Família, meu porto seguro

2002 Words
Heitor Depois do beijo que dei naquela garota no banheiro do avião, eu me senti um pouco perdido, como se minha alma tivesse sido transportada para outra dimensão. Só consegui voltar a realidade com a segunda bofetada na cara que recebi da morena. Ela saiu as presas do banheiro e nem pude alcança-la, precisava me sentar para que o avião aterrissasse. A aeromoça que eu fodi no banheiro me entregou um papel com seu nome e telefone e coloquei junto com sua calcinha no meu bolso. Assim que as pessoas começaram a descer do avião, eu me levantei para ir atrás da morena, mas fui puxado pela Naty que acordou com o balanço do avião aterrissando. Nem lembrava que ela dormia ao meu lado, acho que fiquei obcecado pela morena. Saímos do avião coma Naty tagarelando no meu ouvido, fiquei com vontade de jogá-la naquela esteira para que ela pudesse voltar para o avião e me deixasse em paz. Pegamos nossas bagagens e fomos em direção ao portão de desembarque e acabei encontrando um amigo que muito tempo não o via. — Olha, só! Não sabia que vinha me buscar — digo. Vitor era o meu amigo de infância, ele era apaixonado pela minha mãe e meu pai morria de ciúmes dele, apesar de ele ser apenas uma criança. Ele não gostava do Vitor. — Eu nem sabia que você estava viajando, eu vim buscar Helena. Deve ter vindo no mesmo avião que você — Fazia tempo que não via Helena, ela deve está uma mulher linda, da mesma idade que minha irmã. — Espero que não seja a morena que dei um amasso no banheiro do avião, depois de comer a aeromoça. Eu sempre fui um mulherengo. Porém, isso senti meu coração palpitar. — Caraca! Você pegou duas? Me conta como foi. Quando eu ia começar a me contar, uma voz feminina nos interrompeu. — Vamos, Heitor? Estou morrendo de cansaço — disse Natália. Nós três fomos amigos no primário, ou melhor, os quatros, Gabi também fazia parte da turma. Vitor tinha casado com Gabi, mas após a traição dela, eles se separaram, mas sei que ele ainda pegava a ex-mulher dele. — Olá, para você também, Naty! Ela revirou os olhos para ele e respondeu com indiferença. — Ah, olá! Como vai a Gabi? Ela sabia perfeitamente que eles estavam separados, ela perguntou isso de propósito só para irritá-lo. — Continuamos separados, dessa vez é definitivo. Ele não foi convincente. — Hum, sei! — falou debochando. — Me passa o seu número, Vitor, para a gente marcar de sair. Aí eu te conto o que aconteceu. — falei. — Aconteceu o que? — perguntou Naty. — Eu só estava dando um conselho para meu amigo para não se casar porque, senão, vai ficar difícil de se separar. Ele disse que vai terminar antes que fique sério o namoro de vocês. Ela fez careta para o Vitor e eu me segurei para não rir. Eu não a amava, meu amigo sabia disso, ela era como a Gaby, insistia em algo que não tinha jeito de dar certo. — Bom, se o Heitor for como você, o casamento já é garantido! Agora foi eu que fiz a careta para ela, casamento para mim, é coisa sagrada, eu deixo para os fiéis. — Eu? Estou fora! Nunca vou me casar. Sorri satisfeito, Naty ficou com a cara emburrada, depois que ouviu o que eu disse. Trocamos nossos números e nos despedimos. Chamei um taxi e dei o endereço da casa dos meus pais, eu ia levar a Naty para a casa dela, mas ela insistiu em querer ficar comigo, por isso, que fui para a casa da minha mãe. Lá ela não permitia que minhas namoradas dormissem em casa, para não ter que virar um motel. Bem ela estava certa! Assim, conseguirei me livrar da Naty e ficar com a minha família. Em casa antes que o carro parasse na porta de casa, minha mãe veio me receber. Desci do