CAPÍTULO 07|MAYA

1719 Words
MAYA Assim que o Italiano psicopata saiu de dentro da minha casa , corri para a porta do meu quarto dando de cara com a minha mãe que estava vindo atrás de mim. - Mãe!...está tudo bem com a senhora?- Funguei de olhos arregalados , vasculhando seu corpo com meu olhar. - Maya...no que você se meteu ? já não basta o que o seu irmão vem aprontando?. Quem é aquele homem? Um bolo havia tomado o meio da minha garganta me deixando impossibilitada de abrir a boca para me defender. Mas o que eu diria? Não havia nada que eu pudesse falar para livrar a minha cara. - Eu também não sei quem é aquele homem mãe ...eu só....- Mordisquei meu lábio inferior. Arrastei meus dedos por entre meus cabelos lhe dando as costas , voltando para dentro do meu quarto sabendo que ela me seguia. - Maya...me diga minha filha...estamos correndo perigo? Virei-me para ela sentindo uma angústia insuportável dentro do meu peito. Odiava saber que havia colocado meus pais no meio de toda essa bagunça que havia se transformado minha vida. - Eu já resolvi tudo...Não tem com o que se preocupar , ok?.- Ela não parece nem um pouco convencida quando se aproxima mais de mim , procurando meus olhos . Eu a encarei fazendo um esforço sobre-humano para não chorar , pois sei que só a preocuparia ainda mais. - Como conseguiu aquela mala de dinheiro?, você roubou dele ? . Trabalhava para ele ? , diga de uma vez Maya! Por Deus estou sentindo que eu .... – Nesse exato segundo minha mãe perde os sentidos me deixando completamente desnorteada, quando me abaixei no ato pegando sua cabeça com cuidado colocando em cima do meu colo tentando lhe despertar - Mãe! ...acorda por favor...meu Deus...o que eu fiz , o que eu fiz... Desesperada , deixei minha mãe deitada desacordada em cima do tapete e corri na sala esbaforida , com o choro preso , sentindo as lágrimas molharem meu rosto quando peguei meu celular dentro da bolsa , ligando para a emergência. *** Eu andava de um lado para o outro no corredor da UPA, esperando que algum médico ou enfermeiro viesse me noticiar sobre o seu estado. Ver a fila de tantas pessoas enfermas em macas me deixou ainda mais aflita, os gemidos que atravessavam os meus ouvidos acabavam com o meu psicológico. Lembrar das mãos frias da minha mãe faz com que eu perca as forças das pernas , quando me agacho enfiando as mãos pelo meu rosto me permitindo desmoronar. - Você é a acompanhante da senhora Maria Isabel Silva? Me ergui sentindo todo meu corpo trêmulo quando encarei o médico. - Sim , sou eu Dr., ela é a minha mãe – Expliquei limpando meu rosto com o dorso de minhas mãos . -Sua mãe é hipertensa e tudo indica que está com um problema sério de coração. O que aconteceu? , ela desmaiou simplesmente ou foi causado por algum susto ou estresse? A culpa me espezinhou impiedosamente - Estávamos conversando, ela ficou um pouco emocionada e então acabou desmaiando – Começo a estalar os meus dedos para tentar aplacar todo o nervosismo que corre por meu corpo. - Ela está acordada, mas irá ficar mais algumas horas em observação. Vou pedir alguns exames para ela fazer e com urgência. - Tudo bem Dr. – Eu não conseguia me recordar do dia em que senti tanto medo dessa maneira – Eu posso ver ela? – Queria me desculpar , sabia que a culpa dela ter desmaiado foi minha ...eu não conseguia digerir que quase matei a minha própria mãe pela furada que me meti. Enquanto seguia o médico até um dos quartos onde ela estava com mais algumas pessoas que estavam internadas , fraquejei quando a encarei completamente pálida tomando alguma medicação na veia. Engoli o choro mais uma vez , eu precisava demonstrar ser forte . Não podia fraquejar logo agora. - Oi mãe. Como se sente? – Peguei em suas mãos as envolvendo nas minhas. Ela sorri fracamente , acabando de partir meu coração. - Te dei um susto não foi? - A culpa foi minha – Foi inevitável deixar para lá o que tanto estava me perturbando a cabeça. Ela aperta minha mão com um pouco de força - Não diga isso minha filha, eu confio em você. Se tomou medidas mesmo que erradas você deve ter tido seus motivos , eu não posso te julgar . Eu só te peço que por favor , tenha cuidado. – Assinto sabendo que já havia enfiado minha cabeça e corpo inteiro dentro da fornalha, agora era esperar para ser cremada. Ficamos por menos de 1 hora na UPA, já que a maca onde a minha mãe estava precisava ser desocupada para outra pessoa usar. O médico passou os exames que a minha mãe necessitaria fazer e em seguida ela teve alta. Antes de irmos para casa , passamos na farmácia compramos os seus medicamentos e então chamei o Uber e em seguida voltamos para casa . Enquanto segurava