Capítulo 4

1213 Words
Beatriz estava flutuando. Arthur finalmente voltara e ele continuava o cavalheiro gentil que ela lembrava. E o que falar de sua aparência? Ela sempre o achou bonito. Lindo, se fosse honesta. Mas não estava, de forma alguma, preparada para a visão de um Arthur mais velho. O cabelo escuro e ondulado estava maior. Os olhos eram como buracos negros. O sorriso era gentil. O franzir de testa, coisa que ele fizera bastante, lhe dava uma expressão séria e... sexy. Beatriz estava mesmo pensando que seu noivo era sexy? Sim, de fato. Ela não podia negar. E não era apenas a testa franzida, mas todo o conjunto. O que eram aqueles ombros largos? Um verdadeiro pecado e era dela. Bom, não ainda. Mas seria muito, muito em breve. Ela estava muito orgulhosa. Seus filhos seriam lindos. E Arthur poderia ninar as crianças contando sobre as aventuras que viveu. Seria perfeito. - O que você acha, querida? Anthony questionou. Beatriz olhou para ele sem entender. Os três estavam sentados à mesa e enquanto pai e filho conversavam animados, ela divagara em sua mente. - Desculpe, acho que me distrai. O duque riu, já acostumado com as manias da jovem. O futuro duque, porém, franziu a testa. - Você está bem? Beatriz estava exultante com a preocupação nos olhos do noivo. Um cavalheiro realmente gentil. Ela assentiu com a cabeça e tomou mais um gole de água. - Estou bem, obrigada. Ele ainda a encarou por alguns segundos antes de voltar a atenção para a comida. - Bom, acho que esse velho aqui precisa descansar um pouco – Anthony soltou um bocejo alto. - estou começando a sentir dores na perna. Arthur estava prestes a perguntar sobre tais dores, mas Beatriz foi mais rápida. Ela estava ao lado de Anthony antes que Arthur se movesse. - Está bem, papai? Talvez nós devêssemos chamar o médico. - Ora, que exagero. Surpreso eu estaria se não estivesse sentindo dor. É a idade, querida, não há necessidade para agitação. - O homem bocejou mais uma vez e Arthur desconfiou. Parecia um bucado teatral - Vocês podem já começar o passeio pela propriedade, sim? Infelizmente, não poderei acompanhá-los. Ele estava tentando deixar os noivos sozinhos, percebera Arthur. O velho, esperto que era, soube que o filho iria convidá-lo para os acompanhar. Era mesmo inacreditável. - Passe para se despedir de mim antes de ir embora, querida? Voltará amanhã? A jovem assentiu com vigor. Arthur suspirou. Ela não iria embora nunca? Eles ainda não haviam casado, ora. Não era obrigado a passar o dia em sua companhia. - Tudo bem por você, Arthur? – Beatriz perguntou, parecendo menos animada e mais incerta. – Você não gostaria que eu ficasse? Ela havia percebido o suspiro de descontentamento que ele dera? Arthur se sentiu m*l pela noiva e forçou um sorriso. - Não me importo. Hum... – ele pigarrou. – Gostaria que ficasse. Ela sorriu. Muito melhor, Arthur pensou. Ela deveria sorrir sempre. Ele descobrira, naquele segundo, que não gostava de chatear a noiva, preferia vê-la sorrindo. - Está resolvido então. – O duque declarou animado. – Vejo vocês mais tarde. Sem nenhuma cerimônia e mais rápido como um homem fugindo da forca, Anthony desapareceu. Arthur suspirou novamente e olhou para Beatriz. - Acho que devemos começar o passeio, então? Ela inclinou-se para frente sobre a mesa e sussurrou como um segredo. Arthur também chegou mais perto a fim de ouvi-la melhor. Ele percebeu que ela cheirava a rosas. - Você acha que ele estava tentando nos deixar sozinhos? - Você percebeu? - Não foi muito