Capítulo 03.

2270 Words
Milana Sartori. Na manhã seguinte, havia acordado um pouco desanimada, por saber que hoje meu pai partiria para outra cidade e só voltaria mês que vem. Calcei meus chinelos e segui para o chuveiro. Assim que terminei, vesti uma roupa solta e desci as escadas, caminhando em direção a cozinha. — Bom dia querida — cumprimentou o meu pai tomando seu café. — Bom dia — respondi tristonha. — Não precisa ficar triste, como eu disse antes, esse mês passará rápido e logo mais estarei de volta. — E como não ficar? Eu ficarei sozinha nessa casa, sabe o quão solitária eu irei me sentir? Será h******l e as imagens da mamãe irão voltar. — Eu sei que pode parecer assustador e bem r**m, mas pense pelo lado bom, esse emprego será muito bom para o nosso futuro e o salário que eu irei receber será melhor ainda! Eu não quero ter que vê-la assim, muito menos tocando no assunto de sua mãe. Ela está descansando agora e tenho certeza que ela me apoiaria muito. Lembre-se que sua avó virá aqui sempre. Abaixei o meu olhar, tristonha e envergonhada pelas minhas ações. Eu estava sendo egoísta com o meu pai e a única coisa que eu deveria estar fazendo, eu não estava. Eu precisava apoia-lo. — Eu sinto muito pai, você tem toda razão! Eu estava sendo egoísta, sei que com esse salário a nossa vida irá melhorar mais, então saiba que eu estarei feliz em vê-lo realizar isso e ficarei bem. — Está tudo bem querida, eu entendo o quão r**m é para você superar tudo isso, mas estarei te ligando todos os dias. — Só prometa que você ficará sempre bem. — Eu prometo — sorriu dando-me um abraço. — Eu te amo pai. — Eu te amo filha. Algum tempo depois, meu pai pegou sua mala e saiu de casa. Assim que ele subiu no táxi, o observei partir, com os olhos cheios d'água. Sequei minhas lágrimas e subi para o meu quarto. Peguei o meu celular que estava no criado-mudo e liguei para Alessa. — Oi Milana, o que me conta? — Meu pai foi viajar a trabalho para Venezia, ficarei mais solitária que nunca agora. — Poxa, eu sei como pode ser bem desanimador para você, mas não se preocupe, se você quiser eu posso ir dormir com você hoje. — Se você puder, eu aceito. — Claro que eu posso! Depois da festa iremos embora juntas e eu já ficarei aí. — Tudo bem, então até mais tarde. — Até. Desliguei a chamada e me deitei. Liguei a televisão e coloquei em uma série, assistindo e esperando o tempo passar. Algum tempo mais tarde, abri meu armário e peguei um conjunto de roupas, vestindo-as em seguida. Havia colocado uma calça jeans pantalona e um cropped branco, em seguida, calcei o meu tênis. Em seguida, ouvi a campainha tocar. Peguei meus pertences e desci as escadas, direcionando-me até a porta. — Oi Alessa. — Você vai com essa roupa? — O que tem ela? Eu gostei. — Pensei que você fosse colocar um vestido, mas não está m*l. — Prefiro uma calça com uma blusa. — Enfim, vamos? — É claro. Saímos de casa e caminhamos até a casa da Anna. — Espero que essa festa seja legal — falei. — Eu também, não quero me arrepender de ter ido — respondeu Alessa com o seu braço apoiado no meu. — Seria bem r**m mesmo — forcei um sorriso. — Como está se sentindo? Depois que seu pai foi embora. — Bom, é bem r**m ter que ficar sozinha, é claro que eu fico preocupada com ele e isso faz as coisas ficarem um pouco pior, mas vou tentar não pensar muito. — Exato, você precisa parar de pensar muito nas coisas, principalmente deixar de ser preocupar, você sabe como o psicológico ferra a nossa cabeça. — Eu sei... Ao chegarmos na casa da Anna, entramos e seguimos em direção a sala. Havia muitas pessoas no local, o som estava alto e tinha muitas luzas coloridas piscando. — Aqui está muito bonito — exclamou Alessa. — Verdade — concordei. — Que tal irmos pegar um ponche? — Eu aceito. Nos retiramos da sala e seguimos para a cozinha. Pegamos dois copos descartáveis e os enchemos. Assim que Alessa devolveu a colher de concha novamente para a travessa, Matteo e Dylan se aproximaram. — Olha quem vieram — disse Matteo. — Pois é, achei que vocês não viriam — falou Dylan. — E por que nós não viríamos? — indagou