3° Capítulo

1298 Words
Quando Matt me deixa em casa depois da nossa noitada, acho esquisito quando entro e o porteiro não está, acho muito mais estranho quando vejo a porta do prédio entreaberta. Meu primeiro pensamento é. Será que o prédio está sendo assaltado? Começo a andar para trás quando ouço uma voz desconhecida. — Cuidado! — olho e vejo uma mulher que nunca vi por aqui. — Opa, desculpe. — saio do caminho, ela está carregando uma enorme caixa. — Tudo bem, será que poderia me ajudar? Se não for pedir demais. — coloco minha bolsa em cima da caixa e agarro um dos lados. — Prazer, sou Meridith Perez. — ela pisca e sorri para mim toda simpática. — Fernanda Mendonça Keff, nunca vi você por aqui. — aparentemente é uma nova inquilina. — Estou me mudando hoje. — chegamos ao elevador e deixamos a caixa no chão. — Cheguei na semana passada de Nova Iorque e estava vivendo na casa dos meus avós no interior do Rio, só hoje consegui vir para cá. — Então seja bem-vinda. — Obrigado. — estranhei ela vir de Nova Iorque e nem sotaque ter, mas achei rude perguntar sobre o assunto na primeira vez que nos encontramos. — Qual é o seu andar? — Décimo, número 402. — Sério? O meu é o 401. Se precisar de algo é só atravessar o corredor. — Pode contar que vou. Sou extremamente viciada em qualquer coisa que contenha açúcar, tudo que faz m*l e acho que o meu corpo necessita disso. — ela solta uma gargalhada e eu acompanho. Dá para sentir, a liberdade dela com seu corpo, o quão ela é feliz assim. Apesar de que me sinto bem comigo mesma, nunca tive essa liberdade. Chegamos ao nosso andar e voltamos a pegar a caixa. — Esse é o nosso andar Meridith. — Fernanda, pode me chamar de Meri! — ela carrega a caixa sozinha pelo corredor. Seguimos até nossos apartamentos, ela arrasta a caixa que está com metade no apartamento e metade fora. — Tudo bem, você pode me chamar de Nanda. Vou indo, tenha uma ótima noite. — ela volta a sorrir, acena ao entrar e fechar a porta. Meridith é uma moça muito bonita, n***a, estatura média, ela também é gordinha, mas aquela gordinha gostosa. Uma do tipo que se eu fosse lésbica pegaria. Entro e como sempre nem sinal do meu pai, desde que minha mãe foi embora ele se isolou do mundo. Está sempre em alguma viagem de negócios ou algo parecido. Vivíamos em uma linda casa, grande e perfeita para uma família feliz, ela fica em uma região mais rural, em uma bela fazenda. Quando minha mãe nos abandonou, já não fazia sentido ficar naquela casa enorme e repleta de boas lembranças, meu pai decidiu deixá-la vazia e comprar um apartamento na cidade grande. Fui contra, mas o que poderia fazer? Deixamos a casa com algumas pessoas responsáveis por mantê-la em pé e nos mudamos. Nosso apartamento é enorme, todos os quartos da casa têm suíte, fico muito feliz em ter minha privacidade, sem contar em um closet gigante, lotado de roupas de quando meu manequim era uns 8 números a menos, tenho tudo só para mim. Eu mesma decorei com algumas dicas encontrado na internet e em revistas. Sinceramente tenho tudo que o dinheiro pode comprar, mas trocaria por um pai presente. Após realizar minha rotina noturna, organizo meu estudo de amanhã. Assim que acabo, vou para de baixo das cobertas adormecendo em questão de segundos. […] — Vai morar aqui sozinha? — estou na casa da Meri, ela tocou a campainha e perguntou se eu poderia ajudar na arrumação. Não me fiz de rogada e aceitei. Agora estamos aqui jogadas no meio de uma grande bagunça, almoçando pizza e Coca-Cola para ela, enquanto tomo um suco, não bebo refrigerantes. — Infelizmente sim, vim a trabalho, sou design de interiores