Igor ?
Fiquei com muita raiva daquele garoto que ficou cercando a minha garota. Não gostei da atitude dele e logo senti vontade de socar a cara dele. Eu vi o medo nos olhos do meu anjo. O que me irritou ainda mais foi constatar que não era só ele a cercando, ainda tinha mas dois idiotas.
Pela primeira vez na vida eu estava sentindo ciúmes de alguém. É normal isso?
Depois de me despedir delas e advertir o meu anjo para ter mais cuidado, eu fui até onde estava Túlio e seus amigos.
- Você vai embora agora ou quer ir a uma lanchonete com a gente? - perguntou Túlio assim que me aproximei dele.
- Eu vou para casa, cara - respondi cansado.
- Tudo bem então, a gente se vê amanhã no hospital - disse.
- Tchau pessoal, foi um prazer conhecer vocês - disse para eles.
- Tchau, foi um prazer conhecer você também - disseram todos juntos. Por fim, saí de lá o mais rápido possível.
Assim que cheguei em casa, fui direto tomar um banho e depois para a cama. Amanhã tenho trabalho e quero estar bem descansado.
Na manhã seguinte...
- Bom dia, senhorita Silva - cumprimentei a recepcionista assim que entrei no hospital.
- Bom dia, doutor Fernandes - respondeu.
Fui direto para minha sala, mas antes troquei de roupa.
Estou tão ansioso. Será que ela vem hoje? Quero vê-la de novo e, quem sabe, até conseguir o número do celular dela.
Enquanto eu estava passando pelo corredor do hospital perto da recepção, vi ela entrar junto com a senhora Beth e mais uma jovem que, se não me engano, é a irmã dela. Como era o nome dela mesmo? Lia ou Bia.
Me encaminhei até onde elas estavam.
- Bom dia, senhorita Vitória, Beth e Bia - cumprimentei, torcendo para ter acertado o nome da minha futura cunhada.
- Bom dia, doutor - respondeu Beth.
- Olha, vejo que se lembrou do meu nome - disse Bia.
- Com toda a certeza - disse sorrindo de lado.
Então olhei para meu anjo, esperando seu cumprimento de volta.
- Bom dia, doutor - disse baixinho. Não sei como consegui escutar, talvez esteja com vergonha pela forma como estou olhando.
- Podem me acompanhar, senhoritas - disse.
- Espera, doutor, ainda não fomos até a recepção entregar os documentos da Vick para ela poder ser atendida. Temos que guardar nossa vez de ser atendida - disse Bia.
Menina esperta, gostei dela.
- Claro, me dê o seu documento, Vitória - disse, estendendo a mão para que ela colocasse o que eu estava pedindo.
Saí de lá assim que o documento estava em minha mão. Fui até a recepção e, depois de resolver isso, voltei para elas. Ainda bem que hoje tem pouca gente.
- Me acompanhem, senhoritas - disse.
- Claro, doutor - responderam as duas juntas.
E assim fomos até a enfermaria para eu poder tirar os pontos da mão da Vitória.
- Então mocinha, posso ver sua mão? - perguntei.
- Pode - respondeu.
Então peguei sua mão e, mais uma vez, o choque ocorreu quando eu a toquei.
- Vou tirar a atadura da sua mão - disse.
Assim fiz, mas quando fui tirar o primeiro ponto, ela me interrompeu.
- Espera - disse.
Então olhei para ela.
- Quero perguntar algo - disse, nervosa.
- Pode falar - respondi.
- Estou com vergonha de perguntar - disse, olhando para baixo.
Eu sei que o que vou fazer agora não é nada profissional, mas soltei sua mão e a coloquei sobre a cadeira ao lado. Olhei para sua irmã e para a dona Beth.
- Será que vocês poderiam nos dar uns minutos a sós? - perguntei para elas.
- Claro - responderam as duas juntas.
- E rápido, não vou demorar - disse.
- Tudo bem, doutor, vamos esperar aqui fora - disse dona Beth.
Fechei a porta assim que elas saíram.
- Então, anjo, o que você quer perguntar, que te deixou com vergonha? - disse me aproximando dela.
- É que... eu estou com medo - disse ainda olhando para baixo.
Me aproximei dela e levantei seu rosto com minha mão. Ela é tão linda, seu olhar transmite uma calma que eu não sei explicar.
Caraca, Igor, você tem que ser profissional.
- Você está com medo de quê? - perguntei olhando em seus olhos.
- Estou com medo de sentir dor - disse.
Fiquei sem entender.
- Dor de quê? - perguntei.
- Aqui, ó - disse, me mostrando sua mão. Só então percebi do que ela estava falando.
- Você que sabe se vai doer quando eu tirar os pontos - disse.
Ela assentiu com a cabeça.
- Eu prometo que não vai doer, anjo - disse.
- Você só vai sentir um leve desconforto e nada mais - acrescentei.
- Tem certeza? - perguntou.
- Tenho, anjo - disse, fazendo um carinho em seu rosto. Mas só agora percebo que estou em meu local de trabalho e sou um profissional. Tenho que ter respeito com meus pacientes e não ter esse tipo de i********e. Então tirei rapidamente minha mão de seu rosto. Não aqui, mas lá fora você não me escapa.
- Posso tirar os pontos agora? - perguntei de forma profissional.
- Pode sim - respondeu.
Então fiz meu trabalho, mas acabei conversando com ela para tentar distraí-la.
- Pronto, moça - disse assim que terminei.
- Obrigada, doutor, nem senti nada - disse sorrindo para mim.
- De nada, meu anjo. Agora vem, vou te levar até sua irmã e a Beth - disse sorrindo para ela.
- Aqui está o anjo de vocês - disse assim que me aproximei delas.
- Obrigada, doutor, por cuidar dela - disse Bia.
- É o meu trabalho - respondi.
- Tchau, o trabalho me chama - disse.
- Tchau, doutor - disse Vitória.
Fiquei parado no corredor vendo-as irem embora.
Princesa, me aguarde. Eu vou te encontrar novamente e você será minha.
Continua... ✨