Vitória ?
Eu estava olhando para o Igor quando senti alguém se aproximar de mim; era o Pedro, perto demais para o meu gosto. Fiquei sem ação com a sua atitude.
Mas o que esse garoto está fazendo?
pergunto para mim mesma, quando o Pedro passou seu braço por cima do meu ombro.
- O que você está fazendo? - pergunto para ele.
- Nada, gata. Só estou te protegendo dos gaviões que estão te olhando - ele responde.
Fico sem entender.
Olho para frente e vejo o Igor nos olhando com um olhar diferente, que não consigo decifrar.
Mas tudo muda quando ele e seus amigos vêm em nossa direção.
- Vamos, é a nossa vez - diz o Pedro.
- Vez de quê? - pergunto, sem entender.
- Nossa vez de entrar na sala para ver o filme - ele explica.
- Ah - é tudo o que digo quando o Igor está quase nos alcançando; sou puxada por uma mão para dentro da sala.
Quando foi que eles compraram o ingresso que eu não vi? Será que estava tão distraída assim?
- Vamos, vamos sentar ali - diz o Pedro.
- Eu não, vou me sentar perto da minha irmã - digo, soltando sua mão.
- Larga de ser folgado, Pedro. Você está como um carrapato no pé da menina - diz o tal do Victor, falando pela primeira vez, bem atrás de nós.
- Tudo bem, pode ir sentar junto com a sua irmã - concordo, por fim.
- Obrigado, Pedro - digo, dando um beijo em seu rosto.
- De nada, meu anjo - responde, mas agora já com um sorriso no rosto.
Então me sento perto da Bia e do João, que estava do outro lado dela.
- Por que demorou tanto? - pergunta ela.
- Eu estava com o Pedro - explico.
Então ela me olha, mas não diz nada.
Horas depois, o filme acaba.
- Graças a Deus isso terminou - digo para o Pedro, que está perto de mim assim que saímos da sala.
- Pelo jeito você não gostou - comenta ele.
- Eu não gosto muito de filmes de ação - digo.
- É bom saber - responde.
E eu fico sem entender.
- Por que?
- Porque da próxima vez que formos ao cinema, eu deixo você escolher o filme - diz.
- Isso é legal - concordo.
- Ei pessoal, o que vocês vão fazer agora? Ir para casa ou ir até uma lanchonete? - pergunta o João.
- Ir a uma lanchonete, claro - respondem todos, menos eu.
- Eu quero ir ao banheiro - digo para a minha irmã.
- Você sabe onde é, ou quer que eu vá com você? - pergunta ela.
- Eu vou sozinha e também sei onde é - digo para ela.
- Só tome cuidado, tá? - diz ela.
- Tá, eu vou tomar cuidado - digo.
Saio em direção ao corredor depois de perguntar para alguém onde ficava o banheiro.
Abro a porta e vejo que realmente é o banheiro, ainda bem.
Faço tudo o que preciso e, por fim, saio de lá para voltar para onde está a Bia e os amigos dela.
Assim que estou na metade do caminho, alguém pega no meu braço.
- Ahh! - acabo gritando de susto.
- Sou só eu - viro e vejo que é o Victor.
- Oi, você me assustou - digo para ele.
- Essa não foi a minha intenção - ele responde, olhando intensamente para mim.
- Você também veio usar o banheiro? - pergunto para ele.
- Não, só vim te ver - ele diz.
- Me ver? - pergunto, sem entender.
- Para ver se está tudo bem com você - ele diz, aproximando-se ainda mais.
Então ele pega um pouco do meu cabelo e leva até o nariz, cheirando-o.
- O que você está fazendo? - pergunto, tirando meu cabelo de sua mão.
- Eu não estou fazendo nada - ele diz, aproximando-se ainda mais.
- Será que dá pra você se afastar de mim? - falo, já estranhando sua atitude.
- E se eu não quiser me afastar, o que vai fazer?
Quando eu ia responder, escutamos uma voz que faz meu coração acelerar.
- Algum problema aqui, anjo? - pergunta o Igor, e isso foi uma desculpa para mim me afastar do Victor.
- Oi, Igor - me aproximo dele e fico atrás dele.
- Tudo bem, anjo? - pergunta ele com um olhar preocupado.
- Tudo bem - digo um pouco tímida.
- Quem é aquele cara?
- É um amigo da minha irmã.
- Ele estava te incomodando? - pergunta ele.
- Estava, mas que bom que você chegou. Eu já estava ficando com medo dele - digo, olhando para ele.
- Tome mais cuidado, anjo - diz, levantando uma das suas mãos e acariciando minha bochecha.
Sua ação me deixa envergonhada.
- Amanhã é dia de você voltar ao hospital para tirar o ponto - diz.
- A Beth me lembrou disso hoje de manhã - digo.
- Você é muito bonita, sabia? - ele diz.
- Obrigado.
- Você disse que veio com a sua irmã, cadê ela?
- Ela está me esperando na frente do cinema.
- Vem, anjo, vou te levar até ela - diz, pegando minha mão.
- Obrigado - digo.
Começamos a caminhar até a saída do cinema e logo avistamos os amigos da minha irmã junto com ela.
- Entregue, princesa - diz assim que paramos perto deles.
- Você demorou, Vick - diz, se aproximando de nós.
- Desculpa.
- Quem é ele? - pergunta, olhando para o Igor.
- Esse é o Igor - digo.
- Prazer, Igor, sou a Bia, a irmã - diz.
- Prazer, Bia - responde, apertando a mão dela.
- Tchau, meninas.
- Você já vai? - pergunto, triste.
- Já. Meus amigos estão me esperando ali - aponta para um grupo de pessoas que está do outro lado.
- Tchau, Igor. Foi um prazer te conhecer - diz Bia.
- O prazer foi meu - responde de volta.
Me aproximo mais dele e o abraço.
- Tchau, Igor.
- Tchau, anjo. Tome cuidado.
- Eu vou tomar, obrigado - digo e nos soltamos do abraço.
Vejo-o caminhar até onde estão seus amigos.
- Nossa, que gato - diz minha irmã.
- Vamos, eu quero ir para casa - digo, cansada.
- Tudo bem, vamos. Mas você vai me contar quem é o deus grego que estava com você - diz.
E assim foi a minha noite.
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Continua....