d****o

1785 Words
Lágrimas de d****o e frustração vieram aos olhos de Robin. A pergunta voltava a incomodá-la: por quê? Adam a quisera, isso era evidente. Tocara-a quase com desespero e então... então simplesmente fora embora como se tivesse tomado um banho de água fria. Por quê? Lentamente, caminhou até o quarto. Sentia-se rejeitada. Apagou as luzes e deitou na cama sem tirar as roupas, olhando para o teto escuro. Lágrimas corriam por seu rosto e ela nem tinha energia para enxugá-las. Por fim, o sono chegou, trazendo algumas horas confortantes de esquecimento. De manhã, a situação já não parecia tão r**m. O sol entrava pela janela anunciando mais um dia claro e Robin tomou banho assobiando. Estava decidida. A vida iria ser muito mais simples daí por diante. Deixaria de vez essa história da falsificação; não queria mais nem pensar no assunto. Sairia da comissão e eles que arrumassem outra pessoa para substituí-la. E, acima de tudo, iria esquecer Adam Farwalker, apagá-lo da mente e começar tudo de novo. Sem dúvida devia haver muitos homens interessantes em Santa Fé que apreciariam uma mulher divertida e carinhosa. Ainda assobiava quando estacionou diante da loja. Tinha um cliente depois do almoço e Ericka chegaria ao meio-dia para ficar no Robin's Nest, já que a fotografia seria um trabalho externo. Continuava cantando enquanto abria a porta e vistoriava o estoque. Sentia-se muito melhor naquela manhã. O segredo era afastar os problemas, levantar a cabeça e ir em frente. O cliente que Robin marcara para mais tarde era de Nova York e possuía uma casa em Santa Fé. Chamava-se Gary Kahn, um homem pequeno e pálido, de óculos grossos, proprietário de uma confecção. Ele sempre desejara ser cowboy. Robin já providenciara a roupa: calça de couro, camisa xadrez, botas, corda, chapéu. Gary queria ser fotografado sobre um cavalo, com um laço na mão e um rifle na sela. Só faltava arrumar a locação e o cavalo, mas era fácil alugar um animal em um dos inúmeros estábulos perto de Santa Fé. De repente, ela teve uma ideia melhor. Convencida de que isso daria mais autenticidade à foto, pegou o telefone e discou para a fazenda dos Farwalker. Robin, que surpresa! exclamou Christina. Algum problema? Não, está tudo bem. Robin explicou sobre o retrato de Gary Kahn. Então eu imaginei se poderia usar um de seus cavalos. Vou pagar, é claro. Ah, que divertido! Eu posso assistir? Ray vai adorar. Querida, um dia vou lhe pedir para fazer um retrato da família. Pode vir à v*****e, e não precisa pagar nada pelo cavalo. Será um prazer. Marcaram à uma hora da tarde e Robin desligou com uma ridícula satisfação, como se tivesse conseguido uma vingança contra Adam. Pelo menos a mãe gostava dela! Gary Kahn chegou cedo, evidentemente entusiasmado. Colocou a roupa de cowboy e olhou-se no espelho, admirado. Parecia outro homem, mais alto, mais enérgico, mais forte. Fantástico! exclamou. Onde está o cavalo? O cavalo está em uma fazenda de amigos meus. Vamos indo? Gary dava mostras de estar adorando o passeio. Cumprimentou Ray Farwalker com efusão, comentou sobre a beleza de Santa Fé e interessou-se pelo churrasco beneficente anual de Christina. Bem, no próximo ano incluirei o senhor e sua esposa em minha lista, sr. Kahn assegurou Christina. Deixe seu endereço antes de ir e esteja preparado para fazer lances altos no leilão! Ah, sem dúvida, sra. Farwalker. É para uma causa justa. Robin passou cerca de uma hora fotografando Gary sobre o cavalo. Ray e Christina assistiam e alguns dos empregados orientaram Gary quanto à maneira de segurar o laço. Todos se divertiram e as fotos pareciam ter saído ótimas. Robin prometeu as provas para dali a dois dias e o levou de volta à loja. Quando chegaram, Ericka a esperava com um recado: Robin, uma mulher esteve aqui a sua procura. A sra. Hartmann outra vez? Não, uma índia. Muito simpática. Eu disse que você estaria aqui no meio da tarde. Ela não falou o que queria. Mas como foi a sessão de fotos? Excelente. Até eu estou louca para ver as provas. Gary saiu do estúdio, pequeno, pálido e com os óculos grossos. Voltarei depois de amanhã. Obrigado, srta. Hayle. Ele apertou a mão de Robin, sorriu e foi embora. Robin baixou os olhos e ficou boquiaberta. Ele lhe deixara uma nota de cem dólares na mão. Uau! Ericka exclamou. Vamos dividir. E não discuta! Ericka foi embora às quatro horas. Robin sentou-se atrás do balcão com seu exemplar de Santa Fe Style, um livro com belas fotografias de sua cidade adotada. De repente, a porta se abriu e alguém entrou na loja. Ela levantou os olhos com um sorriso solícito, mas logo percebeu não se tratar de um cliente comum. A mulher parara junto à porta, como se estivesse relutante. Era uma senhora pueblo, vestida da forma tradicional dos índios de sua tribo, com um xale colorido, colares e pulseiras. Com licença a mulher disse, com uma voz tímida e o rosto preocupado. Estaria perdida? Pois não. É a srta. Robin Hayle? Sim. A senhora não me conhece, mas eu sei quem a senhora é. Robin largou o livro e levantou-se. Ah, foi a senhora que veio me procurar no início da tarde? Eu estava em um trabalho externo. A senhora queria encomendar