Quando Sofia entrou no shopping, as pessoas olhavam para ela sem entender de quem se tratava. Ela estava acompanhada por cinco seguranças. Algum tempo atrás, havia tentado negociar com Ricardo para diminuir a quantidade de seguranças, mas a conversa não foi para frente. Então, simplesmente desistiu e resolveu ignorar os olhares das pessoas à sua volta.
Sofia era uma mulher bonita, e o seu jeito delicado chamava atenção por onde passava. Era impossível não se sentir atraído por sua presença. Assim que chegou à loja de joias, três seguranças entraram com ela, enquanto dois permaneceram na porta. As ordens eram claras: ela não poderia ficar sozinha em hipótese alguma, sendo a única exceção sua própria casa.
Assim que a vendedora a viu, correu em sua direção, animada. Conhecia bem quem era Sofia, assim como o seu irmão, e não ousaria deixá-la esperando.
— É bom revê-la, senhorita Algustini. Como tem passado?
— Estou bem, obrigada por perguntar — respondeu Sofia de forma polida. Esse era outro diferencial dela que fazia as pessoas gostarem dela: não importava quem era ou quanto poder tinha, sempre tratava todos com muita educação e cortesia. — Meu irmão disse que tem algo para mim.
— Claro, senhorita. Espero que goste, é um conjunto lindo — disse a vendedora, animada. — Aguarde um momento que já volto.
— Claro.
Sofia sentou-se em uma poltrona e aceitou uma taça de champanhe oferecida por outra funcionária. Aguardava pacientemente quando ouviu outra pessoa entrando na loja.
— Olá, senhorita. Posso ajudá-la? — perguntou a vendedora.
— Vai ajudar se for rápida, querida. Quero ver algumas joias e espero que não me faça perder tempo — disse a mulher, de forma grosseira.
— Cla... claro, senhorita — respondeu a vendedora, gaguejando, antes de conduzi-la até o balcão.
Sofia ouvia aquilo com desgosto. Odiava pessoas como aquela, mas não causaria confusão.
— Aqui está, senhorita — disse a vendedora, voltando e colocando uma caixa sobre a mesa. Sofia levantou-se e abriu a caixa com cuidado. — Espero que goste. É uma peça exclusiva, feita especialmente para a senhora. Não há outra idêntica no mundo, foi criada por um joalheiro renomado.
Sofia olhava para o conjunto de joias encantada. Havia um colar com duas correntes que se uniam em torno de um pingente, que descansaria no seu colo quando estivesse usando. A peça era toda cravejada de diamantes e ônix negros em alguns detalhes. Ela tocou o colar, fascinada com a sua beleza.
— Que pedra é essa no pingente? É maravilhosa — perguntou Sofia, encantada deslizando os dedos por sobre a pedra.
— É um diamante marrom, ou diamante conhaque, como algumas pessoas o chamam — explicou a vendedora. — Combina com os seus olhos.
— Obrigada — respondeu Sofia, observando os brincos que combinavam com o colar. — O meu irmão sabe realmente como me encantar.
— Fico feliz que tenha gostado, senhorita — disse a vendedora, sorrindo satisfeita. Ela sempre atendia Sofia quando ela ia até a loja, e sempre a encantava a forma que ela as tratava.
— Eu vou ficar com este conjunto — disse a mulher que havia entrado na loja há pouco tempo, com os olhos fixos nas joias sobre a mesa.
— Lamento, senhorita, mas estas peças foram feitas sob encomenda especialmente para esta senhorita. Não estão à venda — explicou a vendedora de forma educada.
Os olhos da mulher escureceram diante das palavras da vendedora.
— Não quero saber. Eu quero estas joias. E quem é você para falar comigo desse jeito? Sabe com quem está falando!? — gritou a mulher.
Sofia olhou para a mulher à sua frente com desgosto. Odiava aquele tipo de situação e, principalmente, odiava quando acabava envolvida em algo que chamava atenção para si. Era exatamente o que aquela mulher estava fazendo.
— Lamento, senhorita, mas estas joias foram um presente do meu irmão, e eu não abrirei mão delas — disse Sofia, encarando a mulher sem demonstrar emoção. A sua postura era firme, e sua voz, suave, enquanto falava.
— Dê licença, eu não estou falando com a ralé — disse a mulher com desdém. O rosto da vendedora empalideceu ao perceber que a cliente havia insultado Sofia, o que poderia ter consequências graves. — Ande logo, embrulhe estas joias. Vou levá-las.
Os seguranças em volta de Sofia observavam a situação com atenção. Apenas não arrastaram a mulher para fora da loja porque Sofia, de forma discreta, pediu que não interviessem. Contudo, eles sabiam que o seu chefe provavelmente já havia sido informado do que estava acontecendo. Permaneceram atentos, prontos para agir a qualquer sinal de perigo.
— Te desafio a tocar no que é meu — disse Sofia, dando um passo em direção à mulher, os seus olhos tão sombrios quanto os do irmão.
A mulher, chocada com a mudança de Sofia, vacilou e deu um passo para trás, olhando-a com pavor por um instante.
— Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito, v***a? — disse a mulher, quebrando o silêncio da loja.
Os vendedores olharam para ela como se fosse louca, temendo as consequências do que acabava de acontecer.
— Do que você chamou a minha noiva? — perguntou Yuri, entrando na loja acompanhado de Dimitri.
A mulher olhou para Yuri com os olhos arregalados. Observou os seus olhos azuis com espanto, as suas tatuagens no pescoço e o seu corpo musculoso. Engoliu em seco, sentindo o perigo que emanava dele, mas não quis dar o braço a torcer. Confiava que o poder da sua família a protegeria.
— Quem é você? — perguntou ela, tentando manter a compostura.
— Quem sou eu? — respondeu ele, com um sorriso no rosto. — Sou Yuri Ivanov. Mas uma qualquer como você jamais conheceria a minha família.
Ao ouvir aquele nome, os olhos da mulher se arregalaram. Ela conhecia bem demais aquele nome, e o fato de ele estar com a mulher com quem havia discutido só piorava a sua situação. Paralisada, temia o que Yuri faria a seguir.