firme na mão da minha mãe com medo de que ela fosse desaparecer a qualquer segundo, jurei para mim mesmo que nunca mais lhe faria passar por isso. *** Deixei minha mãe aos cuidados da vizinha , elas duas eram amigas . Eu disse que tinha um compromisso inadiável e não tinha quem ficasse com ela já que o meu pai havia viajado. Dona Carmélia aceitou prontamente e disse que eu não me preocupasse, que a mesma manteria os olhos bem atentos na minha mãe enquanto ela dormia. Estava pronta para a guerra , ainda que o medo latente fizesse com que as minhas entranhas se retorcessem ,eu vesti minha máscara de mulher poderosa. O tal de Kamil poderia ser um mafioso da pesada , mas eu não abaixaria a minha cabeça para ele ainda que isso custasse a minha vida. Vesti um macacão social com um blazer por cima e saltos altos , lógico que só os coloquei depois que parei na frente do hotel no qual ele estava hospedado. Só era pagar a dívida e pronto e eu estava livre. Foram palavras que saíram da sua própria boca. Eu não queria sentir raiva e muito menos chorar , mas o ímpeto era inevitável. Não queria pensar que pagaria a dívida que eu possuía usando o meu próprio corpo. Poderia ir ao banco amanhã e pegar o dinheiro de volta, mas tinha a dívida de Julinho de qualquer maneira e de algum modo eu acabaria tendo que me sacrificar. Então ou era isso ou perder meu irmão para a morte. Ergui meu queixo e engoli a onda de choro quando dei os primeiros passos para dentro do recinto. Haviam 3 homens parados na porta, um deles se aproximou de mim. Sua pele era ne**gra assim como a minha, era bastante alto e muito bem vestido além de um gato. Trajava roupas sociais, seu rosto não tinha um só fiapo de pelo , seus cabelos eram cortados baixo, as mãos estavam dentro dos bolsos de sua calça de modo casual; mas eu não queria saber de nada disso . Sabe-se Deus o que me aconteceria hoje aqui. - Maya.- Ele disse num tom firme. - Sim . - Me siga – E então virou em seus pés conforme passei uma olhada nos outros dois caras que continuaram parados na porta , nem mesmo direcionaram os olhos para mim como se somente pensar em fazer isso pudessem perder as suas vidas. - Para onde estamos indo?-Perguntei quando entramos dentro do elevador. Não confiava nele , e nem em nenhum outro. - KL7 te espera. - KL7? – Eu espremi meus olhos olhando para ele com a testa franzida. Portanto não tenho uma resposta de volta , o homem direciona seu olhar para mim com cara de ‘’ por acaso você é surda?’’ . Endireitei minha postura desviando o olhar dele , quando as coisas começaram a fazer sentido dentro da minha cabeça – Claro...KL7 , de Kamil e porque o 7 afinal? – Ao meu lado escutei um risinho baixo . Olhei para o homem , porém nesse mesmo instante as portas se abriram e quando eu olhei para dentro estávamos de cara com um hall extremamente luxuoso. Prendi o ar quando meus olhos estudaram o físico pomposo e sexy de Kamil Barbieri , que estava virado para a janela de costas para nós. Assim que a nossa presença foi notada , o mesmo virou-se . Eu o odiava mas o fulano era mesmo um pedaço de mau caminho. Fechei meus punhos contra a bolsa de mão que trazia comigo. Seus olhos passaram por mim demoradamente , dos pés à cabeça me deixando incomodada. - Vamos logo acabar com isso. – Eu disse tentando dar uma de durona. Um sorrisinho espalhou-se pelos cantos da sua boca uma vez em que o mesmo desviou o olhar de mim por uns segundos, onde escutei as portas do elevador se fechando e com toda certeza aquele cara que veio comigo indo embora também. Kamil usava calça jeans , estava todo despojado e ao contrário do cara que veio comigo que estava todo bem vestido , desta vez ele se encontrava mais leve e com aparência como se tivesse acabado de ter saído do banho. Seus cabelos estavam molhados . Ele usava uma camisa branca sem mangas, seus braços tinham desenhos espalhados por sua pele , além de que estava descalço. Eu não era de reparar em pés de homens , mas os dele eram bonitos e eu me senti até mesmo uma psicopata por ter notado que ele fazia as unhas. Conforme ele se aproximava de mim me olhando de forma penetrante dentro dos olhos , meu coração começou a acelerar como se eu estivesse participando de uma maratona. Assim que parou diante de mim , tocou no meu queixo de modo que eu erguesse meu queixo para firmar meus olhos nos dele. - Quem dá as ordens aqui sou eu e não você. – Engoli seco enquanto encarava seus olhos metálicos e frios. A única coisa que eu esperava era que tudo isso acabasse o mais rápido possível e que eu nunca mais voltasse a encontrar esse homem na minha vida.
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