Alessa. — Não sei, talvez porque nós nunca as vê em festas do colégio — respondeu Matteo. — Pois então estavam errados! Vamos Milana — Alessa puxou a minha mão e nos retiramos da cozinha. Retornamos na sala e sentamos em duas poltronas que ficavam no canto do cômodo. — Olha só, meu gatinho chegou! — disse Alessa fazendo sinais com os seus braços chamando um garoto. O garoto alto se aproximou e a beijou. Ele era um rapaz bonito, Alessa havia o descrevido muito bem. Alto, cabelos cacheados, olhos da cor do mel, pele amorenada.... muito bonito. — Milana, eu lhe apresento o meu namorado — Alessa sorriu empolgada. — Mattia, essa é a Milana, a minha melhor amiga. — Prazer — sorriu educadamente Mattia. — Prazer em conhecê-lo — sorri levemente. — Será que eu poderia ter a sua amiga por alguns minutos? — Claro, fique à v*****e — dei uma pequena risada. Alessa se levantou da poltrona e se afastou com o Mattia, caminhando em direção ao exterior da casa. Estava me sentindo solitária, eu tentei me convencer de que tudo estava bem e que eu estava bem, mas não consegui. Eu estava m*l, muito m*l e a cada segundo que passava, mais angustiada eu ficava. Levantei-me da poltrona e subi as escadas, seguindo em direção até um dos quartos. Entrei em um e sentei-me no chão, encostando-me na cama. Em seguida, deixei as minhas lágrimas caírem. Desde que a minha mãe havia partido, tudo começou a cair, a desmoronar. Eu sempre tentei provar para o meu pai que eu estava bem e tudo também estava, com sorrisos falsos, mas nada daquilo era verdade e mais depressiva eu ficava. Mesmo que o meu pai também se apresentava bem e melhor, eu sabia que ele também não estava e sua depressão ainda persistia. No final, nós dois corríamos persistentemente da tristeza. Agora que meu pai estava longe, mais solitária e preocupada eu ficava e me sentia. Eu tinha medo de que meu pai pudesse se m***r e eu não queria correr o risco de ficar órfã. Algum tempo depois, a porta do quarto se abriu. Rapidamente me levantei e avistei Matteo e uma garota dando risadas. Matteo olhou para mim e desfez o sorriso de seu rosto. — Milana... você está bem? — indagou Matteo. Sequei as minha lágrimas e prossegui. — Sim, eu estou. Me esquivei de ambos e desci as escadas, me retirando da casa de Anna e voltando a caminhar de volta para a minha casa. Ao chegar, entrei e tranquei a porta, sentando-me no sofá. Retirei o meu celular da minha pequena bolsa e enviei uma mensagem para Alessa, avisando-a que eu já estava em casa. Deitei-me no sofá e fechei os meus olhos, adormecendo em seguida. Na manhã seguinte, acordei com algumas dores nas cotas, devido ao sofá. Levantei-me e peguei meu celular, checando se Alessa havia me respondido, mas infelizmente ela não respondeu. Subi as escadas e caminhei até o meu armário. Peguei um conjunto de roupas e as vesti. Em seguida calcei o meu tênis. Peguei a minha mochila e desci novamente, seguindo para a cozinha. Peguei uma fruta e a comi, em seguida me retirei de casa. Assim que estava caminhando até a escola, recebi uma ligação do meu pai. Peguei meu celular e o atendi. — Oi pai, como o senhor está? — Oi querida, eu estou bem e a senhorita? — Estou bem. — Desculpe-me por não ter ligado antes, eu estava muito ocupado e não tive tempo. — Está tudo bem, não tem problemas. — O que está fazendo agora? — Estou indo para a escola. Infelizmente não tem mais feriado. — Estudar é bom. — Claro, com certeza... — Bom querida, preciso desligar agora, até mais tarde. — Até pai. Desliguei a chamada e guardei o celular em minha bolsa. Assim que cheguei no colégio, fui direto para a classe. Entrei e avistei Lorenzo sentado. Aproximei-me e sentei-me ao seu lado. — Bom dia, não o vi na festa ontem. — Bom dia Milana, e sim, eu decidi não ir. Eu não sou muito fã de festas, principalmente as quais teriam drogas, maconhas, bebidas e adolescentes idiotas. — Um ótimo resumo — ri levemente. — Não é? — sorriu. Algum tempo depois, Matteo e Dylan entraram na classe e sentaram-se, aguardando os demais chegarem. Não estava olhando para Matteo, mas sabia que ele estava me