CAP 5

1103 Words
Ayda Liman Com a ajuda das funcionárias da casa, nós fizemos a separação de todas as coisas e enviamos as mais fáceis. Tudo que era para o quarto em relação ao enxoval, foi na frente. O que era de mais delicado e com mais valor, nós colocamos no meu quarto para ser lavado depois. Confesso, ainda estou surpresa por tudo que ganhei e de pessoas que nunca fui de ter contato. É impressionante. Consigo ver que tem muita gente confiando nessa união e mais ainda, acreditam realmente que é a chance de paz que precisamos. Quando menciono que a guerra nos custou caro, não é exagero. Muitas pessoas perderam quase tudo e muitos foram atingidos. Ouvi muitas reuniões escondida do meu pai e muitos cobravam dele uma posição diferente. Queriam o encerramento de qualquer jeito, mas o meu pai e o senhor Osman, nunca baixaram a guarda. O que os fez mudar de ideia agora? A falta de recurso dos dois lados. Os cofres ficaram quase vazios, os armamentos não conseguiam mais entrar pelas fronteiras e o pior, eles não conseguiam exportar pela guerra ser de conhecimento global. Se outras organizações não suportavam mais os conflitos, imagina nós aqui de dentro. Apesar do meu conhecimento, eu fui ferida diversas vezes e tenho as marcas que provam. Mesmo com essa calmaria de dias, eu estou presa aos bombardeios e a tensão. Quase não durmo a noite e o meu corpo está sempre em alerta. Com todas as coisas feitas, eu me preparo para um banho rápido e lavo os meus cabelos. Noto como eles estão ficando longos e antes do casamento, eu preciso cortá-los. Ao encerrar, eu me visto de uma roupa limpa e separo a suja. Saio do quarto indo para os fundos da casa e vejo o terreno vazio como de costume. O dia está nebuloso hoje, escuro e sem vida alguma. A sensação de frio é presente e ando em direção as rochas que ficam do outro lado. Eu me acomodo em uma delas e pego o meu celular do bolso. Juro que sinto uma tentação enorme de falar com Ilir, mas me seguro. Não posso fazer nada por impulso, principalmente por estarmos em um momento delicado. Um vento forte começa no local e toca a minha pele que me faz estremecer. Os dias de chuvas estão chegando e não vou mentir, gosto do frio e mais ainda de chuva. É meu calmante natural. — Você adora se esconder. — Marius, se aproxima me pegando de surpresa. — Mais uma vez, você conseguiu me despistar na sua saída. Vou ter que colocar câmeras em você! — Sou mais esperta que você. — Respondo vitoriosa. — E queria ficar sozinha depois de toda a loucura. Com certeza você já sabe. — Falo me referindo ao casamento e ao acordo. — Todos já sabem, afinal! — Sim, eu sei e sinto muito. — Ele se acomoda na rocha ao lado, ficando de frente para mim. — Como você está? — O que você acha? — Ele não responde. Pelo menos não de imediato. Marius, é um homem feito que trabalha para o meu pai há anos e sua missão, é me proteger e quase me vigiar. Ele cuida de mim desde os meus 15 anos e demorei a ter uma confiança nele. Enquanto ele me vigiava, eu fazia o mesmo e por milhares de vezes, eu ouvi o que ele contava ao meu pai. Marius, é um grande responsável pelo meu desenvolvimento na organização e ouvi bem os seus elogios a mim. Ele nunca soube que eu ouvia e vi bem ele não ceder a todas as vontades de meu pai. Ele insistiu em mim, me ensinou o melhor do que sabe, me deu ânimo e encorajamento. Mais do que eu podia imaginar! Por muito tempo, nós fomos muito próximos em diversos sentidos e não me arrependo. Compartilhamos segredos e depois, construímos uma amizade. Ilir, que nunca saiba de todos os detalhes, porque surtaria por completo e esse é o único segredo que escondo dele. E espero conseguir esconder. — O seu pai está completamente atacado desde aquela noite e mais perturbado com essa trégua do que com a guerra de antes. — Não discordo dele. É um fato! — Ele sente que fracassou, que perdeu tudo ao me usar como moeda de troca e convenhamos, ele só estaria satisfeito se tivesse a cabeça de Osman em mãos. Aposto que colocaria até de decoração em qualquer lugar para ver todos os dias. — Marius, sorrir em concordância. — Me usar é um sinal de fraqueza para ele e vejo isso todas as vezes que ele direciona a palavra a mim. — Eu nunca a usaria... — Ele fala tão sério que vejo que não foi apenas por impulso. Está sendo sincero. — Ilir, tem sorte desse casamento e espero eu você tome cuidado. — Sempre tomo, mas... o que vai fazer depois que eu ir? — Isso chega aos meus pensamentos já que nunca falamos disso. — Seu pai ainda me quer ao seu lado. Se o seu noivo permitir, estarei lá para ainda lhe proteger, mas para o seu pai é apenas uma forma de conseguir informações. — Não estou surpresa com isso. — Claro que seria, é tudo que ele quer. — Nunca me surpreendo com esse homem. — Ele ainda quer se agarrar na destruição dos Alban’s. Me pergunto se foi os conflitos que lhe moldaram ou se ele nasceu assim. Penso que é um pouco dos dois, já que nunca o vi em paz com nada. — Não se sinta inferior pelos meus sumiços..., eu busco apenas uma forma de relaxar longe disso tudo. Sabe que aqui é impossível. — Ele acena. — Espero que não tenha tido problemas. — Inventei desculpas e por sorte, você sempre chega na hora certa. — Fico aliviada por isso. — Só espero que não faça nada de errado. — Fique tranquilo! Garanto que é apenas uma fuga temporária e que nada vai cair sobre você. — Ele acena e continua a me olhar. Observo a vista à minha frente e respiro fundo aproveitando esses minutos de paz. Qualquer minuto longe de meu pai é um tesouro e eu sei bem o valor. Marius, não fala mais nada, apenas fica aqui comigo do outro lado em silêncio e tento me preparar para os meus treinos do dia. Pela primeira vez, a tensão no meu corpo me faz murchar e se pudesse, evitaria. Eu amo os meus treinos, mas hoje não é um bom dia. Porém, não tenho escolha. Me acostumei a não ter!
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