta à rainha e, finalmente, à princesa. Quando coloquei os meus olhos nela, não consegui desviar. Ela era linda, com olhos tão azuis que você podia se perder neles. Fiquei encantado com a sua beleza, e a única coisa que me fez parar de olhá-la foi o chamado do rei para descansarmos um pouco. Sigo um criado pelos corredores do palácio e percebo que a minha comitiva está logo atrás de mim. Ele me leva até o meu quarto e guia a minha comitiva para outra área, onde poderiam descansar. O quarto era grande e arejado, com uma grande banheira de água morna, mostrando a hospitalidade dos meus anfitriões. Não perco tempo e tomo um banho relaxante. Era maravilhoso poder me limpar devidamente após dias na estrada. Saio da banheira e visto uma bata que estava sobre a cama. Ouço uma batida na porta, abro e vejo uma senhora com uma bandeja farta. — Achei que o príncipe pudesse estar com fome — disse ela, entrando e colocando a bandeja sobre a mesinha ao lado da cama. — A senhora acertou, obrigado pela atenção — digo, sorrindo para ela. — Imagine, foi um prazer, menino. Se precisar de algo, é só pedir. — disse ela, sorrindo e saindo do quarto. Gostei dessa senhora, parecia uma avó cuidando de um neto. Vou em direção à bandeja e como quase tudo que ela trouxe, pois na estrada a nossa alimentação não era das melhores. Termino de comer e me deito um pouco para descansar. Fico deitado por meia hora, mas não consigo relaxar. Os meus pensamentos insistem em trazer a memória daqueles encantadores olhos azuis da princesa. Então, resolvo dar uma volta. Troco de roupas e saio, acreditando estar indo em direção à saída. Desço as escadas e encontro o rei. — Príncipe? Não ia descansar? — pergunta ele, olhando-me. — Sim, mas não consegui dormir — digo, sério. — Ótimo! Talvez queira conhecer o nosso exército e, depois, me dar algum conselho. — Claro! Será um prazer — digo. — Este é o general Rock — diz ele, apontando para o homem ao seu lado. — Ele vai levá-lo até a área de treinamento e auxiliá-lo no que for preciso. — Certo, vamos então, príncipe? — pergunta o general. Apenas aceno com a cabeça e saímos rumo aos estábulos. No caminho, encontro meu general e sinalizo para que me siga com alguns soldados. Montamos e saímos do castelo. O Reino do Norte era realmente lindo. A vila ao redor do castelo tinha casas coloridas e bem cuidadas, com jardins encantadores. Os seus moradores, por onde passávamos, faziam reverências e nos ofereciam doces e pães. Isso me encantou, provando o quanto o rei era amado por seus súditos. — O povo é muito hospitaleiro — digo ao general. — Sim, o nosso rei é muito amado. Ele dedica muito do seu tempo ao povo. Duas vezes por semana, ele atende a população para ouvir as suas queixas e ajudá-los no que for preciso. A rainha e a princesa sempre estão ao seu lado. Ele diz que o povo é uma extensão dele, e, por isso, quer que todos vivam bem — diz o general Rock, com um sorriso orgulhoso. Apenas assinto e seguimos em silêncio. — Chegamos — diz o general depois de um tempo. A área de treinamento era enorme, com várias sessões à vista. — Esta é a área dos novatos — diz ele, mostrando o lado esquerdo da área. — Nosso treino começa aos dez anos, mas não é obrigatório, claro. Aqueles que não demonstram aptidão para a batalha são instruídos em outras artes, como selaria, forja e trabalho com a terra. O nosso objetivo é que adquiram sabedoria e tenham uma profissão para sustentar as suas famílias. — As famílias concordam em mandar os seus filhos aos dez anos? — pergunto, curioso. — Sim, elas concordam. Elas entendem que precisam se proteger e, para isso, devem ser ensinadas — diz ele. — Até os mais velhos treinam aqui alguns dias da semana. O nosso objetivo é que ninguém seja uma presa fácil em caso de ataque. Fiquei impressionado com a forma de treinamento que eles possuíam. Tudo que faziam era voltado para o bem-estar do povo. Nunca havia visto um reino tão bem organizado. Deixamos os cavalos no estábulo e seguimos a pé. — Aquele barracão ali é a cozinha do campo — diz o general, mostrando uma construção ao longe. — Aqui à frente fica a área de treinamento padrão. Todos treinam aqui. Agora, ali nos fundos, ficam os soldados de elite, os melhores que temos. Nós os treinamos separadamente porque o treino deles é o mais pesado que temos. E aqui à direita ficam os dormitórios e a área de descanso pós-treino. — Sua organização é impressionante — digo, realmente surpreso. — Ah! Obrigado, isso é um grande elogio vindo de vossa alteza — diz o general, fazendo uma breve reverência. — Hoje vamos trabalhar com a elite. Não são muitos, mas são soldados impressionantes. Ele me leva até um canto onde os soldados já estão em formação. Ele me apresenta, e explico a todos o que faremos. Estou ansioso para ver o nível de treinamento deles. Sem demora, os combates se iniciam, mas há um soldado em especial que chama a minha atenção. No meio de tantos soldados, há um menor, com o corpo esguio. m*l dá para acreditar que é um soldado de elite. Fico surpreso quando o general o chama para uma conversa particular, o que me intriga. Aproximo-me e sou surpreendido por um lindo par de olhos azuis.
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