na hora errada?

3572 Words
Robin sentou-se nos fundos da loja, admirando a fotografia que havia tirado de Adam sem que ele percebesse. Pegara seu rosto em um ângulo que permitia discernir bem os traços firmes. Não era uma foto digna de prêmio, mas conseguia captar a atmosfera de mistério que o envolvia. Um índio. Ela e Adam pertenciam à mesma espécie humana, mas havia grandes diferenças entre ambos. Poderia ficar ali, examinando o retrato, a noite inteira. Porém, eram quase seis horas da tarde e logo começaria a reunião da comissão especial. Adam viria para a reunião. Robin sentia um frio no estômago só de pensar que, em poucos minutos, iria vê-lo outra vez. Havia telefonado para Chaco Canyon no domingo à noite em estado de pânico, e quando Adam entrara em contato com ela, na segunda-feira, sentira-se aliviada ao perceber que ele queria ajudar. Adam parecera realmente preocupado com ela e furioso por causa do pote quebrado. Mas, agora, começava a julgar-se tola. Era uma longa viagem de Chaco Canyon a Santa Fé. Sem dúvida, seria uma terrível inconveniência para Adam. Até mesmo Rod Cordova lhe assegurara que não havia motivo para preocupação. Bastava ela manter portas e janelas fechadas e deixar o caso das falsificações com a polícia. Poderia ter ligado outra vez para Adam e dito que ele não precisaria vir. Deveria ter feito isso. Mas queria vê-lo de novo. Robin foi até o banheiro, penteou os cabelos e ajeitou a saia preta de brim e a camisa de listras rosa e cinza. Não que Adam fosse notar, mas ela queria estar bonita. Um pouco de perfume, rímel, batom. A luz forte sobre o espelho não a ajudava muito. Via círculos escuros sob os olhos e sulcos bem marcados em torno da boca. Estava envelhecendo. Nunca tivera um marido, nem mesmo uma noite. Por quê? Todos adoravam Robin Hayle. Ela era alegre e divertida. Nenhuma festa era completa a menos que comparecesse com sua câmera e suas histórias malucas. Mas os homens sentiam-lhe a terrível insegurança e fugiam assustados. Quem queria uma mulher desesperada? Adam também vira através de sua fachada de descontração. Talvez nem aparecesse naquela noite. Robin apagou a luz e respirou fundo. Com trinta e dois anos, ainda era jovem, e tinha muito tempo para constituir uma família. E disse a si mesma que Adam estaria lá. Talvez até já tivesse chegado e estranhasse a ausência dela. Exatamente às seis horas, todos os membros da comissão haviam se reunido na biblioteca do Palácio Real. Julien anunciou que estavam esperando por Adam Farwalker, que daria uma explicação sobre cerâmicas pré-históricas e sobre como detectar uma falsificação. Robin não parava de olhar para o relógio. Seis e quinze, seis e vinte, seis e vinte e dois. Às seis e vinte e três, cruzou as pernas e puxou a saia curta. Suas mãos estavam úmidas. Às seis e meia, a porta da biblioteca se abriu e Robin virou-se depressa, com um sorriso nos lábios. Mas era apenas o faxineiro, com um balde e um esfregão. Ela voltou a atenção para a conversa e suspirou. Eram seis e quarenta e três quando a porta abriu de novo. Dessa vez, Robin continuou olhando para a frente. Não tinha por que revelar seu desapontamento. Mas a cadeira vazia que reservara a seu lado foi, de repente, puxada para trás, e Adam sentou-se. Desculpe pelo atraso ele murmurou. Tive alguns problemas. Não faz m*l. Ainda estamos retomando os acontecimentos. Isto deve ser maçante para você. Eu não devia tê-lo envolvido. Bobagem. Quero ajudar no que for possível. Thad Mencimer cutucou Robin. Quem é esse aí? perguntou, em voz alta. Adam adiantou-se para responder. Meu nome é Adam Farwalker. Eu acho Julien dizia que devemos nos concentrar em sugestões para impedir que essas peças falsificadas cheguem ao mercado. Alguma ideia? Então Adam tinha vindo, Robin pensou, feliz e aliviada. Fitou-o disfarçadamente. Ele estava ótimo. Seus traços fortes mantinham uma expressão impassível, como se entalhada em pedra, eterna e bela. Parecia tranquilo e confortável. No entanto, embora estivesse contente, sentia-se um pouco culpada por sua tática alarmista de trazê-lo a Santa Fé. Agora ele tinha de ficar ali sentado, ouvindo os problemas da comissão. E ele lhe havia recomendado para não se envolver na questão das falsificações. Adam não sorrira para ela nem