ETHAN CARRIELO
Acho que se fosse em outra situação, eu não mediria duas vezes para demitir aquela atrevida. Mas, a única reação que eu tive diante do seu estresse, foi rir. Não me estressei e muito menos fiquei puto, o que foi bastante estranho, mas sua presença deixava a atmosfera mais leve e isso, de um jeito estranho, me trouxe conforto. Após vê-la pisar no acelerador vermelha de raiva, soltando fumaça pelo nariz, me recomponho abrindo a porta do carro e entrando, manobro saindo da vaga e sigo pelas ruas movimentadas e transitadas do Rio de Janeiro. Ouço meu celular vibrar e vejo que é o meu irmão, conecto o bluetooth do celular no auto falante do carro e atendo.
— Oi florzinha. – Eros diz com uma voz fina quando atendo.
— Para de ser viado.
— Para de reclamar. Te quero hoje na minha cama.
— Só se for pra te desacordar de tanto chá de p**a que eu vou te dar. – Ouço sua risada na ligação.
— Me respeita.
— Fala o que você quer, Eros.
— Vem jantar com a nossa mãe, já estou aqui, falta você.
— Só isso?
— Não esquece da camisinha.
— Me espera de 4. – Desligo a ligação e retorno na pista indo pra casa da minha mãe, num prédio em frente a Praia. Estaciono o carro na garagem e deixo minha maleta e meu paletó no banco do passageiro, subo minha camisa social até o cotovelo e desabotoo os dois primeiros botões. Saio do quarto pegando meu celular e acionando o alarme. A medida que vou caminhando no estacionamento para o elevador, olho pra um carro que chama a minha atenção. É a mesma Range Rover branca que eu vi alguns minutos atrás, chego mais perto olhando pelo vidro claro e vasculho o olhar pelo carro todo, sendo atraído por uma calcinha bem pequena na cor vinho de renda que estava perto do banco do passageiro. De duas, uma: Ou ela tem fetiches por fodas no carro ou simplesmente esqueceu, mas a última alternativa é inocente demais, então prefiro acreditar na primeira opção.
Retomo ao meu destino pensando em como aquela calcinha ficaria linda atolada naquele r**o redondo. Coço a cabeça. Esquece isso, Ethan. Melhor coisa que você faz na vida. Aquela mulher sim, é problema, e dos grandes. Saio do elevador no andar da minha mãe e caminho no corredor, paro em frente à porta de madeira branca e toco a campainha, impaciente. Sou recepcionado por um abraço forte da minha mãe, que me desmonta todo.
— Oi meu filho. – Ela diz abrindo passagem pra eu entrar no cômodo enorme que é a sala. O apartamento da minha mãe é tão grande que parece uma mansão, exagerada, e é decorada em vários tons neutros.
— Oi coroa. – Entro e aceno com a cabeça para as três empregadas que estão fazendo seu trabalho. Sinto o olhar de duas delas passeando pelo meu corpo, mas não dou confiança e vou direto à sala de jantar, onde vejo o Eros entretido no smartphone, com um copo de whisky do lado.
— Falei pra esperar de 4.
— Seus dois libertinos. Vocês não têm vergonha dessas coisas?– Minha mãe chega com uma taça de vinho branco na mão, rindo.
Rimos e nos entretemos com assuntos relacionado a empresa enquanto eu colocava o whisky com gelo no copo.
— Aquela diretora morena lá? Nunca tinha visto na empresa. Boa demais. Já quero pegar o contato, quem sabe ela não me dá a honra da sua ilustre presença num jantar?
— A Cherry? Ela é um amor. Conheci ela quando seu pai a contratou, muito esforçada. Vê se não a trata m*l, Ethan! Seu gênio é forte demais e pude perceber pelo pouco tempo que estive lá, que ela não está muito atras. E você Eros, aquieta que ela é moça séria.– Minha mãe fala e eu faço careta a interrompendo pra responder meu irmão.
— Não quero você de olho nela e nem em funcionária nenhuma da empresa. Tá me entendendo? – Falo em alto e bom tom, me sentindo estranhamente puto por ele ter falado dela daquele jeito – E mãe, eu nunca vou ter nada com ela.
— Como se você não tivesse traçado ninguém de lá, né, seu puto? – Faço cara de paisagem.
— É diferente.
— Diferente o c****e. Mas conheci uma loira aqui no prédio, fiquei arriado por ela.
— Para de ser cachorro vocês dois. – Minha mãe nos observa de cara feia, ela vive dizendo que não vamos ter ninguém se continuarmos pulando de uma em uma. Mas eu pouco me importo de encontrar alguém, quero curtir minha vida, namoro é prejuízo.
A empregada chama para jantar e eu já migro pra mesa terminando de engolir minha bebida, que desce maravilhosamente bem pela minha garganta.
— Os tais árabes do contrato vão fazer um coquetel em agradecimento a empresa por termos fechado o contrato. Você soube disso, irmão? – Eros pergunta enquanto põe a comida no prato.
— Sou o presidente e último a saber das coisas.
— Você já olhou seu e-mail, querido?
