CINCO ANOS DEPOIS
ANDREY NIKOLAI
— Área limpa, podem deixá-los entrar — murmuro no ponto que há no meu ouvido.
Sou dono da agência de segurança que faz a proteção da família Petrov, umas das famílias mais influentes da Rússia. Observo atentamente o senhor Pietro e a senhora Dona entrarem no salão enorme de festa em uma das diversas propriedades deles, ambos escoltados por três seguranças da minha agência.
Normalmente eu não costumo vir fazer a proteção de alguém, já que eu sou o chefe, mas como essa é uma das famílias mais influentes e ricas da Rússia, não posso deixar nada dar errado, ainda mais em um evento onde há uma quantidade grande de pessoas e repórteres. Qualquer merda e a minha agência vai para o ralo.
— Senhor, a filha do senhor Petrov insiste em entrar na festa sem escolta.— Reviro os olhos já de saco cheio disso.
— Essa menina fica fora por cinco anos e quando volta, volta mais chata do que nunca? — Violetta Petrov, filha e única herdeira de toda a Diamonds Empire; faz cinco anos que não a vejo, e essa festa foi feita justamente para dar as boas-vindas a ela.
Pelo que eu soube, foi estudar em Paris, acho que ela deveria ter dezoito anos; sempre dava um jeito de fugir dos seguranças, o que me fez aumentar mais do que já estava a proteção e fazer pessoalmente a segurança da família, mas depois que ela foi embora, pude relaxar um pouco. Infelizmente essa garota mimada voltou, então estou tendo que fazer isso tudo pessoalmente para garantir que ela não faça nenhuma besteira.
— Segura ela, já estou indo — digo, sem paciência, no ponto do meu ouvido. Ando a passos largos para a saída, desviando dos demais convidados vestidos com roupas elegantes e caras.
Ao chegar na entrada do salão, olho para um canto onde ouço vozes, observo bem e logo vejo dois dos meus seguranças tentando conter uma mulher de vestido preto, longo, com mangas 3x4 e uma cabeleira ruiva longa e ondulada. Começo a caminhar na direção da ruiva assassina e quase caio para trás aos constatar de quem se trata.
— Violetta? — O nome dela escapa dos meus lábios sem que eu possa impedir. Ela estava de costas e, ao se virar, meus olhos se arregalam.
Puta que pariu!
Olhos extremamente verdes e raivosos me encaram, mas ao perceber de quem se trata, logo a raiva se vai, dando lugar à surpresa; a vejo engolir em seco e dar uma leve mordida nos lábios carnudos, pintados de vermelho.
Não queria, mas infelizmente meus olhos caíram no decote, que mostra parte dos seus s***s bem redondos e cheios.
Droga!
— Andrey. — Meu nome saiu de sua boca em um tom de surpresa.
— Desculpe ter que incomodá-lo senhor, mas é que a senhorita Petrov não quer colaborar conosco. — Um dos seguranças acusa.
— Deixe que eu resolvo isso, podem ir. — Ambos dão um breve aceno com a cabeça e logo se retiram.
Assim que eles estão afastados o suficiente, viro-me novamente para encará-la e faço o possível para esconder a surpresa que tive de vê-la tão diferente. Definitivamente ela deixou de ser uma menina e se tornou uma bela mulher.
Andrey, não vá por esse caminho.
— Olá, senhor Nikolai, há quanto tempo... — Ela dá uma breve pausa para dar um rápida olhada em mim. — E quanto tempo. — Me surpreendo quando ela abre um sorriso…malicioso?!
O quanto essa menina mudou! Eram raros os sorrisos que ela me lançava, tímidos e com rubores nas bochechas. Por mais que ela desse um jeito de fugir dos seguranças e deixar seus pais loucos com o temperamento um pouco explosivo e extremamente questionador. Na minha frente, das poucas vezes que a vi, sempre se manteve… na dela, quieta e envergonhada, mas agora está muito diferente. A única vez que falou comigo por mais de alguns minutos foi um dia antes de viajar; ela tinha fugido e estava em um parque.
— Senhorita Petrov, por favor, peço que colabore com a equipe e siga as instruções que o seu pai passou — digo em tom profissional e ela revira os olhos.
— Não entendo para que tanta segurança! Em Paris eu não tinha tudo isso, muito pelo contrário, era somente um e bem discreto.
