A Preparação

1147 Words
************* Capítulo 6 ************ ************** Naira ************** Os preparativos estavam indo mais rápido que o esperado. Quando me disseram que realmente seria hoje a noite a cerimônia foi ai que caiu a ficha. Eu não me sentia preparada, lógico que não, mas ao mesmo tempo desejava intimamente esse momento. É estranho pensar nisso enquanto sou metódicamente enfeitada para a grande ocasião. Digo... enfeites, porque isso era tudo, menos uma roupa adequada de noiva. As servas me vestiram apenas com tecidos em volta das partes mais vulneráveis, em contraste da pele exposta, pintada com um tinta especial que ao contato atingia um grau de friagem, como se acalmasse meus nervos. - Não se preocupe vossa majestade. Depois do casamento ira relaxar tanto que nem vai senti-los. - Como? - Questionei sem entender. - A tá, você se refere a dor da primeira vez. Revirei os olhos de vergonha. - Está tão nítido assim? - Qualquer macho do palácio sente o cheiro da pureza da senhorita. O perfume da mulher terráquea e virgem é completamente diferenciada, mas não se preocupe. Embora sintam, não chega a despertar o interesse deles porque a senhorita já foi marcada. Desde a infância, por dois nobres. Nenhum macho da terra ou de saturno conseguiria te tocar, mesmo se tentassem. Seu corpo se tornou um templo sagrado. imaculado, livre de mancha ou vestígio de outro ser. E querendo ou não eles fazem comentários entre si, com respeito. É claro. As três súditas responsáveis pela minha arrumação riem entre si. Elas eram bem mais jovens que as demais desse imenso lugar e acabei me afeiçoando as meninas. E olha que só estamos juntas a mais ou menos cinco horas terráqueas, já que nesse planeta o tempo demora mais para passar. Acredito que um dia para os saturnianos significa quase três para o povo da terra. Pelas minhas contas. Balanço a cabeça, deixando de pensar nesses cálculos impossíveis de achar uma variante, até porque nada fazia sentindo pra mim. A não ser o fato que daqui a algumas horas iria me casar com dois reis alienígenas. E isso já era razão o suficiente para me por nervosa. - Nossa Rainha, está com as mãos geladas. - Disse-me Petúnia ao tocar-me. - Será que exageramos nos símbolos? Catina. As três moças se entreolharam temerosas. - É melhor limparmos nossa realeza antes que os reis a reivindiquem na porta como manda a tradição. De forma alguma queremos interferir na fecundação, isso seria catastrófico, e com certeza seriamos punidas com a decapitação. - Respondeu a outra. - Oh! Eu amo minha cabeça grudada no pescoço, de jeito maneira vou dar chance disso acontecer. Fora que dependemos dessa união sadia para nos livramos da terrível maldição. Ainda não me casei porque pretendo ser de um único saturiano, não tenho disposição para dar conta de quatro irmãos do meu noivo. Elas falavam de mais coisas, misturando eventos e guerras. Sem me dar a chance de palavra. Por fim ao ver o desespero tomado conta dos seus rostos joviais, soltei um berro. Fazendo as meninas se jogarem aos meus pés. Mesmo não sendo minha real intenção. - Perdão vossa salvadora! - Não queríamos deixá-la mais nervosa, perdoe-nos. Pode nos punir como quiser. Somos suas servas. - Só deixa-nos limpa-la novamente, faremos corretamente dessa vez. Nos dê outra chance. Imploramos, tenha piedade, clemência. - Ouço o clamor de vocês e sinto que já foram punidas antes, quem as puniu para que agora tenhas tanto medo de errarem? Por acaso os que reinam aqui são dois carrascos em forma de homens? Porque se for assim não me casarei. Detesto pessoas más. Reparei elas curvadas, suas faces quase encostando no chão liso. Tão limpo que via-se a imagem delas refletidas bem ali. O rosto do medo. - A benevolência dos soberanos é aclamado pelo povo de Saluti. Jamais houve reis tão bondosos como estes. Os irmãos Sataros cuidam de cada necessidade da população. Eu mesma fui agraciada com dois pares, mas eles deixaram a decisão de me casar ou não nas minhas próprias mãos, pois sabiam que eu era muito miúda para... quatro homens de porte maior. - Relatou Petúnia. Me aproximei delas, erguendo-as em conjunto. Pareciam bichinhos cercados numa viela, tamanho era o pavor de não saberem o que eu faria com elas. - Se acham que precisam refazer o ritual da preparação tudo novamente, refaçam. Mas... Qual é o real motivo das pinturas se existem tecidos na terra de vocês que ficariam muito mais elegantes no meu corpo? Confesso que aparecer em público diante do povo seminua não me agrada nenhum um pouco. Minhas mãos ainda estavam sobre duas delas. Como pareciam incomodadas com o meu toque as soltei. Mas suas carinhas escondiam algo. - Podem me contar, não serão punidas por essa transgressão. Palavra de Rainha. - Dei um sorriso curto, encorajando-as. Petúnia foi a porta voz do trio. - A tintas tem poderes calmantes, usamos elas no ritual para trazer paz e tranquilidade a noiva. cada cor serve para produzir a fórmula ideal para o seu biótipo. Quando vimos suas mãos gélidas notamos que erramos na dosagem. - Mas só faz efeito depois da cerimônia, o produto é cronometrado. Porém se algo der errado antes a senhorita poderia desmaiar, ou até entrar num estágio de sono profundo. Temos que ter cuidado no hora de manuseá-lo. - Completou Vik, a mais caladinha. - Hummm. - Passei os dedos no queixo analisando a informação. - Diga-me, as mulheres daqui usam essa preparação? - Sim. - Disseram-me ao mesmo tempo. - É uma prática aceitável e muito recomendada, dada as circusntâncias. - Como assim? - Ora... - Petúnia leva de relance uma cotovelada efetuada pela Catina. Alertando-a para se calar. As mirei profundamente. - Não poderei protegê-las senão forem completamente sinceras comigo. - Alertei-as num tom de advertência. - Tudo bem... Confiamos na senhorita. É que... - Fale Catina, estou ouvindo. - Instiguei-a à prosseguir. - Na verdade a preparação só serve para te anestesiar na hora de... - Romper seu precioso hímen, sua castidade. - Interpôs Petúnia. - Mas eu estaria sendo participativa ou seria apenas uma boneca de pano nas mãos dos reis? - Perguntei sentindo a raiva começando a esvair pelos poros. Não admitiria ser usada dessa maneira, quem esses saturnianos pensam que são? Ou melhor, quem esses reis pensam que eu sou? Uma boneca sem sentimentos?! Sem emoção!? - Rainha não fique transtornada. - Comentou Vic querendo falar mais. - A prática consiste apenas para não castigá-la pela dor e somente dura na primeira vez, logo depois de alguns minutos a senhorita despertará para continuar a fecundação do seu ventre. - Grande consolo. - Digo desanimada. Contudo uma ideia geniosa suplantou em minha mente fazendo-me sorrir. - Rainha? Elas me chamaram. - Vou dizer o que vocês farão pela sua majestade. As três sorriram super empolgadas. Contei detalhadamente o meu plano.
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