ANDREY NIKOLAI
Encaro Violetta, que estava com os olhos arregalados depois do que eu disse; ela abre e fecha a boca várias vezes, incrédula.
Eu também estou assim.
Quando liguei para os pais dela, e expliquei minha situação, ambos sugeriram que o melhor para ela é ficar ao meu lado. Pietro disse que confia em mim de olhos fechados e isso me deixou m*l. Mesmo não querendo, Violetta é uma mulher linda e atraente, não tem como não olhar e imaginar coisas, e ouvir o pai dela dizer que confia tanto assim em mim, me fez me chutar mentalmente incontáveis vezes.
Eu lhes disse que poderia esperar que voltassem de Portugal para ficarem com ela, mas ambos disseram que não tem data para voltar e depois de lá ainda iriam para outros dois países; talvez fiquem meses fora.
Por que não a levaram com eles?
— Meus...eles...
— Foram eles que sugeriram e, sinceramente, eu não vejo outra opção.
— E o que você acha disso? Sei que foram eles que sugeriram, mas é algo pessoal, não acho que seria bom eu ir assim... sua família. — Ela parece envergonhada.
— Minha família não vai se importar. Isso vai contra qualquer regra ou protocolo da minha empresa, mas é necessário. Não ficaria tranquilo se te deixasse aqui sozinha, sem minha proteção. — Seus olhos verdes brilham, acompanhados de um leve rubor em suas bochechas brancas e um sorriso tímido.
Puta merda! Como ela é linda, p***a!
— Você... tem certeza disso? Não acha melhor comunicar antes a seus pais e explicar a situação?
— Sim, vou fazer isso, mas preciso que se arrume e faça suas malas quando terminar. Tenho que ir até minha casa e tomar um banho, me arrumar e fazer a malas também. — Me olha surpresa.
— Agora? Vamos neste momento?
— Sim, se não for problema para você.
— Claro que não, eu vou arrumar minhas coisas e, se quiser, posso pedir um jato particular agora mesmo para facilitar nossa ida e ser mais rápido. — Anda em direção ao corredor.
— Não é necessário, não quero incomodar, eu...
— Olha, por favor, não precisa se fazer de durão agora, você precisa estar o mais rápido possível perto da sua família. — Me encara com aqueles belos olhos verdes, e...porra! Por que quando ela me olha assim parece tão difícil lhe dizer não?
Desde quando fiquei tão...molenga?
— Ok. — Violetta abre um enorme sorriso e logo depois diz: — Se quiser ir à sua casa para arrumar suas coisas vai ser bom, já vai adiantar muita coisa, se quiser. Pode levar a chave do meu apartamento e trancar pelo lado de fora, se achar melhor, ou deixar algum segurança aqui na porta. Eu prometo que só vou sair quando você chegar. — Ela tem razão, isso pouparia tempo e tempo é algo que infelizmente meu pai não tem.
— Vou ligar para dois seguranças e pedir para ambos ficarem aqui, e sim, me dá sua chave, vou trancar a porta por fora. Tenho medo de dar algum surto e sair por aquela porta sem eu estar junto. — Ela gargalha.
— Fica tranquilo, bonitão, não vou a lugar nenhum. — Me entrega a chave e caminha para seu quarto, fico alguns segundos parado, olhando para ela até que suma para dentro do quarto. Quando isso acontece, volto, pego o celular e mando uma mensagem para a minha agência requisitando a presença de dois seguranças; imediatamente atendem meu pedido e comunicam que ambos estão a caminho, mando o endereço e coloco o celular no bolso.
Essa viagem, essa convivência com ela... sinto que será a mais perturbadora da minha vida.
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VIOLETTA PETROV
Quase dez horas de voo. Era pouco mais de sete horas da manhã quando saímos do Aeroporto Internacional Sheremetyevo e agora estamos pousando no Aeroporto Internacional de Jackson-Medgar Wiley Evers. Não tivemos dificuldade ao desembarcar e nem em pegar nossas bagagens, já que viemos no jatinho particular da família Petrov; o que os meus pais usaram era o da empresa.
Do aeroporto, fomos direto a uma locadora mais próxima de carros e Andrey pegou uma picape prata que dá duas de mim.
Agora estou aqui, mais de duas horas no carro com ele, indo para a fazenda onde se encontra toda a sua família, sem saber o que falar ou como agir diante deles.
— Essa cidade aonde vamos, fica muito longe? — pergunto tentando distrair a mente.
— Bom, faltam só mais alguns minutos para chegarmos à fazenda. Já estamos em Starkville. Aqui é bem interior, como pode ver; o centro da cidade fica a alguns quilômetros. — Olhei em volta e tudo que vejo é mato.
— É a primeira vez que vou a uma fazenda. Não sei nada disso — confesso.
— Vai gostar, ela é grande, uma das principais fazendas que transportam leite para outros estados. — Arregalo meus olhos.
— Como assim?
— Meu pai herdou a fazenda e os negócios da família Russell. Mas meu pai acabou deixando que meu primo tomasse conta dela e dos negócios. Tudo para poder ficar com a minha mãe na Rússia.
— Nossa, isso é lindo.
— O dinheiro que a fazenda produz é dividido entre todos com o sobrenome Russell, mas eu deixei minha parte para meus pais. Assim eles vivem bem, não com luxos, mas em um lugar bom e nada falta a eles — explico.
