Dimitri observava as pessoas à sua frente com atenção. Ele já tinha feito aquilo várias vezes, e era algo que não o cansava. Não se tratava apenas de deixá-los com medo e pavor; era uma questão de impor respeito. Depois daqueles dias, eles jamais teriam a audácia de cruzar o caminho com Yuri de novo.
Ele observava o homem sentado numa cadeira enquanto via a sua filha sentada em outra. Ele tinha os braços e as pernas amarrados, enquanto o pai a olhava em desespero. Dimitri sorriu; sabia lidar com aquilo como um cavalheiro. Afinal, homens não batiam em mulheres.
O som de saltos altos batendo contra o chão fez Dimitri sorrir ainda mais. Eles eram do tipo que acreditavam que, para tudo, havia solução. A palavra que ele mais odiava era "impossível", e era isso que ele ensinaria ao homem à sua frente.
— Qual era o motivo da urgência, Dimitri? — perguntou ela, aproximando-se dele e parando à sua frente.
— Oi para você também, Bonnie — disse ele, arqueando a sobrancelha.
Bonnie era uma das representantes de Dimitri fora da Rússia. Era uma morena alta, de olhos castanhos e cabelos pretos, bem treinada como todos na máfia russa. Naquele momento, era a pessoa perfeita para o que ele precisava.
— Sensível você, hein? — disse ela, sorrindo. Dimitri apenas a ignorou; não estava com paciência para as piadas de Bonnie naquele dia.
— Tudo bem, já entendi. Do que precisa?
— É bem simples. A senhorita à sua frente cavou a própria cova ao insultar a noiva do Dom — disse ele, olhando-a sério.
— Ai! — disse ela, encolhendo-se. — Tenho dó de você, bonitinha.
Não havia um único m****o da máfia russa que não conhecesse o nome de Sofia. Yuri tinha garantido que todos soubessem quem era a dama da máfia russa.
— Pois é. Agora você entende a frustração dele. Por isso está aqui. — Dimitri viu um sorriso espalhar-se pelo rosto de Bonnie quando ela entendeu o que ele queria.
— Não se preocupe, você manda, Dimitri. Basta dizer o que quer e eu farei. — Bonnie gostava de uma boa confusão, e ensinar uma lição a uma patricinha mimada seria muito divertido para ela.
— É bem simples, Bonnie. Como sabe, somos cavalheiros — disse ele com um sorriso s*cana no rosto. — Não batemos em mulheres, então você terá que fazer esse grande sacrifício.
Bonnie riu com as palavras dele. Dimitri estava sendo sarcástico ao falar daquele jeito. Ela o conhecia bem o suficiente para saber que, se alguém o irritasse, ele não se importaria se fosse mulher; pagaria da mesma forma.
— Se eu der um soco nele, quero que faça o mesmo com ela — disse ele, vendo os olhos da mulher arregalarem-se com prazer.
— Tudo bem — respondeu ela, parando à frente da mulher na cadeira.
— Por favor, senhor. Eu já pedi desculpas pelo que houve — disse o senhor Rodrigues, em prantos.
— Não nos leve a m*l, Rodrigues. Você até é um cara legal, mas sua filha precisa aprender a ter bons modos. Então pense nisso como algo construtivo — disse ele, dando de ombros.
— Não entendo por que é tão difícil seguir as regras — disse Bonnie, balançando a cabeça.
— Eu também não. Precisava de tudo isso? Não. Mas cá estamos nós, não é mesmo? — disse ele, sorrindo. — Bem, vamos começar. Não tenho o dia inteiro a perder.
Dimitri deu um tapa no rosto de Rodrigues, fazendo a sua cabeça virar com a força. Ele olhou para Bonnie e esperou que ela fizesse o mesmo. Ela ergueu a mão e desferiu um tapa no rosto de Leticia, vendo-a tremer à sua frente.
— O que foi, Bonnie? Está com a mão machucada? — perguntou ele, arqueando a sobrancelha.
— Vai se f***, Dimitri — disse ela, antes de se virar novamente para Leticia e dar-lhe um forte tapa no rosto. Com prazer, viu um filete de sangue escorrer da boca dela.
— Agora sim estamos na mesma página — disse ele, sorrindo. Dimitri virou-se para Rodrigues e desferiu um soco no estômago. Bonnie fez o mesmo com Leticia e afastou-se às pressas quando ela vomitou à sua frente.
— Ai, que nojo! Odeio surrar amadores — disse ela, limpando o sapato nas calças de Leticia.
— Para de reclamar. Apenas começamos — disse ele, voltando para Rodrigues. — Onde paramos mesmo?
A sessão de pancadaria continuou. Em poucos minutos, Leticia havia desmaiado umas cinco vezes. Bonnie não estava pegando leve; sabia bem como Yuri era. Se o serviço não saísse como ele queria, ela pagaria por isso. Ficara surpresa ao saber que Yuri tinha anunciado que estava noivo, mas, depois de ver uma foto de Sofia, entendera a fascinação do seu chefe. A garota era o completo oposto dele. Sempre que se lembrava das fotos, imaginava uma daquelas damas da sociedade que eram educadas em casa há décadas.
Quando terminaram, Leticia estava irreconhecível. O seu rosto estava inchado, com vários hematomas e faltando todas as unhas das mãos. Dimitri fizera aquilo de propósito ao ver as unhas decoradas que ela ostentava; aquilo seria um tiro no ego dela.
— Bem, agora os nossos homens os libertarão em segurança. Afinal, não queremos que nada de r*im aconteça a vocês — disse ele, rindo. — Quero ouvir de você, Leticia: o que vai fazer quando cruzar com a senhorita Algustini novamente?
Ele fazia aquilo de propósito, apenas para humilhá-la. A mulher à sua frente precisava aprender que não havia apenas ela no mundo e que devia respeitar as pessoas, independentemente de quem fossem.
— Vo... vou... sair do... seu... caminho — disse ela, olhando para baixo. Dimitri tinha certeza de que Bonnie havia quebrado o maxilar dela com os socos.
— Ótimo. Se eu ficar sabendo que andou aprontando novamente, vamos atrás de você, e, desta vez, farei questão de que seja um dos meus soldados a lidar com você. — Ele a olhava com olhos sombrios que fizeram Leticia se encolher na cadeira. — Podem levá-los.
Alguns soldados entraram e os arrastaram para fora. Bonnie assistiu a tudo com um sorriso no rosto. Agora, ela sabia bem do que o seu chefe era capaz para proteger a sua noiva. Todos saberiam. Aquilo se espalharia entre as famílias mais importantes, e ninguém ousaria incomodar Sofia. O recado havia sido dado.