— Entendo como isso deve ser frustrante, mas realmente eu só estou cumprindo as ordens que seu pai nos passou, afinal, ele nos paga para isso. E justamente hoje decidi fazer pessoalmente a segurança de sua família por já saber das suas artimanhas para despistar meus homens. — Ela abre um sorriso e pela primeira vez percebo que tem covinhas.
— Fique tranquilo, Andrey, eu não sou mais uma adolescente inconsequente, muito pelo contrário. Você não faz ideia do quanto eu mudei, ou talvez faça. — E assim, Violetta sai andando na minha frente e eu me reprimo mentalmente quando meus olhos caem nas suas curvas e consequentemente na sua b***a.
Porra! Ela podia continuar sendo uma adolescente inconsequente e tímida.
****
A festa durou até às três horas da manhã. Os últimos a saírem do salão de festa foi a família Duvaesky, outra família influente na Rússia, mas não tanto quanto a Petrov.
— Andrey, mais uma vez obrigado por tudo. Por anos sua agência tem nos servido bem. Graças a vocês, coisas ruins foram evitadas e fico lisonjeado quando você vem fazer nossa segurança pessoalmente — Pietro agradece.
— Nada mais justo, temo pela segurança de meus clientes.
— Engraçado que você só faz a segurança pessoalmente da minha família. — Vejo Violetta levar uma cotovelada da mãe.
— A questão, senhorita Petrov, é que sua família é a mais influente do país, o que a torna alvo de inimigos como funcionários insatisfeitos, invejosos ou pessoas que trabalham no mesmo ramo do seu pai com os diamantes. A mina do seu pai foi alvo de tentativas de assalto e uma vez tentaram sequestrar sua mãe, lembra? — Ela ergue uma sobrancelha e murmura.
— Sim.
— Fora que, pelo que eu lembre, a senhorita dava um grande trabalho à minha equipe e eu tive de ir fazer a proteção pessoalmente de sua família. Pelo período em que esteve fora eu não precisei fazer isso, mas você está de volta e como já a conheço...
— Se não viu ou não percebeu, eu não sou mais uma adolescente e sim uma mulher, me tornei responsável e, se voltei para a Rússia, foi para treinar e logo assumir os negócios do meu pai.
— Sim filha, exatamente. E por isso eu e seu pai tomamos uma decisão. — Olho atentamente para Dona e Pietro, sem saber o que vão dizer.
— Que decisão? — Violetta pergunta e ambos olham para mim, o que me faz temer o que vem a seguir.
— Que Andrey será seu segurança pessoal e lhe pagaremos o dobro por isto, bom, se assim ele aceitar.
| DOIS DIAS DEPOIS |
Conto até dez para manter o pouco da paciência que ainda me resta diante da situação em que me encontro neste momento. Violetta me arrastou para uma maldita despedida de solteira de alguma colega da sua antiga escola. Bufo ao ver três homens vestidos de cueca de couro e gravata borboleta; as dez mulheres ali presentes gritam, eufóricas e bêbadas.
Estou a uma certa distância de tudo, mas posso ver bem quando Violetta sobe no palco, indo em direção a um dos homens. Ela vira de costas para ele e começa a rebolar no ritmo da música, o que faz seu vestido nude na altura da metade das coxas, subir um pouco, prendendo completamente a minha atenção em seus movimentos lentos e sensuais.
Foco Andrey!
Logo a minha atenção muda quando o homem se aproxima ainda mais e começa a se esfregar nela. Ele passa a mão por suas coxas, uma delas sobe indo até o cabelo comprido e ruivo, o jogando para o lado e deixando sua pele branca exposta, seus lábios vão ao seu pescoço. Só percebo que fechei as mãos em punhos quando as sinto doer de tanto apertá-las. Travo minha mandíbula quando a vejo virar, ficando de frente para ele e o infeliz apertar com força sua b***a quando a levanta do chão.
Eu deveria intervir?
A gota d'água, para mim, é quando ele tenta a todo custo beijá-la e ela recusa, dando sorrisos sem graça. Começo a andar a passos largos até o palco e mais uma vez o i****a tenta beijá-la, mas dessa vez ele agarra no cabelo dela com força e encosta sua boca com uma certa violência na dela.
Subo no palco e escuto algumas mulheres gritarem, achando que isso faz parte do showzinho, e o i****a me olha com raiva.
— Está maluco? Quem é você?!
— Sou o segurança particular da moça e pelo que vi ela não gostou do que você estava fazendo.— Tento o máximo possível manter o 1% de paciência que ainda me resta.
— Sai daqui, ô empregadinho.
Adeus paciência, olá violência.
