Cecília Blackwood
Antes, minha mãe era garçonete, meu pai fazia b***s, pois devido à bebida, ele não ficava mais do que um mês nos empregos, e o dinheiro que ganhava era para sustentar o vício, o que, novamente, fazia tudo pesar um pouco mais.
— Ceci! — Ouvi a buzina e a voz do meu namorado quando abri a porta, a janela do carro descendo apenas para revelar aquele sorriso brilhante.
Hector, ao contrário de mim, não tinha que pensar em nada disso — principalmente por ele ser rico, não ser bolsista, e o seu curso ser de Marketing — algo que era agradável nele, já que o fazia ter um ar leve, até mesmo descontraído.
O que, às vezes… me fazia perguntar o que ele via em mim.
— Bom dia… — falei quando entrei em seu carro esportivo com uma expressão um tanto angustiada.
Ele se virou e depositou um beijo no canto dos meus lábios.
— E essa cara, o que aconteceu? — perguntou quando arrancou com o carro, seus olhos fixos em mim.
— Meu pai não passou a noite em casa — acabei contando para ele, fazendo a minha mão de apoio logo depois.
— Deve estar enfiado em algum cassino clandestino. — Ele soltou um suspiro bufado, já que Hector também deveria estar cansado, por sempre me ver triste devido ao mesmo motivo. — O seu irmão, como está?
— Está bem, só preciso comprar o adesivo dele… — Meus olhos foram até as minhas mãos, apenas para ver uma delas ter os seus dedos entrelaçados com os de Hector.
— Se precisar de ajuda... — Ele me ofereceu ajuda como sempre fazia, mas o fato de ele querer algo em troca me assustava.
— Obrigada — apenas agradeci, o que fez todo o resto do trajeto ser preenchido apenas com o mais puro silêncio.
Apenas me despedi quando ele me deixou na loja, entrando o mais rápido que pude para começar a limpar os expositores e tudo mais. Porque aquilo era no que eu deveria me concentrar agora, e também… provavelmente, era o único momento que eu teria sozinha no dia para recuperar o resquício de sanidade de que eu precisava.
Stefano McNight
Depois de ser empurrado contra a parede e basicamente forçado pelo meu velho a arrumar uma bendita noiva, a questão que ficava era: como diabos eu ia conseguir isso e ainda “um amor” dentro de seis meses?
Era quase como se ele simplesmente tivesse resolvido me vetar do meu lugar de direito, por puro m*l humor.
Eu sabia que tinha vacilado em alguns momentos, e que t*****r com a filha de um dos amigos dele não era exatamente a melhor coisa a se fazer, mas, em minha defesa, eu nunca tinha esperado que ela acabasse confundido o nosso caso de uma noite com um romance de algum tipo de livro i****a.
A culpa não era minha, afinal, eu nunca enganei nenhuma das mulheres com quem dormi. Então, depois de vagar de um lado para o outro, com a minha cabeça cheia e o meu pai me olhando torto sempre que me via voltando tarde durantes as noites, finalmente resolvi recorrer à minha carta na manga.
Entrei no escritório de Thomas Kuhn com uma expressão séria em meu rosto, enquanto fechava a porta atrás de mim.
— Thomas, preciso de ajuda.
— Bom dia, Steffano. — Ele arqueou uma de suas sobrancelhas e sai de trás da sua mesa, com aquele ar de quem sabia exatamente o que me trazia até ali, mas o meu cunhado era um sádico e, obviamente, não deixaria as coisas acabarem tão facilmente assim — No que, exatamente, eu poderia te ajudar?
Suspirei.
— Preciso de uma noiva e, de preferência, uma que não esteja em nosso círculo — resmunguei —, uma que a minha família não conheça.
— E por que mesmo, eu deveria fazer isso?
O sorriso cínico em seus lábios deixava óbvio até demais que ele estava se divertindo com tudo aquilo.
— Você viu as condições do meu pai, você sabe que isso tudo é um absurdo! — reclamei e Thomas parecia prestes a gargalhar.
— Sim, mas você disse que arrumaria alguém e que não seria difícil.
— Eu menti.
Admiti e isso feriu o meu orgulho, mas Thomas apenas riu com aquele tom debochado.
— Por que, diabos, mentiu? Poderia ter tentado conversar com Henry para que ele fosse… razoável?!
Ergui uma das minhas sobrancelhas.
— Razoável? Desde quando aquele velho maldito é razoável, quando se trata de mim?
Sibilei e minhas palavras soaram como lâminas afiadas.
— Seu pai certamente não agiria assim, se você não fosse um degenerado — Thomas fez questão de ressaltar, deslizando os dedos sobre os lábios, com aquele ar de superioridade.
Eu bufei.
— Francamente, não quero ouvir isso de você. Todo mundo sabe que você teve problemas do mesmo gênero, antes da Bella — resmunguei e as sobrancelhas dele se uniram com descontentamento.
— Não posso dizer que era um santo, mas te garanto, o que eu tive com a Chloe, não chegou perto da bagunça que você criou nesses últimos anos.
Ouvir aquilo era como ter a verdade sendo esfregada na minha cara e, p***a, eu não estava precisando disso.
Eu sabia que tinha sido um i****a por um certo período de tempo, mas eles realmente não podiam aliviar um pouco pro meu lado? Qual é! Eu nem fiz tanta merda assim.
Foram alguns casos, alguns deslizes, boatos.
Nada que realmente fosse destruir nossa imagem.
— Steffano, acorde, sua irmã e eu precisamos de um descanso, e o mínimo que você pode fazer é encontrar uma boa esposa para assumir o lugar de Bella. Aliás, já passou da hora de Henry se aposentar e você tomar o seu lugar como Capo da família McNight, mas como você já deve saber, nem o seu pai e nem os anciões vão confiar em você enquanto agir como um adolescente com hormônios à flor da pele.
Sibilei.
Ele falava como se eu fosse algum tipo de tarado que não conseguia manter o p*u dentro das calças. Mas, ainda que esse fosse o caso, eu tinha que admitir que aquele desgraçado estava certo: eu tinha que ser uma pessoa mais consciente e tinha que dar uma folga para Bella.