CAPÍTULO 08|MAYA

1249 Words
MAYA Kamil Barbieri me apresenta uma mesa recheada de comida , com um aroma maravilhoso. Tive vontade de rir da hipocrisia quando encarei a arrumação a luz de velas , como se fôssemos um casal num encontro. Tudo bem que eu já havia lido vários relatos de que os Italianos são bastantes românticos , mas esse cara não tem um só traço de nada relacionado a isso . Muito pelo contrário , embora possua uma voz sedosa e que de alguma maneira soasse bem aos ouvidos, ele é frio, posso notar isso claramente explícito na sua postura além da forma analítica com a qual me encara, como se já tivesse tudo metodicamente organizado em sua cabeça , disso eu não tinha a menor dúvida. Ainda pasma fico encarando a bela mesa de jantar posta junto a uma garrafa de vinho. Eu esperava por tudo , menos por isso. Da forma que ele havia falado sobre eu ter que pagar a dívida com o meu corpo , eu já chegaria aqui e ele já viria caindo para cima de mim me arrancando as roupas. Sacudi minha cabeça para afugentar as imagens ilícitas que me tomaram a mente , acompanhado de um sorrisinho que me escapuliu. - Qual foi a graça? – Kamil pergunta franzindo a testa de modo curioso me olhando por debaixo dos olhos, enquanto desenrosca a tampa da garrafa de vinho com o saca rolhas. - Você faz parecer que estamos em um encontro. Ele ergue uma sobrancelha com um sorrisinho torto que eu não deveria achar sexy . - De qualquer maneira não deixa de ser um – Me deu outra olhada por debaixo dos olhos despejando o líquido de cor âmbar dentro das taças e me passando uma em seguida. - Está planejando me embebedar para poder se aproveitar melhor de mim? – Embora a frase tenha saído de modo debochado , senti uma fisgada de ira me alfinetar a pele. - Não ,isso é pra te relaxar. Você está claramente tensa – Apontou com sua taça na direção da minha mão que apertava a bolsa com uma certa força exagerada. Amenizei o aperto me dando uma sacudida mental para ficar atenta com esse cara. Ele era bem mais observador do que eu poderia imaginar. - Sente-se – Parei a bebida a caminho da minha boca lhe olhando quase irritada . Odiava que me dessem ordens. Porém, como eu não fazia a menor ideia do que me esperava ou talvez só estivesse muito ansiosa para poder ir logo embora deste lugar e para longe dele, encontrei-me sentando quando o mesmo puxou a cadeira para que eu me sentasse. - Com fome? – Ele pergunta por minhas costas fazendo com que a minha pulsação ganhasse maior intensidade , minha pele arrepiou-se com a proximidade da sua fala muito perto do meu ouvido. - Não. - Acho melhor comer , você vai precisar de força. – Numa tentativa de ignorá-lo peguei a taça virando o conteúdo por minha garganta abaixo. Esse homem não era só perigoso por ser quem era , mas pela maneira filha da mãe que estava me ganhando aos poucos com sua lábia para meu lado. Assisto Kamil fazer meu prato e em seguida o dele. Na verdade, a comida estava com uma cara fabulosa. Mas será que ele não me colocou um boa noite cinderela por aqui? Tentei me manter calma quando ele apaga a luz principal, deixando apenas a iluminação das velas , ligando numa música colocando num som ambiente e então retorna para a mesa. Lógico que não comi primeiro, esperei que ele colocasse a primeira garfada em sua boca assim que tomou seu assento e então aí sim repeti seu ato. Fechei meus olhos e deliciei-me com a iguaria. - Gostoso, não é? – Abri meus olhos encarando seu rosto bonito iluminado apenas pelas luzes das velas. Seus olhos escureceram, suas pupilas dilataram transformando o azul metálico em um escuro como em um dia de tempestade. Quase me engasguei desviando o olhar dos seus . Eu não entendia o porquê do meu coração estar tão acelerado. - O que é isso? – Perguntei tentando não dar voz a forma safada que ele me encarava. Isso aqui era coisa de vida ou morte. Tentei me convencer disso . Um sorrisinho apareceu em seus lábios avermelhados quando o mesmo sacudiu sua cabeça em negativa , mergulhando os dedos cumpridos por dentro das vastas mechas acastanhadas. -Bisteca Fiorentina, macarrão à Bolonhesa , risoto e arancino.- Nome chique e comida chique , a primeira e última vez que iria comer algo nesse nível então era melhor aproveitar embora fosse para o matadouro em seguida. - É realmente muito saborosa. O cozinheiro está de parabéns. - Obrigado . Fui eu quem preparei – Parei com o talher no ar o olhando embasbacada - Você cozinha? – Minha voz soava ridícula , embora tivesse deixado uma bela de uma admiração desnecessária evidente no ar. Por Deus , te orienta Maya. Endireitei minha postura fingindo desinteresse. - Engano- Ele retoma seus talheres – Continue a comer. Minha cabeça estava entrando num conflito , queria desassociar a forma cavalheira com a qual ele estava me tratando da maneira violenta com que tratou a mim e a minha mãe dentro da minha casa. Mas era isso , ele só queria me encantar para depois dar o bote. Uma agonia começou a tomar posse de mim. Eu empurro minha cadeira e me levanto - Preciso ir ao banheiro. - Fica a sua direita no final do corredor – Kamil simplesmente responde me olhando inexpressivo quando caminho para a direção que ele falou. Abri a porta e me encostei nela fechando meus olhos tentando me recompor. Meu coração batia feito escola de samba dentro do meu peito. O que era que eu estava fazendo com a minha vida? , tudo isso iria me levar exatamente a que? Porém eu não poderia deixar ele entrar por sobre minha pele dessa maneira . Ele sabia bem como encantar uma mulher e se eu não ficasse esperta iria cair como uma pata. Lavei minhas mãos e sai do banheiro determinada a dar logo um ponto final nisso tudo e acabar logo com esse jantarzinho à luz de velas. Assim que eu saio de dentro do banheiro dou de cara com Kamil Barbieri, recostado contra a parede com as mãos enfiadas nos bolsos de sua calça olhando diretamente para mim de modo letal, mas logo sai de sua pose aproximando-se de onde estou me encurralando, enquanto eu vou dando uns passos para trás , até que já estou com as costas contra uma das portas. Seus braços fecham-se em torno de mim , enquanto ele me dá um olhar triangular quando olha para cada olho e depois minha boca . - Chega de tanta espera. Já perdi a paciência. E então sem nenhum aviso prévio , sua boca choca-se com a minha uma vez em que uma de suas mãos emaranharam-se por entre meus cabelos pela base da nuca de modo possesivo , enquanto sua outra mão livre desceu para a base da minha cintura apertando minha carne , a medida em que seu corpo apertou-se ao meu deixando claro o seu desejo por mim O pior no meio de tudo isso era que eu parei de brigar comigo mesma e o agarrei de volta o beijando com igual voracidade, sabendo bem que estaria condenada à morte depois de ter provado o gosto de Kamil Barbieri.
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