Caleb
Hoje passei o dia todo no escritório, acho que Fernanda reclamou com o meu supervisor, deve ter dito que eu a estava perseguindo, e acho que como punição ou solução ele me pôs para trabalhar com o pessoal do escritório. E com isso nem tive tempo de falar com ela.
Já estava saindo do escritório quando a vi agarrada a Connor, estamos até nos dando bem essa semana, mas isso não justifica o que eu senti naquele momento, vendo aquela cena! Não sei o que me deu! Mas tive tanta vontade de partir a cara daquele desgraçado, ainda mais ao saber da fama de mulherengo do bastardo! Me senti estranho ao notar estar incomodado demais com toda aquela cena, fiquei abismado ao notar o quanto doeu ver a leveza que Nanda tinha com ele, até o sorriso era mais vivo, mais aberto, uma leveza que nunca demonstrou ao estar comigo.
Aguentei até onde pude, assisti por um tempo e quando observei a i********e deles ao confidenciar segredos ao pé do ouvido, não aguentei e fui para o estacionamento.
O que estou pensando? O que está acontecendo comigo? Estou fazendo isso a poucos dias e a gordinha já está mexendo com minha cabeça!
Não posso permitir!
Ouço a voz debochada de Peter meu melhor amigo, com o aviso que o i****a deu: não se envolva demais, não vá se apaixonar!
Ainda ouço suas gargalhadas.
Matt
Olá! Sou Matthew Connor Monteiro, conhecido como Matt, tenho 26 anos e acabei de chegar ao RJ.
Conheço Nanda desde que éramos pequenos, afinal de contas meu pai era o melhor amigo do pai dela. Digo era porque a mãe dela teve um caso com meu pai e então a amizade foi ralo abaixo.
Aos 16 fui emancipado, meu pai que de pai não tinha nada, deu minha herança antes do tempo para que eu o deixasse em paz. Fiz o que ele quis, me mudei para a Inglaterra, onde me formei em medicina, para fazer meu dinheiro render e depois comprei uns dois hotéis velhos e os fiz novos, hoje sou dono de uma das maiores cadeias de hotéis do país.
Tenho um grande amigo responsável por todos eles, ele é meu homem de confiança, sigo com minha carreira, pois amo o que faço e não trocaria por nada. Fernanda está mais bela do que nunca, se tornou um mulherão e isso não posso negar. Sempre fui apaixonado por ela, mas ela sempre mais madura disse que eu estava confundindo as coisas e éramos como irmãos. Só depois que crescemos e tive que ir embora soube que o que sentia não era uma paixão boba, eu a amei. E sinceramente acho que sempre irei amar. Como não poderia tê-la, tive todas as outras, muitas outras que nunca me fizeram esquecê-la, Fernanda sempre fez meus dias melhores.
Nem acredito que nos encontramos por acaso, ligarei para ela hoje.
Saio do hotel e vou para meu apartamento, preciso de um banho, com a imagem de Fernanda na cabeça, faço o que meu corpo necessita, busco meu alívio. Depois do banho, como algo e olho as horas, o tempo passou voando, já são 20:00, ainda está cedo, então resolvo ligar. O celular chama algumas vezes antes que atenda.
Ligação
— Alô, Matt? — atende surpresa.
— Sou eu, pode falar agora?
— Espere só um minutinho. — ouço barulhos estranhos. — Pronto, pode falar.
— Já jantou? — pergunto ao perceber que estou com fome.
— Ainda não, ia fazer isso agorinha mesmo.
— Que tal comermos algo?
— Pode ser, mas onde? — percebo a insegurança em sua voz.
— Se não puder, está tudo bem Nanda, marcamos para outro dia.
— É claro que posso, onde nos encontramos?
— Vou buscar você, me passe o endereço... — anoto e percebo que é aqui perto, o destino está a nosso favor.
Em menos de 10 minutos, chego em sua casa.
Envio uma mensagem e aguardo. Em um minuto ela já está saindo do prédio, e é a primeira vez que uma mulher não me faz ficar esperando.
— Você está linda. — dou dois beijos em suas bochechas.
— Até parece, para onde estamos indo?
— Pensei que poderíamos ir a um restaurante que vi em uma revista, ele parecia bem legal... — ela me interrompe.
— Está maluco Matt? Quer ser visto em um restaurante chique comigo? E, além disso, nem estou arrumada! Vamos a algum lugar aqui perto mesmo.
— Se quiser podemos ficar e comer algo na sua casa...
— Claro, podemos pedir uma pizza e...
— Isso foi uma piada Nanda, te convidei para sair, e não vejo problema nenhum em ser visto em qualquer lugar com você, ou está pensando que virei um b****a?
— Sei lá, tudo que fiquei sabendo é que você agora é um mulherengo do tipo que só pega cópias da Barbie, as pessoas não sabem da nossa amizade, posso acabar queimando seu filme. — diz como se isso fosse uma coisa normal.
— Você está brincando, não é? — pergunto sério. — Trocaria todas elas por uma mulher como você Nanda, você é melhor que elas, nunca duvide disso.
— Não precisa ficar me dizendo essas coisas Matt, sei meu valor e não preciso que homem nenhum me diga. — diz áspera.
— Não precisa ser ignorante comigo sua malcriada! — ligo o carro. — Vamos logo comer, antes que eu morra de fome.
Seguimos para um restaurante ali perto mesmo, esqueci que no mesmo momento em que Nanda é um doce coelhinho se torna um leão feroz.
Ela tem um gênio do cão.
Fernanda vai pôr todo o percurso em silêncio, me sinto um i****a por falar sobre ela como mulher, ela nunca vai me ver como o homem que sou.
[...]
— Vai ficar com essa tromba a noite inteira? — pergunto após pedirmos os pratos.
— Está me chamando de elefante para ter uma tromba?
Não aguento e caio na gargalhada, essa Fernanda, só Jesus na causa.
— Pare de rir de mim seu i****a! — esperneia.
— Esqueci o quanto você é chata Fernanda, esse seu complexo... — tento dizer entre gargalhadas e soluços.
— Dá para parar de rir! E não é complexo, só sou realista querido.
— Vamos comer logo. — tento parar de rir enquanto o garçom serve os pratos.
Comemos em silêncio por algum tempo.
— Odeio você! — sorri.
— Não tente disfarçar seu amor querida, mas conte o que tem feito Nandinha. — chamo pelo apelido que ela detesta.
Passamos horas conversando, ela me conta de tudo um pouco, eu por minha vez tenho que manter alguns segredos. A deixo em casa e volto para a minha apenas para trocar de roupa, procurar alguma balada e de quebra alguma mulher para preencher esse vazio que não me abandona nunca.