demonstrara satisfação por encontrar-se lá. Devia estar fervendo por dentro. Para completar, Madeline Lassiter não tirara os olhos dele desde que o avistara. Sem dúvida, não era só a Robin que ele fascinava. Porém, ele nem parecia notar a atenção que despertava. A ansiedade dela cresceu. Talvez não devesse ter ligado para Chaco Canyon. Talvez fosse melhor não tê-lo mais visto. Tudo estava saindo errado. O g***o discutia e lançava sugestões. Havia algumas ideias boas, outras absurdas. Thad, sempre discordando de tudo, sugerira que a polícia datasse cientificamente todos os trabalhos de arte que se encontravam à venda nas lojas locais, e até Robin teve de rir. Apenas Adam permanecia em silêncio, inexpressivo, observando as pessoas. Estaria interessado ou entediado? Robin Julien chamou. Você tem alguma ideia? Consciente de que o olhar de Adam estava sobre ela, Robin cruzou as mãos sobre a mesa e pigarreou. Adoraria ter uma ideia realmente inteligente. Há algo que talvez possa funcionar como ponto de partida. Estive pensando em conseguir a cooperação dos próprios artesãos indígenas. Isto é, ir à raiz do problema. Ah, claro interrompeu Thad. Nós nem falamos a língua deles! Thad, por que você não me deixa terminar? Robin lançou-lhe um olhar irritado. Minha sugestão é que tentemos fazer com que a comunidade indígena se organize. Eles poderiam formar sua própria associação. Estou entendendo interveio Ben Chavez. Eles próprios se policiariam. Boa ideia comentou Madeline, movendo-se com graça estudada na cadeira. Sr. Farwalker, qual é a sua opinião? Ela sustentou-lhe o olhar por um tempo constrangedoramente longo. A ideia de Robin é sensata. Os artesãos indígenas nunca se organizaram antes. Pelo menos, como ela disse, pode ser um começo. Será que estas reuniões vão durar a noite toda? resmungou Thad, olhando para o relógio. Talvez possamos dar um intervalo para o jantar sugeriu Julien. Gostaria que Adam tivesse tempo suficiente para nos fazer sua apresentação. Que tal nos encontrarmos novamente às nove horas? Todos concordaram, exceto Thad, que protestou com tal rudeza que deixou os colegas sem ação. Adam levantou e virou-se para ele. Sr. Mencimer, acho que a maioria manda. Sem mais, tomou o braço de Robin e conduziu-a para a rua. Robin sentia-se culpada toda vez que o fitava. Aos últimos raios do sol poente, sob o portal do palácio, observou-lhe o rosto moreno, os olhos sérios, e soube que ele tinha vindo apenas porque encarava isso como uma obrigação. Ouça, estou me sentindo m*l por tê-lo envolvido nesta história. E agora você vai ter de ficar em Santa Fé sabe lá até que hora. Robin, eu viria mesmo que fosse só para ver o pote quebrado e ter certeza de que você estava bem. Será que não entende que fui eu quem provocou tudo isto? Eu é que deveria pedir desculpas. Bem, não vamos esticar a discussão. Nós dois nos desculpamos e pronto. Mesmo assim, você vai ter de me deixar preparar um jantar ou eu me sentirei h******l. Não estou com muita fome, Robin. Não precisa se preocupar. Mas eu estou faminta ela afirmou. Como sempre. Para sua surpresa, Adam a presenteou com um belo sorriso. Animada, Robin deu o braço para ele e tomou o rumo de sua casa. Claro que já havia planejado aquele jantar para Adam. Correra até o armazém na hora do almoço enquanto Ericka cuidava da loja e organizara tudo em casa, até a pequena mesa redonda com velas e toalha de linho, sua melhor porcelana e os talheres de prata que haviam sido de sua mãe. Ela abriu a porta e acendeu as luzes. Tudo estava em ordem. Quer um drinque? Jogou a bolsa sobre o sofá e virou-se para ele, com as mãos nos quadris. Tenho vodca, gim, vinho tinto e... Aceito um copo de vinho ele respondeu. Mas primeiro eu queria ver o pote quebrado. Ali no canto. Robin apontou para a mesinha de café e Adam abaixou-se par examinar os fragmentos. Você não devia ficar aqui sozinha ele insistiu, sério. Adam, você mesmo disse que isso é um aviso. Ninguém vai me machucar. E agora você entrou naquela comissão. Não devia ter aceitado. Não pude me recusar. Não sou do tipo que foge da raia. Mesmo assim... Mesmo assim, o que está feito, está feito. Vamos esquecer disso e jantar. Não estrague meu apetite. Acho que eu não conseguiria ele comentou, numa tímida tentativa de