Todos param o que estavam fazendo no momento em que dou um soco forte bem na boca do infeliz, que o faz cair de cima do palco; o vejo cuspir sangue e junto dois dentes.
— Andrey! O que você fez? — Violetta me olha completamente assustada.
— Acho melhor sairmos daqui — murmuro.
— Eu não vou a lugar nenhum, a despedida de solteira nem começou. — Cruza os braços e ergue uma das sobrancelhas.
— Senhorita Petrov, por favor, colabore.
— Andrey, eu não vou. — Certo, vai ser à força então.
Abaixo e envolvo um de meus braços em suas coxas e a levanto, colocando-a em cima do meu ombro, desço do palco e ouço gritos e vaias. Passo pelos seguranças da boate sem nenhum problema, por dois motivos. Primeiro, os dois são meus amigos, segundo, os seguranças que agem aqui são todos da minha agência.
Sinto suas mãos indo de encontro com as minhas costas, dando socos, mas é quase como se estivesse fazendo cócegas. Ao chegar perto da Land Rover escura, caminho até o banco do carona, abro o carro e a ponho lá, sob protestos, fecho a porta do carona e corro para o outro lado. Assim que entro no carro, sinto o impacto da sua mão se chocar com o meu rosto.
Respira Andrey!
— Qual é o seu problema? Você agiu feito um homem das cavernas! — grita, completamente irritada.
— Eu só estava fazendo meu trabalho em protegê-la.
— Mas você bateu em alguém e arrancou dois dentes dele.
— Se eu não tivesse feito isso, coisa pior teria acontecido.
— Eu sei me defender…
— Violetta, todas estavam bêbadas, ninguém sequer olhava o que estava acontecendo, aquele homem não ia parar e sabe disso. — Ela abre a boca para falar, mas logo a fecha, sem argumentos.
Começo a dirigir e um silêncio estranho predomina no ambiente. Ela encosta a cabeça no banco, olhando para o lado de fora da janela escura e blindada. O caminho todo é feito sem que ninguém diga nada, já passava das onze horas em Moscou e, para uma sexta-feira feira, as ruas estavam bem vazias, deve ser devido a leve chuva que caía, mas ainda assim é algo bem anormal.
Anormal também é Violetta se manter quieta. Durante esses últimos dois dias que assumi sua proteção pessoal sozinho, pensei que ela voltaria mais falante, e vê-la quieta demais é algo um pouco… chato. Bom, há cinco anos ela era bem quieta, mas sempre aprontava algo, seus pais e meus seguranças ficavam de cabelo em pé, mas agora ela não está falante e muito menos ativa.
— Pode me levar para o meu apartamento? — E finalmente ela fala.
— Apartamento? Não sabia que tinha um, seu pai não…
— Eu comprei um aqui no centro sem que meus pais soubessem. — Mantenho meus olhos na estrada.
— Não, vou levá-la para a casa dos seus pais.
— Andrey, eu preciso ficar sozinha.
— Lembro que a última vez que conversamos você não queria ficar sozinha. — Solta uma respiração pesada.
— Muita coisa mudou durante esses últimos anos, mas meus pais continuam os mesmos, me pressionando a assumir responsabilidades que ainda não me sinto preparada para assumir. — Olho rapidamente para ela, que ainda mantém a mesma posição.
— E por que não diz isso a seus pais?
— Para quê? Decepcioná-los? Eles sempre foram bons comigo, o único defeito é a pressão para assumir os negócios da família. Me sinto m*l quando n**o algo, então sempre fugia.
— E vai fugir agora de novo?
— Andrey, por favor, só me leva a esse apartamento. Você pode ficar lá se isso for ajudar, só não lhes diga sobre ele.
— Não posso fazer isso.
— Prometo facilitar seu trabalho. Por favor. — Olho rapidamente para ela, que me encara apreensiva.
Sinto que vou me arrepender disso.
— Tudo bem. A senhorita deu sorte que seus pais viajaram hoje para Portugal, mas não poderá esconder isso deles por muito tempo.
— Eu sei, mas por agora prefiro assim. — Balanço a cabeça concordando.
— Coloque as coordenadas no GPS. — Ela se inclina para digitar e no momento em que faz isso seu cabelo ruivo cai todo para os lados, deixando suas costas expostas, revelando uma tatuagem; não sei do que se trata, mas parece ser grande.
Não falo nada, até porque a vida não é minha e eu sou só um funcionário e ela filha do meu cliente mais importante, então, manter o profissionalismo é essencial e importante para a minha carreira.