carro e a abracei, ela me apertou tão forte que quase perdi o ar, entrei na minha casa e fui recepcionado pelo meu pai. Ao contrário da minha mãe, pegou leve no aperto, mas senti o carinho dele mesmo assim. Minha mãe me puxou dos braços do meu pai e me encheu de beijos. Era sempre assim quando um de nós viajava, minha mãe odiava ficar longe da gente, piorou quando Eu e Willian resolvemos sair de casa para morarem sozinhos. Mamãe fazia uma tempestade num como d’água. — Ai, mãe! — Amor! Deixa o menino respirar. Eu nunca vou crescer aos olhos deles. — Romão, ele é meu menino, eu tenho direitos como mãe de prendê-lo dentro de casa. — Você vai acabar sendo presa por cárcere privado, Alexia. Eles sempre foram assim exagerados... — Será que eu posso participar dessa festa? Minha irmã Ariel se juntou a festa e ficamos os quatro grudados, só faltava o Willian para completar. — Olha a minha princesinha aí?! — papai falou abraçando a minha irmã, ela é o xodó dele. — Maninha, estava morrendo de saudades das suas bochechinhas vermelhas. — falei apertando suas bochechas, ela corava com facilidade. — Você só ficou um mês de férias, não dava para sentir tanta saudade de mim assim. — Vai me dizer que não sentiu a minha falta? Eu sei que ela sentiu. — Não! Mentirosa! — Ela dormiu no seu quarto, assim que você viajou. — Mãe! Não era para falar para ele, agora ele vai ficar se achando. Caí na gargalhada e abraçou forte essa pentelha que me deu tanto trabalho quando era pequena. — Eu sabia, maninha, que você me amava. Trouxe presentes para todo mundo. — Ariel sempre foi exagerada mesmo — falou Natália. Ela ainda não aprendeu a ser amorosa esse tempo todo. Ela nunca vai entender a nossa união. — Não é exagero, é amor de irmão! Você não sabe o que é isso, porque não para em casa, só vive correndo atrás do Heitor. Se desse toda essa atenção, que você dar para meu irmão, para sua família, talvez você entendesse o que era isso e percebesse que esse namoro nunca vai acabar em casamento. Naty fuzilou minha irmã com os olhos e cruzou os braços em frente ao peito, enquanto Ariel ainda estava abraçada comigo e só para provocar a Naty, não largar de mim tão cedo e era o que eu queria para que ela fosse para casa e me deixasse com a minha família. — Bom, vamos embora, Heitor? Estou cansada, amanhã vou precisar acordar cedo. Ele e sua mania de me tirar da minha família, mas hoje eu não saio daqui. — Eu mando o motorista te levar para casa dos seus pais, quero ficar mais um pouco aqui curtindo a minha família. Ela ficou de boca aberta com o que eu disse, o que deixou minha mãe satisfeita, mamãe também não estava preparada para me deixar partir. Eu também não queria partir. — Então, acho que posso ficar mais um pouco, aí voltamos juntos para casa. — Acho melhor você ir para casa dos seus pais, porque não vou para casa hoje, vou ficar o final de semana aqui. Isso significava sem Natália, mamãe nunca permitiu que as minhas namoradas dormissem na nossa casa, até porque, eu não parava com uma só e ela não queria ver mulheres diferentes perambulando na casa. Elas nunca passavam da sala, nunca chegaram a conhecer os quartos e eu sei que esse era o desejo de Natalia, se enfiar no meu quarto naquela mansão. Eu, também, fazia daquela casa o meu refúgio, quando queria me livrar de Natália, para poder ficar com a família, ou até sair para a balada sem ela. Minha irmã sempre dava cobertura para mim, ela fazia isso com maior prazer. Ela se levantou sem jeito e puxou sua mala em direção a saída, quase tive pena dela por ser tratada daquele jeito. — Quando começar a sentir pena de si mesmo, me