humor que não passou despercebida a Robin. Quando tinha tempo, ela adorava cozinhar. Enquanto Adam esperava no sofá, folheando um livro sobre índios, ela assobiava, cantarolava e colocava no forno duas tortilhas de milho com feijões e queijo, temperadas em molho picante. O alface e o tomate já estavam cortados para enfeitar o prato. Começou a fatiar um melão para sobremesa. Serviria com creme de leite, do jeito que mais gostava. O jantar estará pronto em dez minutos avisou, virando-se para ele. Adam a estivera observando e baixara os olhos depressa para o livro. O coração de Robin deu um pulo. Então ele não era totalmente indiferente! Ela começou a assobiar outra vez e abriu o forno para examinar a comida. O molho ainda não estava borbulhando. Acha que esse livro é confiável? ela indagou. Muito superficial. É o que os turistas querem acreditar. E como é a realidade? Dos índios? Bem, só posso falar pelos apaches. Os últimos cem anos têm sido uma luta. Luta? Sim, entre os velhos e novos costumes. Poucos jovens obtêm sucesso ao sair da reserva. Muitos vão para a faculdade e descobrem que não conseguem se adaptar. Mas você conseguiu, Adam. Não foi fácil. Mas minha família nunca viveu em uma reserva, embora ainda tenhamos nossa tradição, nossa maneira de pensar, nosso d****o de liberdade. Mas você é livre. Robin, um apache é livre quando pode percorrer terras sem cercas, sem casas, sem lojas... Ele sorriu, melancolicamente. Nunca mais poderá ser a mesma coisa. Você seria mais feliz caçando, pescando e caminhando pelas colinas? Não sei. Falo de minha raça como um todo. Nós nos sentimos bem em espaços abertos. Está no sangue. Adam, você é feliz no que faz? ela indagou, cautelosa. Ele pensou por um momento, virando as páginas do livro. Acho que sim. Sou um dos poucos que conseguiram ligar os dois mundos. Creio que não saberia sobreviver na terra, como meus ancestrais. Mas não há solução fácil. O tempo caminha e os apaches terão de caminhar com ele para não desaparecer como raça. Deve ser um desafio Robin concordou. Minutos depois, as velas estavam acesas, a música de fundo em um volume agradável e o jantar servido. Adam ficou pensativo durante a refeição. Robin conseguira fazê-lo falar um pouco das irmãs e de seu tio que vivia na reserva indígena, mas ele sempre mantinha certos limites, como se ela não pudesse compartilhar dos segredos que conservavam seu povo unido. Ficara evidente a distância entre as culturas e Robin se perguntava se haveria alguma chance de duas pessoas tão diferentes um dia ficarem juntas. Ela tentara insistentemente ir além da conversa superficial, sem sucesso. Quanto mais ela sondava, mais Adam parecia estar discursando para uma de suas alunas. Aquele distanciamento a irritava. Por que com outras pessoas ele às vezes se mostrava tão animado? Robin levantou os olhos do prato e surpreendeu Adam examinando-a. Sentiu-se perturbada e com o súbito impulso de falar qualquer coisa que lhe viesse à cabeça, como era seu costume em situações constrangedoras, mas algo nos olhos dele a manteve em silêncio. Consciente da tensão que se instalara, pegou o copo e tomou vários longos goles de vinho, tentando conter o d****o de sondar a vida dele. Afinal, o que esperara conseguir convidando-o para jantar? Olhou para o relógio de parede. Oito e vinte. Com podia ser tão cedo? Os minutos se arrastavam, lentamente. Talvez se ela quebrasse um copo ou batesse na mesa o terrível silêncio tivesse um fim. Foi Adam que, de repente, baixou o garfo e falou. Robin, há algo... Mas ele não terminou a frase e Robin não teve coragem de pressioná-lo. Mais alguns longos momentos se passaram. Sei que não estou sendo uma companhia agradável. Algum problema, Adam? Não. Acho que só estou preocupado com sua segurança. Mas eu estou bem. Se alguém quisesse me machucar, já o teria feito. Você sabe disso. Talvez, mas ainda acho que você está se arriscando. Não estou. Só o fato de estar naquela comissão já é arriscado. Não acredito nisso. Você está sendo teimosa. Talvez. Mas ela reparara numa coisa: para quem não estava com muita fome, Adam comera muito bem. Até elogiara as tortilhas, dizendo que eram melhores que as de sua mãe. Durante a sobremesa, ele a fitava cada vez mais; era como se estivesse pesando alguma coisa