Na hora marcada, Yuri estava batendo à porta de Sofia. Ele estava ansioso por aquele jantar e esperava que ela pudesse relaxar um pouco na sua presença. Sempre que estava com Sofia, Yuri era ele mesmo, sem máscaras, apenas um homem apaixonado como qualquer outro.
Uma mulher abriu a porta e sorriu ao vê-lo.
— Boa noite, senhor Ivanov. A senhorita Sofia já irá descer, pode esperá-la na sala — disse ela, afastando-se para que ele entrasse.
— Obrigado — respondeu ele, caminhando até o sofá e sentando-se.
Ele olhou a decoração da casa, reconhecendo pequenos detalhes que apenas Sofia faria. Yuri a conhecia bem e se sentia feliz por notar coisas sobre ela que ninguém mais perceberia. Eram esses detalhes que a tornavam tão atraente aos seus olhos. Ele sempre sabia quando ela estava brava, pela forma como os seus olhos castanhos escureciam. Assim como sabia quando ela respondia algo por cordialidade, mas sem estar feliz, pela forma como os seus lábios se pressionavam.
Yuri queria ser aquele que conheceria Sofia mais do que ela mesma. Ela sempre teria tudo dele: a sua lealdade, seu amor, tudo o que ele pudesse oferecer. Ele não costumava se envolver em brigas tão fúteis quanto a que acontecera no shopping, mas, por Sofia, faria qualquer coisa. Tinha gostado do castigo que Dimitri dera, e o vídeo gravado fora enviado a todas as famílias importantes da cidade como um aviso: ele não seria mais tão cordial com os próximos que ousassem tocar na sua noiva.
Quando ouviu o barulho de saltos na escada, levantou-se depressa. Assim que os seus olhos encontraram os de Sofia, perdeu o ar. Era como se todo o seu mundo estivesse à sua frente. Ela usava um vestido preto simples, justo ao corpo, que marcava as suas curvas generosas. O vestido tinha um pequeno decote e alças finas que se prendiam aos ombros. Nos pés, ostentava uma sandália vermelha brilhante, que deixava à mostra as suas unhas bem feitas. Os cabelos estavam soltos, caindo em ondas ao redor do rosto, e ele percebeu que estavam mais longos, quase na cintura. Usava uma maquiagem simples, e Yuri admirou como as joias que ele comprara complementavam a sua beleza. No entanto, o que mais chamou a sua atenção foi o batom vermelho que brilhava nos seus lábios delicados.
No momento em que viu Sofia puxar uma pequena mala, ele saiu do transe, subiu as escadas e pegou a mala da sua mão.
— Permita-me levar isso. Pode se machucar tentando descer com ela — disse, tirando-a das mãos dela.
— Obrigada — respondeu ela, sorrindo.
— Você está maravilhosa, menina — disse Nora, com os olhos brilhando.
— Obrigada, Nora. Você é muito gentil — respondeu Sofia, enquanto pegava o casaco que Nora lhe oferecia.
— Espere! Deixe-me tirar uma foto de vocês — disse Nora, correndo até uma porta e voltando logo em seguida com uma câmera nas mãos. — Fique ao lado dela, senhor Ivanov.
Yuri deixou a mala e aproximou-se de Sofia, colocando uma mão na sua cintura. Com um sorriso no rosto, o flash da câmera iluminou a sala.
— Pronto — disse Nora, sorrindo. — Divirtam-se.
— Obrigada, Nora. Te vejo daqui a alguns dias — disse Sofia.
— Não se preocupe, cuidarei de tudo por aqui, senhorita — respondeu Nora.
Yuri abriu a porta do carro e Sofia entrou. Seu motorista guardou a mala no porta-malas, e Yuri sentou-se ao lado dela.
— Você está incrível, Sofia — disse ele, sem conseguir disfarçar a sua admiração.
— Obrigada. Não costumo me vestir assim, estava pensando que tinha exagerado — respondeu ela, olhando como o vestido moldava o seu corpo, alheia ao olhar de adoração de Yuri.
— Não exagerou. Está perfeita — disse ele.
A forma como ele falou chamou a sua atenção. Quando ela encontrou os olhos azuis dele, travou no lugar. Havia tanto carinho e admiração que ela não acreditava que fossem destinados apenas a ela.
— Uhh, obrigada pela carona — disse ela, tentando mudar de assunto.
— Não foi nada. De qualquer forma, eu iria para lá de qualquer jeito — respondeu ele, dando de ombros.
— O churrasco? — perguntou ela, arqueando a sobrancelha. Yuri riu da expressão dela.
— Charles é muito bom no que faz — respondeu ele, divertido.
— Eles são realmente incríveis — respondeu ela, com um sorriso discreto.
— Gosta deles? — perguntou ele.
— Sim. Eles também fazem parte da minha família, Yuri. Por mais que não conversemos tanto, eu faria qualquer coisa por eles, pois sei que não hesitariam em fazer o mesmo por mim — disse ela.
Yuri viu gratidão nos olhos de Sofia, algo que sabia ser muito enraizado na sua personalidade. Sofia sempre retribuía à altura o que as pessoas faziam por ela.
— Verdade. Eles sabem ser bem protetores quando querem. E, a cada dia, pioram mais com as crianças — comentou ele, vendo os olhos dela brilharem.
— Amo aqueles pequenos. Por isso estou levando presentes para todos — disse ela.
— Sua mala? — perguntou ele.
— Não é de roupas, são os presentes que comprei ao longo dos meses que estive aqui. Graças ao que aprendi nos meus cursos, consegui um emprego como tradutora e pude comprá-los — disse ela, deixando Yuri surpreso.
— Se precisava de dinheiro, Sofia...
— Não é isso, Yuri — disse ela, interrompendo-o. — Quando dou presentes a alguém, gosto que sejam comprados com o meu dinheiro. Isso mostra o quanto me importo com a pessoa. Nunca daria, por exemplo, presentes ao Ricardo com o próprio dinheiro dele — disse ela, arqueando a sobrancelha.
— Acho que entendo o seu ponto de vista — respondeu ele, surpreso com as suas palavras.
A cada dia, a sua admiração pela mulher ao seu lado crescia. Sua mulher.