sutil, eu diria. Não é tolice? Nós já vamos nos casar. - É, eu diria que é inútil. Beatriz assentiu, mas deu de ombros. - Na verdade, há um assunto que eu gostaria de discutir com você, Arthur. Podemos falar sobre isso enquanto caminhamos? - Claro. E você me mostra as terras, talvez papai tenha razão. Oito anos é muita coisa. Eu nem sei se meu cavalo ainda está vivo. - Ele está. Mas sinto dizer, ele é meu agora. O futuro duque a encarou. O seu cavalo era dela? Não, não era mesmo. - Acho que não, senhorita. Ela estreitou os olhos. - Vai me chamar de senhorita outra vez? - Sim, a senhorita está tentando tomar posse do meu cavalo. - Ora! O bichinho ficou abandonado após oito anos! O chocolate precisava de.... - O que disse? - Disse que ele ficou abandonado e... - Não. Como o chamou? - Chocolate. Arthur parecia ultrajado. - Esse não é o nome dele! - Bom, quando eu comecei a visitá-lo nos estábulos não sabia como você o chamava, então lhe dei um nome. Claro, depois me contaram, mas eu acho Trovão um nome inadequado. Inacreditável! - E chocolate é mais adequado? Você não tem pena de envergonhar o animal entre os outros cavalos? - Eu não vejo por que ele se envergonharia. Todos os novos cavalos têm nomes de comida e... Arthur saltou da cadeira. Incredulidade, irritação e vontade de esganar a sua noiva misturavam-se dentro dele. - Por que os cavalos tem nome de comida? Papai e Jake enlouqueceram? - Foi eu quem os nomeou. - Ora, quem lhe deixou responsável pela nomeação dos cavalos? - Não só dos cavalos. – Beatriz contou, orgulhosa. – Todos os animais receberam lindos nomes. Aquilo era loucura! Uma completa loucura! Os seus preciosos cavalos. Aquela dama era um perigo para a propriedade. Chocolate? Um absurdo! Ele tinha medo de perguntar os demais nomes. - De agora em diante você não é mais responsável pela nomeação dos animais, certo? Ela cruzou os braços. Arthur estava em pé enquanto Beatriz permanecia sentada. Se ela já era pequena, naquela posição parecia minúscula. Mas a carranca dela era um tanto preocupante. - Errado. - O que? Ela estava o questionando? Seu futuro marido? O futuro duque? - Não se faça de t**o. Você ouviu bem. - Você acabou de me chamar de t**o? A voz de Arthur era perigosa. Parecendo se dar conta de que estava completamente fora de lugar, Beatriz recuou, apenas um pouco. - Quero dizer, eu gostaria de continuar responsável pela tarefa. Por favor. Embora fosse o que as palavras sugeriam, aquilo não era um pedido. E, de repente, Arthur sentiu seu m****o enrijecer. Tão petulante... Tão respondona... Quem ela pensava que era com aquela expressão de quem era dona de si e do mundo? O queixo erguido, a expressão feroz. Aquilo era... tentador. Arthur sentira vontade de ensinar uma lição à ela. Na cama, de preferência. Com os dois nus. Oh céus! O que deu nele? Ele acabara de ficar e******o por nada? Exatamente como um rapazote. Estava claro que ele precisava de Eva. Sem entender, e desesperado para disfarçar a ereção, ele acabou por concordar com aquele absurdo. - Tudo bem, então. - Obrigada. – Ela sorriu, meiga de novo. – Agora, vamos conhecer a propriedade. Beatriz se levantou e caminhou para fora. Arthur achava que deveria banhar-se de agua gelada para recuperar o bom senso. Ficar sozinho com a dama não é o que ele precisava, mas talvez um pouco de ar fresco fosse útil. Ele não iria arriscar questionar a noiva de novo e ter que enfrentar a sua petulância sexy outra vez. Ele a seguiu.
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