procure. Estarei esperando. Ela sabia como atingir no meu ponto fraco, conhecia o meu passado e os traumas que eu carregava durante anos. Não perdia a oportunidade de me colocar para baixo, o que quase sempre funcionava, se não fosse pela minha irmã, para me trazer de volta. — Acho que é melhor eu ir para casa. — Natália sorriu vitoriosa, deixando minha mãe irritada. — Não mesmo, eu preciso da sua opinião em um projeto que estou fazendo para a fazenda. — Mais um? — perguntou papai. Papai nunca se recuperou dos projetos que a mamãe fazia quando era jovem, minha irmã também fazia alguns projetos para a fazenda, dando uma modernizada, mas naquele momento elas queriam tirar as garras da Natália de cima de mim. — Além disso, você disse que tinha presentes e não vou deixar você sair sem entregar o meu. — Tudo bem! Vou levar a Natália até o carro e já volto para entregar os presentes. Saí para acompanhar a Natália até o carro, eu precisava tirar a Natalia da minha vida, ela sempre usava minha dor para me segurar na vida dela, sendo que não conseguia da o golpe da barriga. Nunca transei sem camisinha e sabendo das intenções da Naty, isso não aconteceria nem tão cedo. — Vamos embora comigo... e fazer um amor gostoso — ela falou colocando a mão no meu bolso para alcançar o meu p*u. — Que p***a é essa? Ela acabou descobrindo a calcinha e o telefone da aeromoça. — Isso, não foi nada! — falei na maior cara de p*u. — Você transou no avião, enquanto eu estava dormindo? — Foi só uma rapidinha, amor, nada demais. — Uma rapidinha? Seu safado, eu não quero mais olhar para a sua cara, não me venha pedir colo quando seus demônios vierem te assombrar. Merda! Peguei pesado. — Naty, espera! Vamos conversar... Ela entrou no carro e gritou com o motorista para dirigir. Ele ligou o carro e partiu me deixando um pouco aflito. Natália sempre segurava a minha barra quando eu estava m*l, eu precisava dar um jeito nessa situação. Entrando de novo em casa ouvi o restante da conversa do pessoal — Se eu tivesse sido mais forte, naquela época, se eu não tivesse ido embora quando ele nasceu, talvez teria sido tudo diferente — mamãe falava com um certo peso que aquelas palavras continham. Ela se sentia culpado com o que aconteceu comigo e eu me se sentia culpado com o que aconteceu. — Sim, querida! Tinha sido tudo diferente. — Ela olhou para meu pai com tristeza, ele estava de saco cheio de tocar naquela mesma história. — Ele teria morrido, por causa da maluca da sua mãe. Você leu a carta que seu pai deixou antes de morrer, sabia do que sua mãe era capaz. Você salvou a vida do Heitor, se não tivesse feito o que fez, eu não teria conhecido o meu irmão. A história da minha família era muito louca, mamãe foi uma verdadeira heroína, ela fazia qualquer coisa por qualquer um de nós, sem pensar nas consequências. — Papai tem razão, mãe! — falou entrando na sala. — A senhora salvou a minha vida, eu não sei como agradecer pela mulher que a senhora é. Mamãe chorou emocionada. — Ah, filho! Eu te causei tanta dor, que até a Natália usa isso para te tirar de mim. Ok! Agora ela dramatizou. Está certo que a Natália usava o meu passado para eu ficar com ela. — Ninguém vai me tirar de você, mamãe. Eu sou seu menino. — Ah, filho! Ela se aconchegou no meu abraço, que parecia enorme perto dela e eu me deixava ser seu garotinho, vê se pode uma coisa dessa. Papai abraçou nós dois e minha irmã acompanhou fazendo o mesmo, dando um grande abraço coletivo. — Ei! Tem espaço para mim, aí? — Willian! — falamos ao mesmo tempo. Agora sim a família estava completa.
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