CAPÍTULO 12|MAYA

1220 Words
MAYA Julinho havia ganhado o mundo , havia dias que tinha sumido de casa contudo quando já estava prestes a ir para o trabalho ele resolveu dar as caras. - O bom filho a casa torna- Eu debochei olhando pra ele cinicamente - Não enche Maya – Soltou um muxoxo passando por mim - Olha lá hein moleque! , te orienta se não quiser que eu te sente a porrada – Me irritei com sua audácia. -Maya , para de implicar com o seu irmão – Minha mãe vem em sua defesa o abraçando levando suas mãos a acariciar seu rosto , enquanto eu bufo abrindo a porta. - Meu filho , por onde andou hum? . Venha , se sente aqui e acompanhe sua velha no café - Balanço minha cabeça em negativa. - É por isso que ele está assim , olha só a maneira que trata esse grande atoa. – Faço uma careta contrariada - Maya! – Minha mãe protesta me dando um olhar de repreensão. Ele olha para mim rolando os olhos. Por sua cara parece que tem anos que não dorme e eu nem mesmo duvidava , já que andava mais tempo corrido do que perto da sua família. Eu o amava mas odiava ver nas merdas que havia se metido quando começou a usar drogas. - Conta pra ele que eu me meti em uma fria só pra salvar a pele dele – Julinho franze a testa olhando de mim para nossa mãe , enquanto eu fecho a porta atrás de mim. Antes de ir para o trabalho passaria no banco , eles haviam me ligado informando que o dinheiro já estava na conta, havia passado uma mensagem para Kadu mais uma vez ir comigo lá , claro que deixaria o dinheiro na mão dele , mais tarde faria o que tinha de fazer. Enquanto eu coloco os fones de ouvido somente para não escutar o barulho das pessoas conversando no buzu , imagens de Kamil Barbieri mais uma vez começa a tomar minha mente. As cenas ainda eram vividas e frescas em minha cabeça Mordi meu lábio inferior quando me recordo de sua língua passando no... - Chega dessa palhaçada Maya! – Todo mundo vira pra olhar pra mim Abro um sorriso amarelo fingindo que falava com alguém no celular. Desde que eu havia ficado com esse cara e nem tinha 24 horas ainda , a sensação que eu tinha era que ele estava impregnado por cada canto do meu corpo. Fechei meus olhos me maldizendo, mas então eu visualizo o tórax definido de Barbieri enquanto eu o cavalgava. Esfrego meus olhos segurando um palavrão. Odiei o quanto o mafioso era mesmo bom de cama Precisava de um n***o! , um daqueles bem gostosos pra jogar o Italiano de escanteio. - O que aconteceu? – Kadu disse assim que eu cheguei na frente do banco . Retirei os fones do meu ouvido guardando na bolsa. - Nada , só não dormi direito ...me sinto um pouco cansada – Lógico que eu jamais contaria pra ele o que havia me acontecido e que muito menos o tal KL7 havia invadido minha casa e ameaçado minha mãe e como se não bastasse que eu havia transado com ele e ainda queria repetir a dose. Ah! meu Deus , como eu me odiava! Soltei o ar olhando pra Kadu desanimada. Ele me abraça pelos ombros - Vai ficar tudo bem e essa maré r**m vai passar. Tô contigo e não abro – Assinto lhe dando um sorriso de boca fechada . Kadu havia levado uma mochila , então colocamos toda a grana nela . Pedi a ele que tivesse todo o cuidado possível e que mais tarde nos veríamos para que eu pudesse entregar o dinheiro aos traficantes que Julinho estava devendo. *** - Mulher não era hoje que aquele gringo havia agendado? – Betina salta na minha frente empolgada , com os olhos brilhando como diamantes. Na verdade ela só me intercepta mesmo , tudo o que eu queria era entrar na minha sala e me jogar naquela cadeira. - Ele desmarcou – A mesma murcha na mesma hora. - Nossa , eu queria ver ele de novo . – Já eu o queria bem longe de mim e de preferência da minha família.- Maya! Que homem bonito da peste era aquele? Seu sotaque nordestino adoça os meus ouvidos. - É , ele é mesmo bonito – Concordo, afinal de contas iria mentir para quê ? Havia me refastelado no banquete e agora me fingiria de desentendida. - Tomara que ele marque para um outro dia - Um gelo atravessa a minha coluna quando ela fala isso. - Enfim, vou trabalhar e você deveria também . Esquece o gringo – Lhe dou uma piscadela enquanto ela me olha com deboche a medida em que tomo o caminho da minha sala. Me jogo na cadeira esfregando meu rosto , em cima da mesa eu encontro o seu cartão de visita. Kamil Barbieri. Com raiva amasso o papel e o jogo na lata de lixo. *** Quando meu expediente terminou Sophie me ligou me chamando para ir ao baile funk. Já havia meses que eu não colocava os pés em um , não tinha tempo ,preocupada com tantos problemas e a correria do meu trabalho misturado a escola de samba. - Vamos Maya!, por favor – Eu sabia bem que ela só estava tão empolgada assim somente para ver Kadu – Nivea e Emilly falaram pra eu chamar você também. - Eu que moro na favela não estava sabendo de nada disso, mas você sabe – Dou risada – Nem parece que mora na zona sul. - Vai ou não Maya? - Vou , claro que eu vou – Ela comemora do outro lado da linha. Mais é claro que eu iria , afinal de contas tinha que ficar com um carinha hoje nem que fosse somente pra tirar as malditas lembranças de KL7. Antes de ir para casa , liguei para Kadu pedindo para ele me esperar no lugar marcado para que pudéssemos juntos entregar o dinheiro para os traficantes. - Não esquenta com isso , não quero te jogar no perigo Maya . Eu resolvo isso por você , tá legal? - Tem mesmo certeza disso? , não quero que fique na mira desses caras. - Não tem com o que se preocupar , ok?. Eu resolvo tudo – Não vou negar que eu me sinto muito aliviada. - Obrigada Kadu , você é um amigão. - Já disse , estou contigo e não abro – Sorrio me sentindo feliz por ter um amigo tão prestativo quanto ele. Encerrei a ligação e tão logo já me encontrava abrindo a porta de casa , assim que eu entro meu corpo é agarrado num abraço por Julinho. - Que é que foi tudo isso ?- Perguntei espantada. Ele chora no meu ombro - A mãe me contou tudo, obrigado maninha . Valeu mesmo por ter me quebrado essa – O abracei de volta - Espero que tome vergonha na cara e deixe de se meter com essas merdas- Meu irmão só chora mas também não me diz que sim e nem não . Sabíamos que ele não tinha forças para se desvincular de uma vez dessa vida.
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