uma fotografia? Não, não vim aqui por isso. Só quero conversar com a senhora. Ela era uma mulher suave e tímida, mas cheia de dignidade, como de hábito em sua raça. As mãos pequenas e quadradas indicavam uma vida de trabalho. Pois não. Posso saber o seu nome? Meu nome não importa agora, mas o que eu tenho a dizer talvez lhe interesse. Então venha até meu estúdio, por favor. Quer um café? Ou chá? A mulher a seguiu até o pequeno aposento nos fundos. Robin lhe indicou uma cadeira e colocou água para ferver em uma chaleira. Bem, estou curiosa. A senhora esteve em San Lucas procurando um homem. Ah! A senhora mora lá. Não, não. Desculpe, não estou entendendo. Ela entregou a xícara de chá para a mulher e sentou-se. Vou começar do princípio. Eu também sou ceramista e conheço o homem que a senhora estava procurando ela disse, com uma voz baixa e apreensiva. Conheço-o há muitos anos. É um bom ceramista. Ele está com muito medo agora porque a senhora e um homem andaram perguntando sobre seu pote, aquele que a senhora usou em uma fotografia, e estão dizendo que o trabalho dele é uma cópia de uma peça muito famosa. Mas esse meu amigo é inocente. Ele não sabia que o pote ia ser vendido. Só lhe pediram para fazer uma reprodução. Eu juro. Ele não sabia que estava agindo contra a lei. Eu acredito na senhora Robin respondeu. Ele é inocente, mas tem medo de não acreditarem se for à polícia. Sim, eu compreendo. Mas talvez ele concordasse em falar comigo. Não sei. Como é o nome dele? Como eu poderia entrar em contato? A mulher baixou os olhos para as mãos calejadas e sua voz era tão fraca que Robin teve de se esforçar para ouvir. É John Martinez. Ele lembra da senhora, mas não quer nenhum problema. A senhora lhe diria que eu não vou fazer m*l algum? Só quero saber quem encomendou aquele pote. Também quero deter esses homens. Eu disse a John... Essas pessoas nos exploram. Não é justo. Mas temos medo de ir à polícia. Nem sempre nos tratam bem. Eu sei. Mas se a senhora puder dizer a John Martinez que eu não vou contar a ninguém. Talvez eu possa ajudar. Por favor. Não sei. Vou falar com ele. É melhor a senhora esperar. Se tentar procurá-lo por conta própria, ele vai desaparecer. Está bem. Como ele quiser. Não vai contar a ninguém mesmo? Não. Prometo. Pode confiar em mim. A mulher levantou-se, ansiosa para ir embora. John não sabe que eu vim aqui. Diga a ele para não se preocupar. Eu só quero ajudar vocês. E obrigada por ter vindo. Vou esperar que a senhora me procure outra vez. Mas a mulher nem virou para trás. Foi direto até a porta, saiu e desapareceu. Robin apoiou-se no balcão, entusiasmada. Resolvera o caso, ou pelo menos parte dele. John Martinez. Lembrava-se bem do artesão. Um homem de meia-idade, magro, não muito alto, com mãos grandes e fortes. Falava com bastante sotaque e parecia orgulhoso de seu trabalho. Tinha de ser inocente. Caso contrário, por que a teria deixado fotografar o pote? Por outro lado, aquela mulher doce e meiga que acabara de sair não poderia ser alguém tentando acobertá-lo? Isso explicaria seu medo de ir à polícia. A porta abriu e chamou a atenção de Robin. Era Shelly. Oi, como está o movimento, Shel? Ela teve v*****e de contar a história à amiga, mas algo a deteve. Precisava pensar melhor antes. Além disso, prometera à mulher não dizer nada. Fraco. Chuck está lendo revistas e eu estou entediada. Vá para casa fazer trabalhos domésticos. Você está louca! Sabe, Robin, Chuck gostou muito da apresentação de seu amigo ontem à noite. Ele verificou todas as cerâmicas que temos em estoque. Ela caminhou pela loja, examinando as fotografias. Chuck disse que você e Adam saíram juntos para jantar. Shelly, você está sondando! Estou mesmo. Não aconteceu nada. Robin desviou o olhar. Eu lhe disse que ele não estava interessado em mim. Agora, quer parar com essa história? Está bem, desculpe. Shelly a fitou por um instante, depois aproximou-se e colocou a mão em seu braço. Ele a magoou? Shel, eu m*l o conheço! Ele não me pareceu um mau-caráter. Acho que o problema sou eu. Tenho uma tendência a forçar situações Robin disse, tentando mostrar-se despreocupada e indiferente. Os homens correm de medo de minhas atenções. São uns covardes. Não sabem dar valor a uma boa mulher. Shelly foi embora momentos depois e deixou Robin em um estado de espírito estranho. Por um lado, a lembrança de Adam trouxera de volta toda a ansiedade. Por outro, sua mente ainda trabalhava na questão de John Martinez. Às cinco horas, depois de fechar a loja, Robin entrou em seu carro pensando nas opções. Poderia falar com Rod Cordova, mas ele a julgaria maluca, já que John Martinez iria desaparecer e não haveria provas para sua história. Além disso, prometera à mulher. E se contasse o caso à comissão? Mesmo assim, não resolveria muito. Não tinham como encontrar Martinez e obrigá-lo a falar. Mas precisava fazer alguma coisa. O quê? A ideia já havia surgido, mas apenas no momento em que estacionava diante de casa Robin admitiu que era o que realmente desejava. Jogaria o problema para a pessoa que se mostrara mais interessada: Adam Farwalker.
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