e recentemente reformaram nosso quadro de empregos, graças a isso vim parar nessa cidade maravilhosa! — ela abre os braços que nem o cristo redentor, me fazendo rir até sair suco do meu nariz. — Não acredito! Você veio da capital da moda, a cidade é perfeita! — digo enquanto enxugo a bagunça de suco. — E por falar nisso, você fala muito bem português, nem parece que veio do exterior. — Tenho uma ótima explicação, como disse meus avós vivem aqui no Brasil e minha mãe, apesar de não ser brasileira, foi criada aqui, ela é apaixonada pela língua portuguesa então sempre me incentivou a apreender, eu vinha muito aqui quando estava de férias então apreendi sem muita dificuldade. — Estava pensando em te mostrar a cidade, mas parece que você já conhece. — Acha mesmo que recusarei um passeio por essa cidade? Nem pensar! Você vai me mostrar tudo. Passamos o resto do dia arrumando as coisas dela, colando fotografias enormes e coisas do gênero. Meri é super alegre, bem-disposta e completamente louca, mas se sente muito bem com ela mesmo e isso me deixou bastante impressionada e chateada ao notar que tenho preconceito comigo mesma. Ela me contou que deixou o noivo, os amigos de infância e quase toda a sua família para seguir seu sonho de ser Diretora de Design e ainda assim tem um sorriso lindo na cara. Definitivamente é de uma amiga dessas que estou precisando. Estou colando mais umas fotografias e perdida em meus pensamentos quando ouço o meu celular tocando. Acho estranho, pois é sábado e normalmente meu celular nunca toca aos finais de semana. Ligação — Alô. — atendo. — Fernanda, sou eu. — Pai. — tiro o celular da orelha e olho para confirmar que ele realmente ligou de um número que não conheço. — Não poderei voltar para casa está semana, só daqui a alguns dias, quem sabe no final do mês. Espero que fique bem. Isso é rotina, é raro vê-lo mais de uma vez por mês. Semana que vem será minha primeira prova final, gostaria que ele tivesse aqui para me apoiar. Engulo as lágrimas e disfarço o choro para responder. — Claro pai, por favor, se cuide. Ouço música e uma mulher chamá-lo, ele se despede apressado e desliga. Ele é outro homem desde que minha mãe fugiu com o seu melhor amigo, qualquer um que o conheceu antes do ocorrido pode confirmar o que digo. Deve ser devastador passar por isso, uma dor imensurável, e a maneira que ele achou para lidar com isso foi enfiando a cara no trabalho e claro tendo várias mulheres, mulheres ricas e casadas ligam para nossa casa atrás dele, muitas apareceram na nossa porta, houve as que fizeram escândalos na rua e o d***o a quatro para chamar a atenção dele, mas acho que depois da traição papai não irá se prender a mais ninguém. — Nanda, o que aconteceu? — pergunta deixando de lado uma moldura enorme com uma foto de quase toda sua família, o que me faz chorar mais — Chore minha linda, que a noite não fazes xixi na cama. — O quê? — pergunto confusa. — Não é nada demais, minha mãe dizia isso antes de nós irmos dormir. Sempre pensei que ela era um tanto macumbeira, mas se eu disser isso claramente posso acabar sem os dentes, terei que investigar… — diz pensativa. Observo o conflito interno dela e começo a rir, a gargalhar, como uma foca com asma e Meri me acompanha, gargalhando com a sua risada de porco. — Que tal tomarmos um sorvete? — pergunta ainda rindo, mas tenta se acalmar. — Claro! — quem em sã consciência recusa sorvete. Passamos o resto da tarde juntas, o que é hilário, parecíamos duas hienas e o mais estranho de tudo, era que parecíamos nos conhecer há anos!
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