VIOLETTA PETROV
Sinto meu celular vibrar mais uma vez, olho no visor já sabendo de quem se trata. Vinte ligações perdidas do meu pai, que obviamente deve estar muito bravo comigo por eu ter fugido dos seguranças mais uma vez; reviro os olhos diante dessa situação.
Ser filha de um magnata da Rússia é bom, pois tudo que você quer, você consegue, mas nem tudo é às mil maravilhas. A Diamonds Empire foi criada pelo meu bisavô, que herdou do meu tataravô uma mina de diamantes aqui mesmo na Rússia; desde então a mina e a empresa tem passado de geração em geração. Minha família é a mais importante e a mais influente no país e até mesmo fora dele. Desde que meu pai assumiu os negócios da família Petrov, há dez anos, ele a levou a um patamar muito alto, despertando inveja e ódio de concorrentes e funcionários que foram demitidos durante esses anos.
Durante os últimos dois anos vínhamos recebendo ligações, mensagens e cartas com ameaças de sequestro e até mesmo morte, desde então meu pai resolveu contratar uma equipe de segurança para nos proteger. A segurança aumentou ainda mais depois de bandidos tentarem sequestrar a minha mãe há três meses, e a mina tem sofrido com tentativas de roubo.
Hoje viajo para Paris para estudar Administração e Economia. Vou me especializar um pouco para um dia comandar toda a empresa e a mina, uma tarefa difícil, sendo filha única, mas infelizmente é isso.
— Te achei!— Me assusto quando olho para cima e vejo Andrey, o chefe da agência de segurança que meu pai contratou.
Era óbvio que meu pai o mandaria vir atrás de mim, o único que sempre conseguia me achar, antes dos outros. Como eu não sei, mas ele nunca falhou em me encontrar. Esse era sempre o momento que o via; quando eu sumia já sabia que ele me acharia, depois disso eu não o via mais.
Nesse momento estou em uma praça em Moscou, encostada em uma árvore e com um livro de romance ao meu lado. Fazer o quê, sou uma leitora voraz.
— Senhor Nikolai, me assustou.— Ele ergue sua sobrancelha e me encara com seus olhos cor de mel.
Quando o vejo a reação sempre é a mesma, fico envergonhada e extremamente vermelha, talvez por achá-lo muito bonito. Bom, e ele é; um homem alto, forte, de ombros largos e músculos definidos. Pelo que vi em suas mãos, ele tem tatuagens, mas não tem como saber se cobrem seu corpo, já que sempre que o vejo está de terno e gravata escuros. O cabelo loiro escuro, constantemente meio bagunçado, barba rala mas bem-feita, da mesma cor do cabelo, pele levemente bronzeada e queixo quadrado.
— Quando é que você vai crescer, menina? Já tem dezoito anos e continua fazendo essas bobeiras.
— Estou cansada de gente me seguindo onde quer que eu vá. Não tenho liberdade! Já bastam meus pais — murmuro frustrada.
— Olha, estou aqui para cumprir meu trabalho, agora vamos. — Levanto e saio andando na frente.
Ele me segue até a saída do parque e eu não espero que ele abra a porta do carro para mim, logo em seguida ele entra e dá partida; o silêncio é sempre o mesmo, chato e irritante.
— Tudo é pressão demais — digo querendo puxar algum assunto.
— Infelizmente, fugir não vai adiantar — profere prestando atenção na estrada.
— Eu não queria isso, queria ser normal. Com amigos de verdade, uma escola de verdade, com pessoas normais e não metidas e esnobes.
— Esse é seu destino, e fugir dele não vai ajudar, só vai adiar o que uma hora ou outra vai acontecer.
— É, você tem razão.— Respiro fundo me sentindo completamente derrotada.
Não queria ir embora, não queria ir sozinha para um país desconhecido, eu só queria ser… Eu mesma.