CAPÍTULO 04|MAYA

1192 Words
Quando meu expediente se findou eu me sentia exausta, minhas pernas estavam me matando. Peguei o buzu e fui para casa ainda que quisesse pegar um táxi, embora soubesse que tinha uma mala de dinheiro escondida no meu guarda-roupa , não poderia me dar ao luxo de ficar esbanjando dinheiro atoa sem nenhuma necessidade, se era uma rotina que eu já estava acostumada a fazer todos os dias. Coloquei os fones no ouvido e me permiti navegar nas letras da música da Pitty –'' Teto de vidro'' as letras descreviam minha situação atual , quem não tinha um teto de vidro que atirasse a primeira pedra. Sempre fui o tipo de pessoa que lidava com a verdade , fui ensina por meus pais a ser sincera com as pessoas , isso para nós é crucial . Entretanto , depois dos perrengues que começamos a passar com o decorrer dos tempos , não existia essa de ser boazinha ou de me taxar como uma moralista, eu estava bem longe de ser qualquer coisa semelhante a isso . Quem é a pessoa hoje em dia que não tem uma sujeira bem feia que joga para debaixo do tapete e finge que nunca aconteceu?, embora o diabinho fique ali bombardeando o juízo e afirmando que você não é nada daquilo que tenta mostrar para a sociedade. Quando ela diz no trecho da música ‘’ Eu quero ver quem é capaz, de fechar os olhos e descansar em paz ‘’ me sinto mais alfinetada do que nunca . Sabia qual era a sensação a culpa me estapeava a cara impiedosamente , além de que estava morrendo de sono mas ao mesmo tempo me sentia acelerada sabendo que faria tudo, menos conseguir pegar no sono outra vez. Desço do ônibus ajeitando a bolsa nos meus ombros , em 10 minutos já estou na porta de casa. Retirei as chaves de dentro da bolsa destrancando a porta . - Mãe , cheguei ...- Quando fechei a porta que me virei , a bolsa caiu de minhas mãos alcançando meus pés. – Meu Deus! – Meu coração veio na minha garganta enquanto eu me sentia gelando dos pés a cabeça. - Onde está o meu dinheiro?! O mesmo homem ....o gringo que agendou comigo mais cedo para um passeio turístico , está com uma pistola apontada para a cabeça da minha mãe . Seu olhar é tão gelado quanto uma pedra de gelo . Ver o desespero explicito nos olhos da minha mãe me deixa desnorteada. - Maya minha filha....Maya! o que você fez?. Esse homem chegou dizendo que você roubou dinheiro dele ....diz que é mentira...que tudo não passou de um engano...- Minha mãe chora colocando as mãos na boca Engulo em seco sentindo meus olhos arderem. - Mais...mais...como você....- Meu cérebro ao mesmo tempo em que está a toda , já se encontra lento. - Deve estar se perguntando como eu consegui chegar até você– Embora ele esteja falando a nossa língua seu sotaque italiano era forte.- Olha só Maya...se você cooperar sua mãe não morre . Eu particularmente costumo respeitar as mães , mas se você não me dar o que é meu não vou pensar duas vezes em puxar esse gatilho – E ele faz , daqui escuto ele engatilhar a arma. - Não...não por favor – Dou um passo em sua direção mas quatro homens aparecem vindo da direção da cozinha tomando a minha frente , enquanto o tal Kamil me olha impassível. – Olha só...eu te devolvo o seu dinheiro , ok?. Só...só não faz nada de m*l com a minha mãe – Minha voz falha , o medo me engolfa. - Fica com a senhora . Eu vou com a garota – O tal Kamil diz para seus capangas , vindo em minha direção , ainda com a arma apontada para mim. Eu pisco nervosamente dando um passo vacilante para trás, mas ele me pega pelo cotovelo de modo abrupto me encarando dentro dos olhos. - Não tenho tempo a perder , ande de uma vez. - Por favor senhor...por favor não mata a minha Maya! – Minha mãe berra mas o tal Kamil já está me arrastando em direção do corredor . Abro a porta do meu quarto com o mesmo ainda me segurando. Por um lado estava menos aflita por saber que o meu pai se encontrava na casa da sua irmã , ele havia ido para o interior a tarde. - Como eu posso pegar o dinheiro com você me segurando desse jeito?! – Olho pra ele com raiva , embora soubesse que estivesse errada aqui. Ele ergue o queixo estreitando os olhos metálicos sobre mim. E então me solta - Uma gracinha sua e eu te mato. – Minha respiração está acelerada , conforme limpo meus olhos com o dorso das minhas mãos . Na ponta dos pés abro a parte superior do guarda-roupa e pego a maleta, sentindo o gelo na boca do meu estômago porque eu sei bem que estava faltando dinheiro ali. Estendo a mala para ele o olhando de igual pra igual . Não iria baixar a guarda, ainda que tivesse medo dele me matar. - Abra a mala e conte o dinheiro.- Ordena - O que? - Abra. – E então engatilha novamente a arma Jogo a maleta em cima da cama e abro a mesma , com mãos trêmulas. Começo a contagem com os olhos dele em cima de mim . Porém eu paro , respiro fundo sabendo que isso custaria minha vida . Fechei meus olhos por uns segundos e então me virei para ele. - A grana não está toda aqui . Eu usei uma parte do dinheiro - E o que acha que vai acontecer com você? Hum?. – Dá mais dois passos em minha direção enquanto eu dou um hesitante para trás – Que eu vou deixar para lá? - Vai me matar? – Pergunto o óbvio , embora estivesse mau me sustentando em pé até mesmo nessas horas não poderia fraquejar . Meu único arrependimento foi ter metido minha família no meio disso tudo. O olhar do tal Kamil passa por meu corpo vagarosamente , uma vez em que eu me abraço numa tentativa falha de me proteger dele. - Eu tenho uma ideia melhor... – E então se aproxima mais , eu dou mais outro passo para trás até que bato minhas costas contra a parede gelada , exatamente do jeito que me sentia. Como eu pude achar esse homem bonito?, embora seja . Ele é um demônio, seu olhar malicioso e c***l deixa isso bem claro. Um de seus braços fecham um dos meus lados , enquanto com a outra mão ele passa a pistola pelos botões da minha blusa do trabalho , uma vez em que me vi prendendo a respiração. - O que ...o que você vai fazer comigo? – Meu peito subia e descia conforme meu coração batia com toda a força. Um sorrisinho doentio abriu-se em sua boca , enquanto Kamil Barbieri me encarava dentro dos olhos , como se pudesse enxergar as profundezas do meu ser.
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