Capítulo 16

1380 Words
Uma buzina soara no lado de fora. Os três irmãos ergueram os olhos para janela sentindo um arrepio se passar em seus corpos. Não demoraram em sair do quarto pedindo para que o pai ficasse onde estava. De fato, Senhor Bailey ficara já que haviam dois netos em seu colo brincando com os cereais. Benjamin fora abrir a porta, a fechando assim que saiu da casa. Olhara para a mulher por volta dos sessenta e nove anos, que mantinha a boa aparência. O rosto puxado e alisado fingia o aspecto jovial, além dos cabelos negros bem tratados escondiam os fios esbranquiçados. ― Meu filho, que saudade mamãe sentiu! ― A mulher tentava manter o equilíbrio dos saltos na terra firme ― Fiquei à espera de sua ligação e de Héctor, mas acho que me esqueceram. Benjamin sentia um bolo em sua garganta. Estava confuso sobre ela. Quer dizer, era a pessoa que sempre o amou e cuidou dele. A mesma pessoa que aparentemente fez algo r**m a Henry, alguém importante para o seu pai. Apesar de não saber nada concreto, estava incomodado em vê-la. ― Olá mãe. Camille sorria em ouvir o filho, aproximou-se e lhe abraçou fortemente sem ser correspondida. ― Ora não vai abraçar sua mãe? ― O que veio fazer aqui? Achei que a última coisa que faria em vida era vir. A mulher se recompôs e ajeitou os cabelos. Virando-se elegantemente, apontou para o carro onde o novo marido estava à sua espera. ― Vim trazer os presentes dos meus netos, onde eles estão? ― Tomando café junto com o papai. Os olhos se tornaram felinos, assim como o sorriso desapareceu. Talvez se esquecera que o homem da qual se divorciou após ter três filhos vivia naquela casa. Olhando o imóvel, soltou um suspiro. Tinha tudo em suas mãos em Londres. Uma casa bela com piscina em um bairro nobre foram trocadas por um casebre de madeira no meio do nada. ― Serei breve então, quero apenas dar os presentes. Antes que Benjamin pudesse a impedir, Camille adentrava na casa observando a família toda reunida em volta da mesa. As risadas que ecoavam, os netos aglomerados em volta de um senhor que parecia se divertir com um prato de cereal. Por mais que exercesse uma força sobrenatural para ser fria com o ex-marido, não conseguira desviar o olhar dele. O reconhecera pelas tatuagens em seus braços, pois o restante estava imensamente diferente. Os cabelos que sempre foram bagunçados estavam ralos e totalmente brancos ao natural, a fisionomia cansada e envelhecida lhe assustara. Todos haviam parado de conversar para olhar a mulher elegante parada na porta. Lucius e Oliver ficaram na frente de senhor Bailey, ambos com os olhos cerrados e frios. ― O que faz aqui? Sabe que não é bem-vinda. ― Eu que te dei vida, é assim que trata sua mãe? ― Acho que meu pai foi bem claro que você nunca será minha mãe. Recordou-se da gritaria quando senhor Bailey retornara para Londres, com os olhos cheios de raiva e palavras cuspidas. A mulher já era acostumada com tal tratamento, afinal nunca foi amada pelo marido. Mesmo assim não conseguia evitar se sentir magoada com tais lembranças. E da mesma forma não voltaria atrás em sua decisão de não aceitar a orientação s****l do filho. Mesmo que tivesse ficado feliz por ele ter adotado os gêmeos. Senhor Bailey enxergava no vão entre Lucius e Oliver a mulher que parecia conhecer seus filhos. Havia se esquecido dela, ou talvez se lembrasse de sua forma mais jovem. Os netos ignoravam a presença da avó segurando com força as blusas de senhor Bailey. ― Meus filhos o que está acontecendo? ― Nossa mãe apareceu ― Lucius dizia com um sorriso malicioso no rosto. ― Sua mãe? ― O senhor Bailey empurrara, lentamente, Lucius para ver a mulher que parecia lhe olhar friamente. ― Que besteira, Camille não é velha desse jeito. O motivo do sorriso malicioso de Lucius era por ver um lado divertido na doença do pai. Saberia que ele não reconheceria