olhando e isso me incomodava muito. — Onde a sua amiga está? — indagou Lorenzo. — Eu não sei, ela meio que me abandonou ontem na festa para ir com o novo namorado dela. — Será que ela está bem? — Eu não sei, mas espero que sim. Assim que o sinal tocou, Alessa entrou junto com o Mattia. Ela parecia animada e estava muito sorridente. Assim que Alessa me viu, ela se aproximou. — Milana, eu sinto muito mesmo por não ter ido dormir na sua casa ontem. Depois da festa, o Mattia me convidou para ir até sua casa e como você havia me avisado que já tinha ido embora, então eu não vi problema em ir com ele. — Nossa... — disse Lorenzo em voz baixa. — Tudo bem Alessa, não se preocupe. Alessa sorriu e sentou-se com Mattia em uma carteira. As palavras de Alessa havia me chateado bastante, era como se ela não tivesse se importado comigo. Assim que as primeiras aulas terminaram e o sinal tocou, nos retiramos da classe e Lorenzo e eu caminhamos em direção ao campo. Nos sentamos nas arquibancadas e começamos a comer os nossos lanches. — Comer ao ar livre é uma das melhores coisas, principalmente quando se está na escola — disse Lorenzo. — Eu também acho, odeio ficar no refeitório com aquela multidão e com aquele falatório — respondi. — Concordo. — Lorenzo, o que você quis dizer quando falou "nossa"? — Bem, eu não quis ser intrometido e nem quero, até porque só faz dois dias que nos conhecemos, mas na minha interpretação, a Alessa nem se importou se você foi embora ou não. — É... ontem a tarde, o meu pai havia viajado e para eu não ficar sozinha, a Alessa tinha falado que viria para a minha casa depois da festa e que dormiria lá, mas ela não fez e isso acabou me chateando quando a vi hoje com o Mattia. — Bem... acho que você já sabe o que pensar. — Talvez eu saiba mesmo. Algum tempo depois, Matteo e Dylan se aproximaram até nós, ficando em pé em nossa frente. — Olha só quem nós encontramos aqui — disse Matteo. — Olhos diferentes e seu novo amigo — falou Dylan. — Seus olhos são lindos Milana! — Lorenzo sorriu. — Obrigada — sorri timidamente. — Então, vocês são um novo casal? — indagou Matteo. — É, com certeza nós somos — respondi ironicamente. — Pois é, somos um casal do c*****o! — concordou Lorenzo. — Com certeza! — dei risada. — Então Milana, ouvi dizer que o seu pai foi viajar a trabalho — disse Matteo. — Como sabe disso? — Um passarinho contou, sabe aquele chamado Alessa? — Tá e daí?! — Por que não faz uma festa na sua casa? Ou eu posso fazer por você. — Porque a casa é minha e eu decido quem entra e quem sai, e eu nunca permitiria que um bando de adolescentes babacas entrasse nela para beber e fumar! — Ah, é! Você vai convidar seu namoradinho para ir até sua casa hoje, não é? — perguntou Dylan. — É isso aí! — respondi. Levantei-me da arquibancada e estendi uma das minhas mãos em direção ao Lorenzo. — Vem "namoradinho", vamos embora, a não ser que você queira pegar retardo mental desses dois. Lorenzo olhou para mim e pegou na minha mão. Sorrindo se levantou. — Nem ferrando que eu quero isso. Enquanto descíamos as arquibancadas, Matteo exclamou: — Eu preciso falar com você Milana! — Mas eu não quero falar com você! — exclamei. Entramos no colégio e caminhamos em direção à classe. — Se eles espalharem a mentira que você contou, seremos conhecido como o novo casal mais "rápido" — disse Lorenzo. — Por que o mais rápido? — Porque nos conhecemos só dois dias. — Ah, isso é verdade — sorri. — Mas que se dane, eles são uns imbecis. — Até demais! Assim que a aula terminou, pegamos os nossos pertences e nos retiramos, seguindo em direção a saída. — Milana — exclamou Alessa correndo até mim. — Oi — respondi indiferente. — Está indo para casa? — E para onde mais eu iria? — Eu sei que nós duas sempre vamos embora juntas, mas eu sairei com o Mattia agora, então nos vemos mais tarde? — É claro. — Então até — sorriu. Assim que Alessa se afastou, voltei a caminhar. Eu estava tentando entender o lado da Alessa e até mesmo me colocar em seu lugar, mas não consegui, aquilo ainda me chateava muito.
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