Yuri se sentia como um menino no seu primeiro encontro. A suas mãos suavam e o seu coração batia tão acelerado no peito que ele temia que fosse pular para fora. Naquele momento, ao lado da bela mulher ao seu lado, ele não era o poderoso Yuri Yvanov, o Dom da máfia russa. Ele era apenas Yuri, um bobo apaixonado tentando conquistar o amor da sua vida.
Eles caminhavam até o jardim de Estela, um lugar tranquilo que a cunhada de Sofia havia projetado pessoalmente com a ajuda de algumas pessoas. Ela amava aquele lugar e tinha que reconhecer que, para a conversa que teriam, seria perfeito. Eles pararam em frente a um pequeno lago que havia no jardim. Sofia se sentou no banco e, para sua surpresa, Yuri preferiu sentar-se no chão aos seus pés. Ela podia não entender aquele gesto, mas, para o russo, aquilo significava renúncia e submissão. Ele sempre a priorizaria em vez de si mesmo.
— Ficou surpresa por ser eu? — perguntou Yuri enquanto olhava o lago à sua frente. Aquela pergunta poderia mostrar a verdade por trás da aceitação de Sofia, e tudo o que ele queria era que ela lhe desse uma chance, que lhe permitisse mostrar todo o amor que ele havia guardado ao longo daqueles anos.
— Sim, fiquei — disse ela com um suspiro audível. Mas, quando Yuri se virou, encontrou Sofia sorrindo. — Se tivesse sido mais esperta, teria percebido antes.
Aquele sorriso o encantava. Quantas vezes ele tinha desejado que ela sorrisse daquela forma para ele! E aquilo finalmente estava acontecendo diante dos seus olhos.
— Foi melhor assim. Você pôde aproveitar bastante a sua liberdade — disse ele de forma tranquila. Yuri não pretendia proibir Sofia de fazer as suas coisas; ele apenas a manteria mais perto dos seus olhos, pois, após o casamento deles, ela também passaria a ser um alvo para seus inimigos.
— Quero que me responda algo, Yuri — disse Sofia com a voz mais séria. Yuri se virou e encontrou os seus olhos escurecidos, nenhum traço do sorriso de antes.
— Pode perguntar. Não mentirei para você — respondeu ele de forma tranquila.
— Por que eu? — Desde que o seu irmão lhe dissera que o seu compromisso seria com Yuri, aquela pergunta rondava a mente de Sofia. Yuri poderia ter qualquer mulher que quisesse, então ela não entendia por que ele queria justamente ela, que não tinha muito a lhe oferecer. Sofia viu um sorriso se formar nos lábios de Yuri. Ele ainda não havia se voltado para ela, mantendo o olhar no lago à sua frente.
— Lembro-me bem da primeira vez que a vi, Sofia, e de como achei o seu olhar parecido com o de Ricardo. Você pode ser uma dama, mas sua mente funciona como a do seu irmão. Lembro-me de ficar pasmo com a sua beleza e inteligência, assim como com a forma como você agia com todos: sempre desconfiada e pronta para atacar qualquer um que achasse ser uma ameaça.
Sofia estava surpresa. Nunca pensara que ele havia prestado tanta atenção na suas ações como estava demonstrando. Para ser verdadeira, Sofia não conhecia Yuri; ela conhecia apenas a máscara que ele apresentava a todos, assim como ela fazia.
— Naquele dia, decidi que seria você ao meu lado, Sofia — disse ele, virando-se para ela. Sofia arfou ao ver os seus olhos azuis transbordando de tanto carinho dirigido a ela. — Naquele dia, me apaixonei por você.
Sofia arregalou os olhos com as palavras dele e, de forma inconsciente, afastou-se um pouco. Yuri observou o seu gesto com tristeza no olhar. Era aquilo que ele temia: que ela se assustasse com a forma como ele a amava. Ele desviou os olhos dos dela, voltando a encarar o lago à sua frente. Não queria ver mais aquele olhar assustado dela na sua direção.
Yuri pensava em como o amor era algo estranho. Ali estava ele, com a pessoa que amava, e, mesmo estando perto, de certa forma, ainda estava tão longe dela que fazia o seu peito doer. Chegava a ser uma piada pensar que um russo do seu tamanho estava sofrendo por amor. Até onde ele sabia, todos diziam que os russos tinham uma pedra de gelo no lugar do coração, mas ali estava ele para provar o contrário.
— Não espero ouvir que você sente o mesmo por mim, pois sei que não sente — disse ele, suspirando antes de se voltar para ela novamente. — Mas espero que você me dê a oportunidade de conquistá-la, Sofia. Não quero um casamento de mentira, cheio de falsidade. Quero um casamento de verdade, cheio de honestidade e amor. Espero que você nos dê uma chance.
Estar surpresa com a suas palavras era pouco para descrever o que Sofia sentia naquele momento, mas ela não podia deixar de estar impressionada com o que ele estava falando. E isso, vindo de Yuri, era mais do que ela poderia imaginar que ele diria a ela. Ele a amava. Aquilo ainda batia forte na sua cabeça. Ela não sabia o que dizer a ele, mas entendia que o pedido dele era compreensível. Ela também não desejava uma vida de aparências; queria ter o mesmo que o seu irmão e a sua cunhada tinham. E, olhando para Yuri, perguntava-se se seria com ele.
— Eu... eu não sei o que dizer — disse ela, com a voz trêmula.
— Apenas me diga que está disposta a tentar. Só preciso ouvir isso — disse ele, com a voz suave, olhando fixamente para ela. E, vendo a esperança nos seus olhos, Sofia sabia que não conseguiria negar o que ele estava pedindo.
— Tudo bem, Yuri — disse ela, com um suspiro audível. — Podemos tentar. Também não quero um casamento de mentira.
As palavras de Sofia abriram um largo sorriso no rosto de Yuri. Ele sorriu enquanto se levantava e a puxava para seus braços em um abraço apertado. Sofia ficou travada nos braços de Yuri. Não esperava que ele fosse fazer aquilo, mas, à medida que o calor do corpo dele aquecia o seu, ela relaxou, retribuindo o abraço. Ao que parecia, o jogo da conquista tinha começado, e, em breve, Sofia descobriria tudo o que Yuri era capaz de fazer por ela.