em sua mente. Isso fazia com que Robin se agitasse, inquieta, e falasse demais outra vez, tentando aliviar a persistente sensação de desconforto. E, no entanto, a tensão não era totalmente desagradável; trazia um toque excitante de antecipação que lhe arrepiava a pele. Por fim, chegou a hora de tirar a mesa e ir embora. Adam a ajudou. Fizeram várias viagens à cozinha, levando pratos, copos, guardanapos e cesto de pão. Robin derrubou um garfo, inclinou-se para pegá-lo, e Adam fez o mesmo. De repente, seus olhos estavam diretamente nos dele, a poucos centímetros de distância. Por um breve instante, Robin pensou que ele iria beijá-la. Os sinais eram visíveis no olhar, nos lábios entreabertos. Ela conteve a respiração, sentindo-se fraca. Adam segurou-lhe as mãos, mas, em vez de puxá-la para si, ajudou-a a levantar-se. Ah, obrigada ela murmurou, com uma risada nervosa, antes de fugir para a cozinha. Abriu a torneira e tentou relaxar. Sentia-se terrivelmente constrangida. De repente, percebeu a presença de Adam atrás de si, tão próximo que sua respiração lhe tocava os cabelos. Robin fechou os olhos, trêmula, em expectativa. Adam a segurou gentilmente pela cintura e Robin recostou-se no corpo dele. Com a outra mão, ele afastou os cabelos de seu pescoço. Robin sentiu os lábios quentes em sua nuca, subindo lentamente até a orelha. Com a respiração apressada, ela abandonou-se às sensações, desejando apenas que ele a virasse e a deixasse sentir o gosto daquela boca sensual. O tempo pareceu parar, como se também esperasse pela decisão de Adam. Robin ansiava pelo momento em que sentiria os braços dele em torno de seu corpo. E então, de repente, viu-se sem apoio e percebeu que ele havia se afastado. Sua visão foi recuperando o foco e deparou-se com a água correndo da torneira, os pratos sobre a pia, como se nada houvesse acontecido. Com uma profunda sensação de vazio, Robin virou-se e viu Adam parado junto à janela da sala, olhando para a escuridão. Ela encostou-se na pia e sentiu o metal frio pressionado contra o estômago. São quase nove horas. É melhor irmos Adam disse, por fim, impassível e frio. Robin perguntou a si mesma se não estivera sonhando. Como entender aquele homem? No caminho de volta para a biblioteca, ele mostrou-se educado e distante. Foi difícil para Robin seguir ao lado dele calada, mas sabia que, se abrisse a boca, diria muitas coisas de que certamente se arrependeria depois. Ah, vocês chegaram Julien os recebeu. Adam, espero que não tenha se ofendido com a grosseria do sr. Mencimer. De modo algum. Vamos começar? O g***o dirigiu-se à biblioteca e Adam levantou-se para falar. Todos estavam atentos, até mesmo Thad. Alguém aqui conhece o Ato de p******o dos Recursos Arqueológicos? ele começou. Todos mostraram-se ansiosos para comentar, mas Adam controlou a situação com a habilidade de um professor experiente. Robin quase não se mexia, impressionada com a autoridade que ele impunha. E, mesmo contra sua v*****e, ainda sentia o calor dos lábios dele em seu pescoço. Um verdadeiro vaso Socorro em boas condições pode valer até vinte e quatro mil dólares ele prosseguia. Claro, qualquer pessoa com um boa técnica pode pintar um desenho preto sobre branco em uma antiguidade sem pintura, que por si só não teria muito valor. Li, aí temos uma falsificação. Mas a pintura é nova. Não acha que qualquer um poderia perceber? interveio Thad, cruzando os braços sobre o peito com um sorriso desafiador. Não é bem assim. Se o vaso for levado ao fogo por um artesão hábil e envelhecido com os materiais certos, até um especialista teria dificuldade em identificar a falsificação. Deve haver algum teste pronunciou-se Madeline. Claro acrescentou Chuck. Acetona, por exemplo. Não removeria uma pintura antiga autêntica. É verdade Adam concordou. E luz n***a pode ser usada para detectar falsificações, mas sempre é necessário a presença de um especialista. Há um laboratório em Los Álamos que testa um grande número de peças. Mas é um processo demorado e caro. Talvez nós mesmos possamos testar nossas peças sugeriu Thad. Mas o senhor tem o equipamento para testes de termoluminescência? objetou Adam. Bem, não, mas... Acho que Adam tem razão Julien interveio. Realizar nossos próprios testes é pouco prático e