a ex-esposa, e por isso ansiava por algo que deixasse a mãe desconcertada. Camille por outro lado piscara descrente bufando antes de olhar para Héctor. Sabia que era o filho que mais lhe dedicava atenção, e por isso sorria esticando os braços. ― Venha me dar um abraço, estou com saudades. ― Mulher! ― Senhor Bailey esbravejara se levantando após deixar os netos com as mães ― Não faço ideia de quem é você, mas não aceito que trate meus filhos como se fossem seus! Benjamin, Héctor e Lucius já havia se posicionado atrás do pai, prontos para evitar o máximo de problemas. Mas senhor Bailey parecia furioso em ver alguém tão estranho agir de tal maneira. Se negava a acreditar que a ex-esposa teria ficado daquela maneira tão f**a. Poderia não ter a amado, mas não negava que de fato era bonita. ― Saia de minha casa nesse instante, ou chamarei a polícia. ― Chamar a polícia, Franchesco... sou eu. ― Eu nunca conheci uma mulher tão desrespeitosa em toda a minha vida ― O senhor Bailey parou e então virou para os meninos ― Ou esse cargo deveria para a mãe de vocês? ― Acho que deveria ― Respondia Lucius sorrindo divertido. Antes que o pai tivesse um colapso nervoso, os três filhos arrastaram a mãe para fora de casa, próxima ao carro. Ela ainda estava surpresa por ouvir palavras tão ríspidas sendo direcionadas para si. Acreditava ser uma afronta o ex-marido fingir não a conhecer. ― Eu entregarei os presentes ― Benjamin pegava as sacolas do carro, sem cumprimentar o rapaz que esperava dentro. ― Então pode ir. ― O que está acontecendo? O que o pai de vocês está falando para ficarem contra mim? Lucius fora o primeiro a enfrentar a mãe colocando-se em frente dos irmãos deixando que seu olhar, cheio de machucados causados por aquela mulher, fossem dirigidos a ela. ― Jamais, em hipótese alguma, irá falar m*l de meu pai na minha frente. Não depois que eu soube o que fez com Henry. O olhar da mulher se tornara estático, como se tivesse voltado ao tempo de menina onde encontrara o homem mais charmoso de todos os tempos. O homem da qual acreditava ser responsável em trazer toda a felicidade em sua vida, e de como sentiu quando ele fora roubado de si por um outro garoto sem nenhum atrativo. Perder um homem para outra mulher seria mais fácil de engolir. Mas o perdera para outro homem, e isso ferira o seu orgulho. Passando a olhar o rosto dos três filhos, que estavam sérios e de braços cruzados, sentiu um arrepio se passar por sua espinha. ― Não fiz nada ― Sussurrava ela ― Seu pai que nunca o amou a ponto de ir atrás dele. ― Pode dizer o que quiser mãe ― Benjamin não sabia ao certo o que teria ocorrido com Henry, entretanto o olhar da mãe parecia estranho ― Mas aqui você não é bem-vinda. Restando apenas o filho do meio, o mais chegado a mãe, Camille virou-se para ele. ― Héctor ― O mesmo se manteve quieto por um instante. ― Não venha ver o nosso pai ― Dizia o rapaz ― Mesmo que você queira jogar na cara dele que está bem e que ainda pode sair com quem quiser, ele continuará a não se importar. ― O quê? ― Papai está doente, e a última coisa que precisamos aqui é deixa-lo mais doente ainda com a sua presença ― Lucius pegara a sacola de presentes do irmão e a erguia ― Aliás, eu mesmo quero te evitar para o resto da minha vida, se é que me permite usar as mesmas palavras que usou quando me expulsou de casa. O filho caçula dera as costas para a mãe. Detestava ver traços de Franchesco no filho caçula, principalmente a semelhança em se sentirem atraídos por homens. Como odiava se lembrar do passado. Aos poucos via os dois filhos também se afastarem, indo para os braços do pai que a observava da janela com uma fisionomia brava. Engolindo em seco, adentrou do carro e saíra antes que pudesse fazer alguma loucura, como se jogar nos pés do ex-marido e pedir perdão.
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