— Ainda não.
— Pois então.
— Ethan é muito chato, esse adotado. Olha seu e-mail, a Cherry mandou pra gente uma cópia do que eles conversaram. Ela é uma ótima profissional.
— E irritante. Amanhã ela vai se ver comigo por não ter me contatado pessoalmente desse coquetel. Minha empresa não virou bagunça.
— Nisso eu concordo. – Eros diz e minha mãe olha com reprovação. – Ela me dispensou na maior cara dura.
— Bem feito, ninguém mandou dar em cima da primeira que vê na sua frente.
— Quero ir nesse coquetel. – Minha mãe se anima e eu maneio com a cabeça negativamente.
— Negativo. – Murmuro enquanto como.
— Virou meu dono? – Ela pergunta arqueando a sobrancelha.
— Mãe, estamos fazendo segurança do evento. Acha seguro a senhora ir? – Pergunto cauteloso, mas explodindo por dentro. Minha impaciência é explícita na minha fala irônica.
— Eu cuido dela. – Eros fala. Me rendo, dando de ombros.
— Não quero você de papo com ninguém então.
— Ah, então é isso? Deixa de ser ciumento. Você ganha seu pai no quesito ciúme, ele tinha, mas você tem bem mais. Meu coração só tem espaço pra vocês dois e seu pai, que infelizmente não está entre nós, mas permanece vivo dentro de mim. – Ela se aproxima beijando meu rosto. Não sou ciumento, apenas cuido de quem eu amo, que são poucas pessoas. Por mim e pelo meu pai que amava minha mãe com todas as forças.
— Eu não ganho carinho? – Meu irmão faz um bico ganhando atenção da minha mãe e eu reviro os olhos.
— Boiola.
♠️♦️♣️♥️
Deixo o prédio puto pensando o quanto eu odeio que as pessoas façam as coisas sem falar comigo antes, principalmente na empresa que é um lugar que eu preservo e aquela Cherry é uma atrevida, se ela acha que vai montar em cima de mim, está muito enganada. Pra montar é só em cima do meu p*u, em mais lugar nenhum.
Já no outro dia, ligo pro ramal da ala C pedindo a presença da senhorita Saint na minha sala. Dormi e acordei pensando no que ela fez, e minha raiva só foi aumentando. Ouço pequenos ruídos e batidas do outro lado da porta.
— Pode entrar.
— Sim? Mandou me chamar, senhor Carrielo?
— Sim, não preciso nem que se sente. O que irei falar, é breve. – Vejo seu olho arregalar e prender seus lábios inferiores entre os lábios. O que, por um momento, me tira a concentração. Levanto, caminho pra perto dela, encurtando a distância que temos um do outro.
— Da próxima vez em que você ousar ou pensar em fazer alguma coisa sem a minha permissão, terá que procurar emprego em outro lugar. Estamos entendidos? – Ela abre a boca duas vezes sem saber o que falar e eu coloco minhas mãos dentro do bolso da calça, esperando a resposta.
— Não estou entendendo muito bem. Será que pode esclarecer? Em que momento... – Ela ri sem humor, presumo que seja de nervosismo. – Em que momento eu fiz algo sem a sua permissão?
— A partir do momento em que decide fechar um coquetel envolvendo todos da empresa e não me contatando.
— Mas te mandei um e-mail. – Ela diz e eu entranho. Ué, como assim?
— Não recebi nada.
— Acho que isso já não é um problema meu. Certo?
— Você é bem ousada. Não acha que está sendo abusada demais com o seu chefe?
— A partir do momento em que ele me dá motivos, não, não acho.
— A principio, adorei a calcinha rendada na cor vinho que vi jogada no chão do seu carro. – Dou um sorriso de lado, o que a faz vacilar com o olhar.
— Co-como?
— Isso mesmo, dona Cherry.
— Seu enxerido. Está espionando meu carro? – Ela põe a mão na cintura e bate as pernas, indignada.
— Eu? Imagina. – Faço sinal de rendição com os braço. – Mas imaginei e creio que ficaria lindo em você.
— Pois isso é uma coisa que você nunca irá ver na sua vida! Saiba que isso é uma p**a invasão de privacidade!
Ela me vira as costas pronta pra sair e eu a viro, empurrando e fazendo-a bater com as costas na grande porta de madeira da minha sala, entrelaço nossos dedos e levanto seus braços, suspendendo-os na porta. Ela abre a boca assustada.
— Nunca vire as costas pra mim, senhorita Cherry. E não se esqueça que jamais é uma palavra muito forte.
Falo passando meu nariz em seu maxilar e descendo com beijos cálidos sua pele arrepiada. Gosto do efeito que causo nela mas detesto o fato dela fazer o mesmo efeito em mim.
Sopro seu pescoço fazendo caminho de beijos até a sua orelha, onde mordo e sussurro um "Quero você", que é correspondido com ela arrancando sua mão da minha e me agarrando pelo pescoço. Olho em seus olhos e encosto a minha testa na dela, que puxa meu rosto pra perto e devora meus lábios com os seus num beijo urgente.