Yuri podia ver como a pele de Sofia se arrepiava diante do seu olhar, e sentia-se vitorioso por dentro. Estava dando os primeiros passos para que Sofia o enxergasse além do amigo da família que sempre fora. Ele não usaria métodos extremos com Sofia; iria conquistá-la pela cortesia, fazendo com que ela sentisse desejo de tocá-lo e não pudesse. Yuri queria provocar sensações nela sem tocá-la sequer uma vez. Era a única forma de se aproximar, já que Sofia sempre mantinha a guarda erguida com ele.
— A conta, senhor — disse o maître, interrompendo-os. Yuri entregou o seu cartão e esperou enquanto o p*******o era processado e o cartão devolvido. — Obrigado, senhor. Se houver algo mais que possamos fazer por vocês, basta pedir — disse o homem, com o olhar baixo. Ele não ousava encarar Sofia novamente; queria continuar vivendo.
— Obrigada por tudo, estava perfeito — disse Sofia.
— Vou transmitir os seus cumprimentos ao chef, senhorita. Tenham uma boa noite — respondeu ele, ainda de cabeça baixa, antes de se retirar.
— Vamos? — perguntou Yuri, estendendo a mão. Sofia aceitou e caminhou com ele até a saída do restaurante, onde o carro já os aguardava para levá-los à pista de pouso.
— Obrigada pelo jantar, Yuri. Foi muito divertido — disse ela, já no carro.
— Não me agradeça, também me diverti bastante esta noite — respondeu ele, pegando a mão dela e beijando-a, com os olhos fixos nos dela.
Quando Yuri percebeu o rosto corado de Sofia, conteve o sorriso que ameaçava se formar. Estava adorando provocá-la. O restante do caminho transcorreu em silêncio, enquanto Yuri aproveitava para fazer algumas ligações. Dimitri não iria com ele, pois havia negócios na Rússia que precisavam da sua atenção. Yuri estava deixando tudo pronto para o retorno.
Assim que entraram no jato, Yuri acomodou Sofia em um dos assentos e afivelou o seu cinto com cuidado.
— Esqueci de tirar as sandálias — disse ela, sorrindo para os próprios pés.
— Deixe que eu faço isso — respondeu ele, tranquilo.
— Não, Yuri! — disse ela, em um desespero súbito. Para Sofia, aquilo era íntimo demais, e ela sabia que o seu irmão não aprovaria. — Pode deixar, eu tiro depois.
— Não quero que os seus pés fiquem doendo, Sofia. A nossa viagem será longa — disse ele, ajoelhando-se à frente dela.
Com cuidado, para não tocar na pele dela, por mais que desejasse, Yuri desabotoou as sandálias e as colocou no assento ao lado. Sentou-se à frente dela, sorrindo.
— Melhor? — perguntou.
— Sim, obrigada — respondeu ela, constrangida. Yuri apertou um botão, chamando o comissário, que apareceu rapidamente.
— Sim, Dom? — perguntou o comissário, com o olhar baixo.
— Traga algo para que ela possa calçar.
— Sim, Dom — respondeu ele, partindo. Segundos depois, retornou com um par de pantufas, que Yuri pegou e calçou em Sofia.
— Agora sim, podemos partir — disse ele, sentando-se novamente e afivelando o próprio cinto.
Sofia não sabia onde enfiar a cara com tudo aquilo. Aquele gesto de Yuri fora a coisa mais íntima que ela já vivera. Jamais imaginara que ter um homem ajoelhado aos seus pés pudesse ser tão... excitante. E era, especialmente por se tratar de Yuri, que tinha quase o triplo do tamanho dela.
Sofia inclinou o assento e fechou os olhos. Estava exausta dos últimos dias de trabalho como tradutora para algumas empresas. Finalmente, conseguira uma folga, e o esforço tinha valido a pena. Um bom dinheiro havia entrado na sua conta, e ela se tornava cada vez mais requisitada.
Não seria hipócrita: admitia que o seu irmão estava sendo uma grande ajuda para seu sucesso. Ricardo era um homem de palavra, e tudo o que prometera estava cumprindo à risca. Por isso, Sofia não temia a conversa que teria com ele no dia seguinte; sabia que, apesar de tudo, ele honraria o compromisso.
Yuri observava Sofia de olhos fechados, perguntando-se o que se passava na sua mente. Ela parecia tão serena, deitada ali, como se nada pudesse perturbar a sua paz. Ele havia recebido uma mensagem de Ricardo, informando que contaria a ela sobre o que haviam combinado. Era hora de testar a vontade de Sofia, e Yuri torcia para que ela aceitasse lhe dar uma chance. Ricardo jamais a forçaria a nada.
Depois daquele jantar, Yuri estava mais esperançoso. Ele e Sofia tinham se dado bem, e ele percebia o quanto tinham em comum. Claro, já esperava que ela ficasse chateada com o segredo que haviam mantido, mas estava preparado para enfrentar a sua fúria. Nada o faria desistir de Sofia, e ele a desejava intensamente.
Yuri percebeu quando a respiração de Sofia ficou rítmica. Ela havia adormecido no assento. Ele sorriu ao vê-la relaxada, mas não conseguia evitar: Sofia era uma tentação ao seu autocontrole, e aqueles lábios vermelhos não o ajudavam. Imaginava se seriam tão macios quanto pareciam.
Com um suspiro, Yuri se levantou e desabotoou o cinto dela, pegando-a nos braços com cuidado. No fundo do jato, havia um pequeno quarto, o suficiente para que ela descansasse. O perfume doce de Sofia invadiu os sentidos de Yuri, despertando nele um desejo quase incontrolável de provar aquele sabor na sua pele.
Com cuidado, ele a deitou na cama e puxou o cobertor sobre o seu corpo adormecido. Tirou uma mecha de cabelo do rosto dela, admirado por sua beleza. Sofia era um verdadeiro encanto, e, na mente de Yuri, era toda sua.
Os seus olhos percorreram o rosto dela, parando nos lábios convidativos. Sentiu o desejo dominar cada fibra do seu ser. Yuri se inclinou lentamente e depositou um beijo casto nos seus lábios. Se fosse condenado por fazer aquilo enquanto ela dormia, que fosse.
Quando se afastou, encontrou os olhos de Sofia fixos nos seus.