CAP 6

1202 Words
Ayda Liman “Acordo com um calor insuportável e com uma imensa cede. A minha boca está completamente seca e me condeno por ter esquecido a minha jarra com água fresca. Eu me levanto da cama no quarto em completa escuridão e me cubro com um hobby de cetim. Tento procurar o interruptor e bocejo forte pelo imenso sono. Juro, quase não consigo abrir os olhos. Ao acender a luz, vou primeiro ao banheiro e faço xixi. Lavo as mãos e saio do banheiro indo em direção à porta. Antes de tocar a maçaneta, eu ouço um grito alto que me faz arrepiar e abro a porta num piscar de olhos. O sono evaporou agora! A cena que eu vejo me deixa sem chão. Vejo o meu pai arrastando a minha mãe pela perna e vejo também marcas de sangue pelo caminho. Demoro um pouco a começar a raciocinar e ele continua tendo ira em sua face. Faço um esforço para reagir e corro na direção para me aproximar. Eu preciso impedir isso! — NÃO FAÇA ISSO! — Tento empurrá-lo, mas não consigo e de brinde, eu recebo um tapa que quase me faz cair. — Não se meta! — Sou puxada pelos cabelos e tento não gritar. — Vai ver o que acontece quando me traem. Ele me larga mais uma vez e volta a puxar a minha mãe que geme pelo ferimento em sua barriga. Tem muito sangue saindo e vejo-a agonizar. Ele para de puxá-la apenas quando chegamos no salão principal e ele saca a sua arma. Em seguida, ele libera tiros para cima e isso chama atenção de todos. Ela tenta dizer algo, mas não consegue. Vejo funcionários, soldados, hóspedes e até o meu irmão vindo para saber o que está acontecendo. Todos estão confusos e eu não consigo esperar algo de bom. Ele vai matá-la. O que ela fez para merecer isso? A minha mãe sempre foi tão obediente a ele. Ela o temia de todas as formas e apesar das ignorâncias e brutalidade, nunca a vi elevar a voz para ele. Ela seria incapaz de o trair. Sempre teve medo dele e ela sempre me ensinou a ter cuidado com tudo que faço. — Saibam bem o que acontece com quem me trai..., pode ser quem for! Nem minha esposa irá ficar impune. — Todos ficam assustado e tento ir até ela, mas Valdrin, me impede. — Não pode fazer nada! — Ele diz segurando firme os meus dois braços pelas costas. — Quer ser a próxima? — É a nossa mãe! — Quase grito, mas a minha voz falha. — É uma traidora..., ela já está morta, Ayda! — Ele não demonstra nada por ela. Valdrin, não me solta e ainda por cima, tampa a minha boca com uma mão. Não tenho forças contra ele. Meu irmão é mais alto, é mais forte e consegue me segurar sem muito esforço. A cena que eu vejo, é o meu pai pegando a espada de decoração da parede. O meu corpo todo treme por saber o que ele vai fazer e a cena é pior do que imagino. Em um golpe, ele acerta o seu ombro e o faz ir ao chão. O sangue jorra por todos os lados e ela grita pela dor. O grito me faz entrar em desespero e num piscar de olhos, eu vejo a sua cabeça ser cortada fora. Ela está morta! Ele matou a minha mãe a sangue frio e não hesitou em nada.” Acordo num susto horrendo e tento buscar o ar que me falta por completo. Estou ofegante, quente e me tremendo toda. Essa lembrança em forma de pesadelo sempre me persegue, não importa quanto tempo passe. Aquela é a última lembrança que tenho dela. Ao olha as horas, eu vejo que é exatamente três da manhã. A hora em que tudo aquilo aconteceu naquela noite e me sinto sufocada. Me levanto da cama indo em direção à janela e abro em busca de frescor. A noite lá fora está fria e tento acalmar os meus nervos. Estou tremendo. Aquela noite nunca se apaga da minha mente e sou atormentada desde então. Ainda vivo na casa onde a minha mãe foi morta e passo pelo corredor todos os dias. Ele está marcado pela morte dela. Foi ali que ela foi sentenciada. Sinto muita falta dela e desde aquela noite, o meu ódio pelo meu pai aumentou. Deixei os meses e os anos se passarem e fui me preparando. Quando me senti pronta, comecei a investigar a fundo o que houve de fato naquela noite. Tive a ajuda de Marius e ele foi a ajuda essencial. Vendo pontos, perguntando aos soldados daquela noite e até tentando entrar no assunto com o meu pai, descobrimos que ela nunca fez nada. O meu pai apenas pagou um homem para seduzi-la e fazer ao menos terem uma conversa comprometedora. E deu certo. O meu pai só queria se livrar dela e fez como quis. O homem, foi embora com o bolso gordo pelo pagamento e nunca mais foi visto. Apesar de usarmos o Lek albanês, a vida da minha mãe custou 20.000€ para o meu pai. Foi isso que ela custou! Eu passei tanto tempo querendo e desejando vingar a sua morte, mas a verdade é que é impossível e qualquer pessoa que souber, poderá me condenar. O meu pai tem soldados para tudo. Até quando ele vai dormir, há dois homens na sua porta do quarto e se eu fizesse algo com alguém, eu nunca poderia confiar. Seria ter um alvo nas costas e eu poderia ser a próxima. O jeito foi deixar o tempo passar, mas nunca me esqueço. Nunca vou esquecer como ele a matou e como deve ter passado dias planejando aquela atrocidade. Todos sabem quando um marido quer se livrar da esposa e foi o que ele fez. Espero que um dia, ele pague por todos os seus crimes e quero assistir de perto. A essa hora, eu não consigo mais dormir e decido me vestir. Eu bebo apenas um pouco de água para apagar a cede e pego a minha roupa no canto da cama. Visto a calça, a blusa e coloco a bota de salto. Depois de prender os cabelos, eu saio do quarto em passos firmes. O silêncio é enorme a essa hora. O único som é dos meus saltos e ando em direção aos fundos da propriedade. Vejo homens distantes fazendo a guarda e vou diretamente para o ala onde faço os meus treinos. Ao entrar, eu começo a separar umas facas de vários tipos e pego as luvas. Eu preparo todo o cenário com garrafas e bonecos de alvos. A minha madrugada será aqui. Dormir não é algo que eu faça ainda hoje e depois das facas, tem os treinos de socos. Eu pego a primeira faca de lâmina curvada e miro bem na garrafada da ponta. Prendo a respiração e lanço-a vendo cacos de vidros irem para todos os lados. Destruo uma por uma e ouço o som da porta ser aberta. — Sentiu saudade? — Não esboço expressão alguma ao ver a pessoa à minha frente. É meu irmão!
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