Capítulo 2: O Pacto das Sombras

782 Words
A madrugada ainda envolvia Eldoria com seu manto escuro quando as três irmãs, Audra, Isolde e Elara, atravessaram silenciosamente os corredores do castelo. As palavras de seu pai ainda ressoavam em suas mentes, um lembrete sombrio de que o destino de seu reino agora estava entrelaçado com suas escolhas. No quarto de Audra, decorado apenas com os itens essenciais de uma guerreira, as irmãs planejaram seus próximos passos. A mais velha, com uma determinação feroz em seus olhos, foi direta: “Precisamos estar à frente de nossos inimigos. E para isso, precisamos de informações que só podem ser obtidas nas sombras.” Isolde, com sua habitual serenidade que m*l disfarçava a agitação interna, desenrolou um mapa sobre a mesa. “Existem aqueles na corte que jamais aceitarão nosso governo. Precisamos descobrir nossos aliados e inimigos, e para isso, há uma pessoa que pode nos ajudar.” Seus pensamentos se voltaram para uma noite muitos meses atrás, uma noite que mudara o curso de sua vida de maneira irreversível. Isolde tinha deixado o castelo sob o disfarce de uma viajante, seguindo rumores de uma mulher que possuía conhecimentos proibidos e influência nas sombras. Sua busca a levou a uma taverna esquecida pelo tempo, onde Lyria, a mulher das sombras, frequentava. A primeira troca de olhares entre Isolde e Lyria foi elétrica, carregada de uma intensidade que desafiava a razão. Lyria, com seus olhos que pareciam ler a alma, ofereceu sua ajuda em troca de um pacto cujos termos permaneciam velados nas sombras da incerteza. “Quem é essa pessoa?” Audra perguntou, interrompendo os pensamentos de Isolde. “Lyria,” Isolde respondeu, a lembrança do toque de Lyria ainda queimando em sua pele. “Ela é uma mestra dos espiões, uma sombra entre as sombras. Ela pode nos fornecer as informações que precisamos.” Elara olhou para Isolde com uma preocupação fraterna. “Mas a que custo?” Isolde hesitou, o nome de Lyria em seus lábios um segredo que ela temia revelar. “Ela pedirá um favor, um que devemos pagar no futuro. Mas não temos escolha.” Concordando relutantemente, as irmãs deixaram o castelo sob a cobertura da escuridão, com Isolde guiando o caminho por passagens secretas até uma casa abandonada. O encontro com Lyria foi marcado pela mesma eletricidade que havia definido a primeira reunião entre ela e Isolde. Lyria as recebeu com um sorriso que tinha tanto de enigmático quanto de perigoso. O interior da casa era um contraste marcante com a decadência exterior. Era um espaço luxuosamente decorado, com tapeçarias exóticas e móveis de madeira escura esculpida. No centro da sala, uma mesa estava posta com vinho e frutas, mas as irmãs não estavam ali para prazeres. Elas sentaram-se em silêncio, com Lyria ocupando uma cadeira oposta. “Vocês precisam de informações,” começou Lyria, pegando uma taça de vinho e girando-a lentamente em suas mãos. “E eu tenho o que procuram. Mas, como sabem, tudo tem um preço.” Elara assentiu. “Sabemos. Diga-nos o que você quer.” Lyria inclinou a cabeça ligeiramente, seus olhos brilhando com malícia. “O que eu quero é simples. Quando o momento chegar, quando uma aliança for mais preciosa que ouro, vocês devem conceder-me um favor. Não vou dizer qual agora, mas prometo que não será algo que possa destruir o reino.” Audra estreitou os olhos, analisando as palavras da mulher. “E como podemos confiar que você não nos trairá?” Lyria riu suavemente. “Confiança, princesa, é uma moeda que se gasta rapidamente neste jogo. Mas saibam disto: se eu quisesse trair vocês, já estariam mortas antes de entrar por aquela porta. Tenho os meus próprios interesses, e eles não estão alinhados com os inimigos de seu pai.” Após alguns segundos pensando as irmãs se olharam. "Você confia nela?" Elara perguntou para Isolde, que assentiu. Audra falou. “Aceitamos seu acordo, Lyria. Mas saiba disto: se nos trair, não haverá lugar em Eldoria onde você possa se esconder.” Lyria sorriu novamente, mas desta vez havia algo mais frio em seu olhar. “A ameaça de uma guerreira. Muito bem, Filhas do Trono. Considerem o pacto selado.” Com o pacto selado, Lyria revelou os nomes dos nobres que conspiravam contra elas e os planos que ameaçavam a estabilidade do reino. As irmãs ouviram atentamente, cientes de que cada informação poderia ser a chave para sua sobrevivência. Quando deixaram a casa de Lyria, o amanhecer estava próximo, e o peso de suas escolhas pesava sobre elas como o céu carregado de nuvens. Isolde sentiu o olhar de Lyria em suas costas, um lembrete do pacto que agora as ligava, um pacto tão perigoso quanto promissor.
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