dispendioso. Bem, por mim, pretendo manter-me na linha dos cestos e tapetes afirmou Chuck. É mais fácil verificar sua autenticidade. E os lucros são melhores Madeline acrescentou. Um tapete navaho legítimo pode valer até cem mil dólares. Se você conseguir encontrar um Thad retrucou, com ar de desdém. Vamos pedir a algum especialista de museu que venha examinar nossas peças. O problema é que há pouquíssimos especialistas de verdade trabalhando em museus Adam explicou. Talvez um ou dois em todo o Novo México poderia detectar ou testar falsificações. É uma ciência exata. Então, Adam, o que faremos? Robin indagou. Bem, em primeiro lugar eu sugeriria que um folheto fosse impresso e distribuído entre os comerciantes de arte. Nele poderia haver uma lista de órgãos e laboratórios que executam os testes que estivemos discutindo. Eu incluiria também uma r*****o de comerciantes de arte independentes que mereçam confiança absoluta. Os folhetos devem propor além disso medidas mais abrangentes a serem tomadas, como negociar apenas com intermediários autorizados e de confiança, e gastar um pouco com testes para averiguar a autenticidade de peças e legadamente valiosas. Além disso, acho que deveriam aproveitar a ideia de Robin e ajudar os artesãos a organizar sua própria associação. A maioria dos artistas é composta de pessoas honestas, trabalhadoras, com uma reputação a zelar. Os poucos indignos de confiança seriam descobertos e ninguém mais faria negócios com eles. Ah, excelente! aprovou Julien. Adam falou até mais de dez horas. Quando a reunião foi encerrada, Chuck e Julien o retiveram mais um pouco conversando diante do palácio. Robin não participava da discussão. Já dissera tudo que precisava na biblioteca. Ficou em silêncio, observando aquele homem que, pouco antes, havia colocado a mão em sua cintura e beijado sua nunca. Quase podia sentir os lábios mornos roçando-lhe a orelha. Naquele momento, na cozinha, ele a desejara. O que o fizera parar? Adios despediu-se Julien. Até amanhã Chuck disse a Robin, acenando antes de entrar em sua caminhonete verde. Enfim, sós, ela pensou. Bem, foi uma noite longa, mas produtiva comentou. Não acha? Espero que eu tenha ajudado. Ah, claro que sim! Bem, está ficando tarde. Acho que vou... Eu a acompanho até sua casa. Não se preocupe com isso. Eu quero, Robin. Pelo menos vou saber que você entrou em segurança. Os dois seguiram lado a lado, caminhando pelas ruas escuras. Era bom estar na companhia dele. Parecia que a coisa mais natural do mundo seria irem para casa juntos e deixarem as emoções fluírem. Tudo era perfeito. O ar fresco da noite, o som dos passos na rua de paralelepípedos, o aroma antigo e peculiar da cidade, das árvores seculares, da terra. Você vai voltar agora para Chaco Canyon? Robin arriscou. Não, é muito tarde. Ele fez uma pausa e Robin sentiu o coração dar um pulo, com uma súbita esperança. Acho que vou para a fazenda. Ah. Cauteloso, Adam abriu a porta e examinou a casa antes de liberar a entrada. Estavam parados no patamar da escada, muito próximos. Robin sabia que ele partiria a qualquer momento e tinha de fazer alguma coisa para segurá-lo, nem que fosse por mais um minuto. Respirou fundo e tomou coragem. Fique. Fique aqui comigo. Robin sabia que seu rosto estava corado e que seu pedido fora ousado demais, mas não se importava. O rosto dele revelava uma confusão de emoções: surpresa, indecisão, espanto, necessidade. Adam não disse nada, mas Robin m*l teve tempo para pensar antes que as mãos dele a puxassem para si e os lábios a procurassem para um beijo cheio de paixão. A súbita explosão de d****o fez Robin esquecer de tudo. Só tinha consciência da v*****e quase primitiva de possuí-lo e de ser possuída. Abraçou-o com força, pressionando seu corpo inteiro contra o dele. Era como se estivessem na cama, unidos como um único ser. Adam a beijava e deslizava as mãos fortes por seus quadris, a curva dos s***s, os cabelos, fazendo-a estremecer em antecipação pelo que estava por vir. Porém, de repente, sem nenhum motivo lógico, ele a largou e afastou-se. Adam Robin murmurou, atônita Eu tenho de ir, Robin. Desculpe... Desculpe... E então ele partiu, em silêncio, rapidamente, engolido pelas sombras da noite.
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