— Você poderia ter ficado à frente disso. — Ele sorri.
— O campo nunca me chamou a atenção, eu m*l lembro a última vez que estive aqui. Só lembro onde a fazenda é porque é a única da cidade. Meu pai, no começo, queria muito, mas quando lhe contei o que eu tinha em mente, ele simplesmente sorriu e disse que me apoiaria com o maior prazer.
O carro para em frente a um portão enorme de ferro escuro e está escrito em cima dele “Fazenda Os Russell”. De longe posso ver que é enorme e que a área em volta dela é gigantesca.
— Olá. Meu nome é Andrey Nikolai D. Dmitriev Russell, sou filho do Peter Jackson Russell. — Os peões arregalam os olhos e de imediato abrem os portões. Quando o carro começa a se movimentar, observo atentamente tudo a minha volta.
Uma grama bem aparada, cavalos e alguns outros animais pela fazenda. Um celeiro enorme e alguns peões espalhados. A fachada da casa é branca e cinza, com dois andares, e é do tamanho da mansão dos meus pais.
Andrey sai do carro e logo a porta da frente é aberta, uma mulher de pele morena, cabelo curto com fios brancos se aproxima. Saio do carro para poder cumprimentá-la.
— Oh, finalmente chegaram. — Andrey já está do meu lado, a mulher o abraça com vontade e lhe dá beijos em ambas as faces.
— Oi mãe, como o papai está? — Ele parece preocupado.
— Seu pai está lá, gritando e dando ordens ao seu primo. Ele se sente bem aqui e foi a melhor decisão trazê-lo. — Ela sorri para o filho, que se mantém sério.
— Mãe, essa é Violetta Petrov, filha do meu cliente. — Ela me puxa para um abraço que retribuo sem jeito.
— Olá senhora Russell, é um prazer conhecê-la.
— Oh querida, pode me chama de Lorena, fico lisonjeada em ter uma Petrov aqui conosco, espero que goste da hospitalidade do pessoal do campo — diz, bem simpática.
— Achei tudo muito lindo, nunca tinha visto uma fazenda de perto — confesso envergonhada.
— Não seja por isso, vou pedir para a prima do Nikolai lhe mostrar tudo aqui, ela conhece a fazenda como a palma da mão.
— Muito obrigada.
— Vamos entrando, só faltavam vocês chegarem para estarmos todos juntos novamente. — Me senti uma intrusa.
ANDREY NIKOLAI
Todos na sala nos encaram com curiosidade. Nunca tinha visto a família toda reunida em um lugar só. Meu pai se levanta e eu ando até ele, ignorando os outros; quando estou em seus braços sinto uma imensa vontade de chorar, mas me seguro.
— Achei que não viria.
— O senhor sabe que não podia ter feito isso. — Ele abre um sorriso.
— Você acha que puxou a teimosia de quem? — E esse é meu pai, um homem de sessenta anos que, pela aparência física, parece ser mais novo. Ele é durão e, por mais doente que esteja, sempre fez o que queria sem se limitar. Ele é um pouco mais baixo que eu, cabelo todo grisalho, olhos cor de mel e o rosto com algumas rugas; olho para ele e já me vejo quando tiver a sua idade.
— Querido, essa é Violetta Petrov. — Minha mãe a puxa com tanta animação que tive até pena, já que ela está visivelmente envergonhada.
— Petrov? Daquela família de magnatas dos diamantes? — Minha prima Benny pergunta.
— Eu sou o segurança particular dela. Tive que trazê-la, pois não poderia deixar que algo lhe acontecesse, afinal a família Petrov já sofreu diversos ataques e ameaças. Os pais dela que sugeriram que ela viesse. — Já explico para Benny ,que me lança um olhar malicioso.
— Nossa, que lindo... parece até um livro que já li. — E sorri.
Maldita prima enxerida.
— Violetta, esta é minha prima Benny, não dá muita confiança não, se não vai querer se meter em tudo da sua vida. — Ela me mostra o dedo do meio. — Aqueles são meus tios, Emma e Rick, Emma é a irmã do meu pai. — Eles dão um breve aceno. — Meus outros primos, Marvin e Eduard, são filhos de Emma e Rick e irmãos da Benny. As outras são esposas dos meus primos, Lisa e Margot. Os pequenos são filhos deles. — Aponto para as cinco crianças que brincam no canto da sala, dois meninos e três meninas. — Olho novamente para todos e começo a dar falta de mais gente. — Pai, cadê...
— Chegamos. — Marley diz ao entrar na sala, seguido dos meus outros tios, Tina e Ford, irmão do meu pai, e minha prima Anne.
Violetta olha na direção deles e vejo seu rosto empalidecer, não entendo o porquê, mas logo começo a juntar as coisas quando vejo na direção de quem ela olha. Marley fica extremamente sério quando vê Violetta. Logo me apresso para ficar próximo de Violetta.
— Conhece ele? — sussurro em seu ouvido. Ela sacode a cabeça concordando. — Ele te fez alguma coisa? — Violetta não diz nada, mas ao olhar para meu primo, que logo desvia o olhar ao perceber que eu o estava encarando, confirma o que perguntei.
Alguma merda ele fez, e eu vou descobrir.