Capítulo 6

986 Words
Acordo com o toque do meu celular. Eu bato pela cama até encontrá-lo e coloco no meu ouvido sem olhar para a tela. — Alô ? — Essa é a voz de alguém que ainda está dormindo. — Bruno? Como você tem meu número ? — Seu número é o mesmo desde que ganhou seu primeiro celular, Mel. Ele pronuncia as palavras como se estivesse explicando para uma criança. E é claro que ele está certo, Só porque ele mudou de número quando se mudou, não quer dizer que eu tenha mudado, o que eu não fiz. — Certo. Eu ainda estou dormindo, dá um desconto. Por que está me ligando? — Justamente por isso. Você ainda está dormindo. Não deveria estar na escola? O que? Olho pro relógio ao lado da minha cama só pra confirmar que mais uma vez, ele está certo. Eu já perdi o primeiro tempo de aula — Que d***a — continuo falando enquanto corro pelo quarto — Perdi totalmente a hora — Foi o que pensei. — Espera ai. Como você sabe que eu não estava na escola ? — Eu estava olhando pela janela esperando você sair, queria saber se você estava melhor, se a tontura de ontem foi mesmo só por causa da comida e tal. Daí estranhei quando não te vi sair A preocupação dele me abala, ignoro meu coração batendo levemente mais rápido do que estava antes de suas palavras e foco em me arrumar. — Bem, eu agradeço. Por tudo, por me acordar pra ir para escola e por se preocupar  — Eu aceito seu agradecimento sobre te acordar. Mas nunca me agradeça por me preocupar com você. Coração acelera ainda mais — Tudo bem. Bem, acho que tenho que desligar — Acho que sim. Ah, talvez tenha alguns paparazzis lá fora. Talvez você saia em alguma foto. Então, se arrume, fique bonitinha Seu tom é de brincadeira e ele rir ao terminar a frase. Sorrio.  — Você sabe que bonitinha é um f**o arrumadinho, certo? Acho que você acabou de insultar minha beleza. Digo, fingindo estar ofendida. — Alguém está caçando elogios? — Você tem algum para mim? — Claro, eu posso dizer que você é sempre maravilhosa. Não posso evitar minha risada. — Sempre é um exagero. Você precisa ver quando eu acordo depois de dormir com o cabelo molhado. — Mel, Mel... Não vamos entrar aqui na questão de o quanto eu te acho linda porque ai eu teria que fazer um daqueles comentários que eu prometi que não faria desde que concordamos em ser amigos.  — Você está certo.  — Eu sei. — Vou pra escola. — Tenha uma boa aula.  — Terei.  — Se alimente direitinho hoje. — Eu vou. — Tchau  — Tchau  Desligo o telefone com um sorriso i****a no rosto e termino rapidamente de me ajeitar. Fico meio surpresa por não ver os paparazzis quando saio, talvez estejam escondidos. Ou tenham percebido que Bruno está apenas na casa dele e isso não precisa ser capa de nenhuma revista. Começo a andar quando ouço a voz de Bruno chamar o meu nome. Procuro por ele, que está na janela do segundo andar. — Que foi?   Eu grito.  — Só queria dizer que eu te acho linda pra c****e. Minhas bochechas ficam vermelhas e um sorriso largo rasga o meu rosto. — Você é um i****a, Bruno Cler. — Já fui chamado de coisas piores. Nós dois rimos. — Agora vá pra escola, mocinha. Eu vou. Vou porque preciso me afastar. Vou porque minha mente está gritando que eu estou brincando com fogo. Encontrar um Thiago sorridente me dá uma sensação de culpa. Por isso, obrigo minha mente a esquecer cada uma das palavras de Bruno e focar inteiramente no garoto à minha frente. Prefiro contar a ele do episódio de ontem, sobre não ter comido e passado m*l, sobre Bruno ter me levado pra casa dele. A honestidade sobre isso quase faz eu me sentir melhor. Ele não diz nada sobre eu ter jantado junto da família de Bruno. Mas na hora do almoço, insite em me levar a um restaurante. É seu modo de dizer que reprova meu comportamento e que agora estará de olho na minha alimentação.  Quase tenho vontade de revirar os olhos, porque parte de mim sente que Thiago está sempre de olho. Sempre com medo de que eu não esteja realmente bem. Tento entender, quando ele me conheceu eu não estava em minha melhor fase. Já tentei fazer com que ele entendesse que o fato de antes eu estar sempre nos cantos e chorando foi só porque não estava adaptada ainda a todas as mudanças na minha vida, mas que isso já passou. Ele diz que entende. Mas não é bem assim  * A semana inteira passa da mesma forma  Vou pra escola e encontro Thiago, ele almoçou comigo todos os dias dessa semana. Passamos a tarde juntos e quando volto pra casa, Bruno aparece lá. Eu praticamente não vejo a minha mãe, ela já saiu quando eu acordo e eu já estou dormindo quando ela chega. Tento sufocar a falta dela, assim como a falta de Daniel. Na sexta, eu volto pra casa sozinha. Thiago vai passar o final de semana no interior, na casa da avó. Ignoro a sensação de solidão antecipada, um final de semana inteiro sozinha em casa vai ser bem longo. Assim que entro, chamo por Bolinha, mas estranhamente ela não vem. Meu coração aperta enquanto procuro ela pela casa. Eu a encontro encolhida no quintal.  Está chorosa e não move nem a cabeça quando me aproximo  — Ei, garota, o que houve? Ela não reage quando eu me aproximo. — Por favor, garota, não faz isso comigo. — peço no seu ouvido. — Você vai ficar boa, ta bom? As lágrimas já estão rolando pelo meu rosto.  Preciso de ajuda. Levanto e corro para casa de Bruno.
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