Oksana estava suada, exausta, enquanto lutava com todas as suas forças para trazer os seus filhos ao mundo. Ela apertava a mão de Aurélio com tanta intensidade que parecia querer transferir parte da sua dor para ele. Os seus olhos se fechavam em esforço, o rosto contorcido pela dor e determinação.
— Está indo bem, Oksana, continue assim! — incentivava a médica com um tom sereno, mas firme.
Oksana virou o rosto para Aurélio, os olhos ardendo como fogo, a respiração pesada. Ele olhava para ela sem entender o que estava acontecendo.
— Isso tudo é culpa sua, Aurélio! — gritou, sua voz cheia de indignação e desespero, enquanto mais uma contração a fazia apertar a mão dele, os seus dentes trincando ao fazer força.
Aurélio, suando quase tanto quanto ela, sentiu-se culpado e aflito, por mais que ele amasse os seus filhos ele não desejava ver Oksana sofrer como estava, mas não conseguiu conter a resposta:
— Minha culpa? Por quê, loira? — perguntou, sentindo a pressão esmagadora nos dedos e no coração.
— Se você não tivesse me engravidado, eu não estaria passando por isso! — retrucou ela entre gritos, sua voz carregada de dor e revolta.
Aurélio respirou fundo, tentando manter a calma, mas as palavras dela o atingiram em cheio. Ele não resistiu, era mais forte do que ele quando Oksana lhe dava aquelas respostas afiadas.
— Ah, então agora é minha culpa? Mas na hora que estava se esbaldando no meu corpo, não estava reclamando, né? — rebateu, sem esconder o tom indignado.
— Eu te mato, Aurélio! — gritou Oksana, apertando a mão dele com ainda mais força.
A equipe médica trocava olhares chocados, alguns lutando para conter risadas nervosas. Era uma cena surreal, a briga apaixonada de um casal no meio de um parto. Mas a médica ignorava a discussão, focada em trazer os bebês ao mundo.
— Nunca mais você me toca, está me ouvindo?! — disse Oksana, o rosto vermelho, suado, enquanto sentia outra contração rasgar o seu corpo.
Antes que Aurélio pudesse responder, um choro fino e delicado preencheu o ambiente. Ele congelou, os olhos arregalados e cheios de lágrimas enquanto encarava Oksana.
— Pronto, papais! O bebê número um chegou! — anunciou a médica com um sorriso satisfeito, embrulhando o recém-nascido em um pano e entregando-o a uma enfermeira. Ela amarrou uma pequena pulseira no bracinho do bebê com o número "1". — Vamos, Oksana, já estou vendo a cabecinha do próximo!
Oksana, ainda trêmula, respirou fundo e reuniu forças. Com a chegada de outra contração, ela empurrou novamente, o grito rasgando a sua garganta. Logo, o som de mais um choro encheu a sala, desta vez mais forte. Aurélio não conteve as lágrimas que desciam por seu rosto, a emoção o dominando.
— Estamos quase lá, Oksana. Sei que está cansada, mas ainda temos mais um bebê querendo te conhecer, querida. — incentivou a médica, mantendo a calma.
Aurélio enxugou o suor da testa dela e sussurrou:
— Você consegue, meu amor. Estou aqui com você. — Ele beijou a sua testa com ternura. Cada gemido de dor dela fazia o seu coração apertar. Se pudesse, ele tiraria parte do sofrimento para si.
Oksana cerrou os dentes quando a última contração veio. Reuniu toda a energia que restava e empurrou com força. O choro do terceiro bebê foi mais fraco, mas trouxe um sorriso cansado e aliviado aos lábios da mãe.
— Fez um bom trabalho, Oksana! Temos um bebê preguiçoso aqui. — disse a médica, brincando, enquanto limpava o recém-nascido.
— Conseguimos, amor. — Aurélio sussurrou, beijando os lábios trêmulos de Oksana, o orgulho brilhando nos seus olhos.
Pouco depois, as enfermeiras trouxeram os três bebês para que os pais os vissem. Quando os olhos de Oksana pousaram nos seus filhos, as lágrimas desceram livremente por seu rosto. Ali, nos seus braços, estavam os pedaços da sua alma, a razão da sua existência. Ela acariciou as cabecinhas de cabelos negros, herdados de Aurélio.
— Eles são lindos... — murmurou ela, com a voz embargada, o amor transbordando em cada palavra.
— São sim, meu amor. — respondeu Aurélio, beijando suavemente cada um deles.
De repente, Oksana começou a chorar mais intensamente, deixando Aurélio alarmado. Ele olha para ela tentando descobrir se estava passando m*l, mas percebe que a médica estava tranquila no seu lugar não demonstrando nada.
— O que foi, amor? Está sentindo alguma coisa? — perguntou ele, preocupado.
— Me desculpa pelo que eu disse antes... Eu não queria. — respondeu ela, soluçando.
— Está tudo bem, meu amor. Eu também me desculpo. — disse Aurélio, aliviado, enquanto acariciava o rosto dela.
— Sabe que eu não vivo sem esse seu corpo, né, moreno? — brincou ela, ainda chorando.
— E eu não vivo sem o seu. — respondeu ele, rindo baixinho, antes de beijá-la novamente.
A equipe médica olhava a cena com espanto e um leve sorriso. Certamente, aquele era um parto que ninguém esqueceria.
Quando as enfermeiras começaram a levar os bebês para os exames, Oksana olhou preocupada.
— Eles vão ficar bem? — perguntou ela, ainda emocionada, os seus olhos brilhando em preocupação pelos filhos.
— Ficarão sim, senhora. Vamos cuidar deles com todo o carinho. — garantiu a enfermeira, saindo com os pequenos nos braços.
Aurélio, mesmo ansioso para acompanhar os filhos, permaneceu ao lado de Oksana, segurando a sua mão. Ali, naquele momento, ela precisava dele mais do que tudo. Ela havia passado por uma dor intensa para trazer os seus filhos ao mundo e merecia todo o cuidado que ele poderia lhe dar.
Ao sair da sala de parto minutos depois, Aurélio encontrou Ricardo, o chefe da organização, aguardando com nervosismo. Os membros da Fênix olhavam para ele com rostos ansiosos esperando que ele lhes dissesse como tudo tinha se passado.
— E então, Aurélio? Como estão? — perguntou Ricardo, a voz cheia de expectativa.
Aurélio sorriu, os olhos marejados de emoção.
— Eles nasceram, Ricardo. Os meus filhos nasceram. — respondeu, com o peito explodindo de amor.